Pesquisa faz ligação entre campo e moinho

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A qualidade do trigo não depende só do clima, mas também das sementes plantadas em cada região. A busca de novas variedades tem sido decisiva para que o Brasil reduza sua dependência das importações. Segundo o gerente da Biotrigo para a região que vai do Distrito Federal ao Paraná, Fernando Michel Wagner, vem sendo colocada em prática conexão da pesquisa com o campo e a indústria.

Em que medida o avanço das sementes melhora a qualidade do trigo?

O avanço dos programas de melhoramento genético tem buscado um equilíbrio entre a demanda do triticultor e a da indústria. (...) Já não lançamos nenhuma cultivar antes de tê-la testado em diversos moinhos. A qualidade avançou (...), mas o maior avanço está no alinhamento entre as partes, trabalhando em uma mesma direção e quebrando definitivamente o rótulo de que o trigo nacional não tem qualidade industrial.

O trigo melhorador tende a ser reduzido continuamente? Qual o limite da tendência de plantio de trigo pão na Região Sul?

Não penso que o trigo melhorador tenha de ser reduzido. Esta característica é importante dentro da indústria. O que temos é de considerar que o mercado de panificação responde por 60% da demanda nacional, sendo que o melhorador foi criado para elevar a Força de Glúten (W) de trigos com força menor através de uma mescla, assim como os de farinha branqueadora melhoram a cor.

Com as chuvas, muito trigo gaúcho foi exportado no último ano. Como será nesta safra?

O Rio Grande do Sul teve uma evolução muito grande, especialmente a partir de 2009, quando passou a produzir mais de 90% de trigos aptos à panificação. É fato que o clima desta região oferece maiores desafios, mas as médias têm aumentado. O mercado de exportação tem oferecido uma rota alternativa para o trigo gaúcho, exigindo alguns pontos que internamente não ganham foco, como o percentual mínimo de proteína de 12,5%. Acredito que esta relação deve amadurecer e ganhar espaço, valorizando o trigo de lá.