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De Norte ao Sul do país, o preço alto da soja e a boa cotação do dólar deram suporte à decisão dos produtores de comercializar an­­­te­cipadamente uma maior parte da produção de verão em relação ao ano passado. De acordo com especialistas, quem optou pela forma de negócio fez a escolha correta e vai ganhar mais com a safra 2011/12. "Nesse ano o pessoal soube aproveitar melhor o dólar. Quem vendeu pelo menos um terço da produção aos melhores preços, recorde de Chicago e do dólar, fez o negócio do ano", apontou o analista do mercado de soja da consultoria Safras e Mercado, Adriano Machado.

No Rio Grande do Sul, houve produtores gaúchos que apostaram alto. Ivan José Mecca, que planta 200 hectares de soja em Sertão, comprometeu nada me­­­­nos que 70% da produção esperada. Ele não resistiu às cotações de R$ 50 e R$ 51/sc, que duraram poucos dias mas garantiram margem de lucro de pelo menos 30% da renda bruta. "Estou investindo R$ 200 a mais por hectare (R$ 950) e espero uma das melhores colheitas", acrescenta.

Os contratos começaram a ser firmados a partir do momento em que os preços atingiram R$ 47 por saca, mas houve picos de R$ 50, relata o diretor de Produção Vegetal da cooperativa Cotrijal, de Não-me-Toque (RS), Gelson Melo de Lima. "Quem vendeu antecipado fez muito bom negócio. Os contratos de troca de produto por insumo permitiram inclusive redução de custo", avalia. O agricultor que comprometia 14 sacas de soja por hectare, por exemplo, agora está vendendo 16 sacas antecipadamente na compra de insumos.

No Paraná, o produtor Leucir Brocco, de Pato Branco, no Sudoeste do estado, relata ter vendido 35% da produção de soja antecipadamente por cotações de R$ 46 a saca. Nesta mesma época do ano passado, ainda não tinha começado a comercializar a produção. O que mudou, segundo ele, não foram apenas as cotações. "Em 2010, as oportunidades de negócios concretos surgiram mais tarde". Entretanto, a média que ele alcançou na safra passada está bem próxima do preço atual: R$ 44 por saca.

Lucro baiano

Em Formosa do Rio Preto, oeste da Bahia, o produtor Luiz Pra­­della comercializou de forma antecipada 45% da safra de soja. No ano passado, o montante tinha sido de 30% da produção. Pradella negociou por R$ 46 a saca, sendo que o pagamento vai ocorrer no dia 30 de maio de 2012. Se a soja fosse vendida ho­­­je, no máximo, conseguiria R$ 42 por saca.

"Eu estou tranquilo quanto a negociação, pois nunca tínhamos vendido tanto antes, e também porque nem iniciamos o plantio ainda e não te­­­­mos histórico de vendas antecipadas", explica o produtor baiano.

Oportunidade perdida

Apesar do crescimento da vendas antecipadas e da afirmação dos especialistas de que foi um ótimo negócio, há também agricultores que viram a oportunidade passar. Em Santa Catarina, diante de tantos produtores satisfeitos com as vendas iniciais, Evandro e Ever­­­son Guerra, que plantam cerca de 1 mil hectares de soja em Abe­­­lardo Luz, Oeste do estado, e vendem a produção para se­­­mente, lamentam a perda de oportunidade. "Tenho a impressão de que o cavalo encilhado passou e nós não montamos nele", relata Everson. Eles estão pressionando as sementeiras a abrir a possibilidade de fixação de preço na época do plantio da próxima safra. "Ainda não vendemos nada porque não tínhamos essa opção", complementa.

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