• Carregando...

Na safra 2006/07, as culturas de soja e milho primeira safra devem ocupar uma área de 5,22 milhões de hectares no Paraná. O reflexo da crise de renda no setor é a redução de 150 mil hectares na área global ocupada com soja e milho em relação ao último plantio, que atingiu 5,37 milhões de hectares.

Apesar da área menor – cerca de 2,9% –, em condições normais de desenvolvimento das lavouras, as duas culturas têm potencial para atingir 18 milhões de toneladas, um crescimento de 5,5% ou 1 milhão toneladas sobre a safra anterior. O indicativo de produção toma por base uma produtividade média/histórica de 2.800 quilos de soja e 5.500 quilos de milho por hectare.

A estimativa é do projeto Rumos da Safra, desenvolvido pela Rede Paranaense de Comunicação (RPC), através do Caminhos do Campo, suplemento de agronegócio da Gazeta do Povo. O trabalho, que consiste no acompanhamento da safra e conta com o apoio técnico da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) e Organização das Cooperativas (Ocepar), sinaliza para uma redução da área de milho (-14,45%) e um aumento no cultivo da soja (1,80%). Isso significa que o produtor decidiu pisar no freio e partir para culturas de menor risco ou então que ofereçam melhor rentabilidade.

A área liberada pelo milho não deixará, necessariamente, de ser cultivada. Parte dela – cerca de 110 mil hectares – será incorporada pelas culturas de cana-de-açúcar, mais ao Norte e Noroeste, feijão, no Sudoeste e Centro-Sul, e pastagens. Somente a cana, conforme o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria Estadual de Agricultura (Seab), deve saltar de 432,9 mil para 509,1 mil hectares (17,6%). A área de feijão das águas deve aumentar 9% – de 359,3 mil hectares para 391,64 mil hectares. Para fechar a conta, restam 40 mil hectares, que estão em áreas marginais, de baixo potencial produtivo, ou então eram terras arrendadas e que não serão cultivadas.

A expressiva redução na cultura do milho, de 1,48 para 1,26 milhão de hectares, está relacionada ao custo de produção da gramínea – desembolso com insumos e operação de máquinas –, entre R$ 1.000 e R$ 1.300 por hectare, de acordo com o grau de tecnologia empregado. Descapitalizado, o produtor prefere investir na soja, que tem um orçamento menor, de R$ 600 a R$ 800 por hectare, ou então partir para atividades que, neste momento, oferecem melhor rentabilidade, como a cana e o feijão. Além disso, o milho é uma cultura de maior risco climático, diferente da soja, leguminosa de maior tolerância às variações climáticas.

A sondagem do Rumos da Safra aponta apenas uma tendência de plantio. Robson Mafioletti, analista técnico-econômico da Ocepar, lembra que, "ao longo da época de plantio, que se intensifica na segunda quinzena de outubro e prossegue até o início de dezembro, os números podem sofrer variações, positivas ou negativas". Os dados apresentados traduzem a expectativa de um período em que as lavouras somente começaram a ser implantadas.

Por outro lado, são tendências que sugerem um grau de confiabilidade altamente representativo. Foram aplicados questionários e ouvidos produtores, lideranças do agronegócio, sindicatos e cooperativas que representam 55% da área cultivada com milho e soja no estado. As duas culturas somam quase 90% da produção agrícola do Paraná, que responde por 20% do volume de grãos produzido no país.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]