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As sementes de milho e soja resistentes a insetos estão evitando, nesta temporada, que o consumo de agrotóxicos tenha salto ainda maior que o registrado nos últimos anos no Brasil, mostram dados do setor. A tecnologia suprime as principais pragas e reduz o uso de venenos. Os ganhos ambientais estão se tornando argumento chave, depois de mais de uma década de questionamentos sobre os riscos dos grãos geneticamente modificados.

O volume de agrotóxicos utilizado no país vinha crescendo 4% ao ano desde 2010 e alcançou 825 mil toneladas em 2012, conforme a indústria. No ano passado, a produção brasileira de agrotóxico (que cobre 2/3 do consumo) cresceu 3,9%, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As importações, no entanto, estão crescendo a taxas de 10% ao ano, de acordo com o governo federal. Pesquisadores de instituições como a Universidade Federal de Mato Grosso endossam projeções de organizações ambientais que apontam consumo próximo de 1 milhão de toneladas em 2013.

Com a resistência a insetos, a participação das sementes transgênicas chegou a 92% na soja, a 90% no milho e a 47% no algodão no Brasil, aponta o Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações em Agro­­biotecnologia (ISAAA, na sigla em inglês). Ainda não vem sendo divulgada qual a participação dessa tecnologia dentro da área de transgênicos.

A tecnologia Bt vem sendo associada a outras mais antigas, que oferecem tolerância a produtos como o glifosato. Ou seja, reduz o uso de inseticidas, mas não necessariamente o de herbicidas ou fungicidas. Segundo o ISAAA, entre 1996 e 2012, os transgênicos resistentes a insetos e tolerantes a herbicidas evitaram o uso de 497 mil toneladas de agrotóxicos.

Maior consumidor, o Brasil representa um mercado próximo de US$ 8 bilhões para as indústrias de defensivos – cerca de 20% do mercado global. O setor informa que o forte crescimento do consumo brasileiro tem seguido a ampliação da área plantada. O índice de expansão, para ambos os casos, considerando dados do Sindicato Nacional das Indústrias (Sindag) e do IBGE, foi de 14% no período de cinco anos entre 2007 e 2012.

Indefinição

Em 2013, o setor produtivo assume ter elevado mais o consumo de agrotóxicos do que o plantio. A área da soja e do milho de verão soma 36,4 milhões de hectares, 3,4% a mais do que no ano anterior, estima a Expedição Safra Gazeta do Povo. Porém, com o temor de ataques severos da lagarta Helicoverpa armigera, os produtores compraram até o dobro de defensivos.

Depois da onda da ferrugem asiática, que fez crescer o uso de fungicida na década passada, a nova praga eleva o consumo de inseticidas. Do Maranhão ao Rio Grande do Sul, houve pelo menos uma pulverização extra contra a lagarta. Isso indica aumento acima de 20% nas aplicações desse produto. Nem todo o volume vendido foi aplicado, e metade das lavouras ainda não foi colhida, o que impede uma avaliação precisa do crescimento do consumo.

40 milhões de hectares de soja, milho e algodão usam sementes geneticamente modificadas no Brasil em 2013/14, conforme o ISAAA. O país é o segundo que mais adota a transgenia, atrás dos Estados Unidos (70 milhões) e à frente da Argentina (24 milhões).

825 mil toneladas de agrotóxicos foram usados pelo Brasil em 2012. Projeções sobre 2013 apontam para cerca de 1 milhão, apesar da indústria nacional (que abastece 2/3 do mercado) ter registrado crescimento bem menor, de 3,9%, conforme o IBGE.

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