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O Brasil prova nesta safra que tem muito a se desenvolver em relação à produção de milho. Bastou o mercado sustentar preços elevados – próximos de R$ 22 por saca de 60 quilos no Paraná – para que a produção anual aumentasse 30%. A expansão é sustentada pelo aumento de área, é verdade, que foi de 10,7% no verão e de 25% no ciclo de inverno. Se não tivesse ocorrido falta de chuva no Sul de dezembro a fevereiro, o volume colhido seria ainda maior, com produtividade crescente e inclusive risco de excesso de oferta. O desafio é seguir em expansão e competir no mercado internacional, dominado pelos Estados Unidos e pela Argentina.

Os números, apurados pelo Núcleo de Agronegócio da Gazeta do Povo, principalmente durante a Expedição Safra 2011/12 – que percorreu 12 estados uma vez no plantio e outra na colheita –, retratam o diferencial desta temporada. A antecipação da produção de soja acentuou a quebra climática mas, por outro lado, permitiu aumento no cultivo do milho na segunda safra, cujo plantio está sendo encerrado agora. Estados como o Paraná colhem mais milho do que a soja, historicamente o principal produto da agricultura.

As regiões do Brasil que, por suas condições agroclimáticas, podem cultivar duas safra de milho ao ano, comprovam vocação para o cereal, mesmo com rendimento de 6 toneladas por hectare no verão e de 4 t/ha no inverno. Ainda estamos longe de alcançar os Estados Unidos, onde os produtores alcançam média de 10 t/ha num único ciclo, como ocorreu em 2009/10. Não à toa, colhem até 330 milhões de toneladas do cereal ao ano – volume que representa o dobro do volume total da safra brasileira de grãos.

A questão é que os EUA dominam 45% do mercado internacional. Com alto consumo interno, deixam 55% livres. A Argentina, apesar de colher um terço do que o Brasil produz, detém 15 pontos. Nós tempos apenas 10%. Somos iniciantes no setor. As exportações brasileiras de milho começaram a fluir há apenas uma década.

Com produção mais especializada, o Brasil pode ir além desses 10 pontos. Sem avanço no mercado internacional, o aumento contínuo da produção interna representa até um risco. É essencial abrir espaço lá fora para que dramas como o registrado duas safras atrás, quando a saca de milho era vendida a menos de R$ 10 por saca em Mato Grosso, se repitam.

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