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Há 30 anos, produtores da Região Sul do país começavam a chegar no Mato Grosso. A produção de soja praticamente não existia. A primeira atividade econômica dos colonizadores era a madeira. Dez anos depois, as primeiras áreas abertas já propiciavam a exploração comercial das lavouras de grãos. Na safra 1987/88, o estado já produzia 2,7 milhões de toneladas de soja, a metade da produção paranaense. Em 1998, a colheita foi de 7 milhões (t) e já encostava no Paraná, que colhia 7,7 milhões (t). Na safra atual, o Mato Grosso confirma a liderança, com quase 16 milhões (t) – o Paraná colheu 11,91 milhões (t).

Em três décadas, os números revelam que a produção mato-grossense cresceu quase 600%. A capacidade de armazenagem também aumentou e hoje comporta 16 milhões de toneladas. O que não mudou muito foi a infra-estrutura de escoamento da produção. No caso da soja, são poucas as alternativas, seja de caminhão, trem ou barco. O resultado dessa equação se revela no chamado custo logístico, com reflexo direto no bolso do agricultor, que recebe menos pelo seu produto, de maneira proporcional à distância dos portos exportadores de grãos.

Na viagem que a equipe do Rumos da Safra/Gazeta do Povo fez ao Centro-Oeste, em março, o que chamou a atenção foi justamente isso, o caminho da produção. Numa estimativa extra-oficial, calcula-se que 95% dos agricultores do Mato Grosso são de estados do Sul, com destaque para o Rio Grande do Sul e Paraná. Ou seja, os produtores foram, mas a ligação com o Sul ainda é muito forte. Através de terceiros, ou não, para chegar aos portos do Sul e Sudeste a produção faz o caminho de volta, inverso àquele feito pelos produtores.

O problema, no entanto, é o custo dessa aventura. Imagine uma viagem de carro, ou de ônibus, num percurso superior a 2 mil quilômetros. Agora imagine essa mesma viagem, só que de caminhão. Não deve ser fácil, muito menos barato, mas não tem outro jeito. Para ser exportada, a produção de grãos do Mato Grosso – maior fronteira agrícola do país – precisa chegar ao mar.

Robson Mafioletti, analista técnico-econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), explica que a localização do estado e a baixa industrialização aumentam os custos de produção e rebaixam os preços de produtos como soja, milho e algodão, que são menores se comparados aos do Paraná. O principal gargalo, destaca Mafioletti, que acompanhou o Rumos da Safra na incursão pelo Mato Grosso, está na questão logística, "sem contar o estado precário dos poucos corredores utilizados para o escoamento da produção, como a BR-163."

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