Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
GazzSummit

Agro 6.0: campo investe em conectividade para reduzir desperdício e aumentar eficiência 

Agronegócio investe em conectividade para reduzir desperdício e aumentar eficiência 
Conectividade, práticas sustentáveis e regenerativas otimizam processos e reduzem desperdícios no agronegócio. (Foto: Michel Willian/Gazeta do Povo/Arquivo)

Ouça este conteúdo

Tecnologias como redes de sensores, automatização e gerenciamento remoto já não são novidade para o agronegócio. Mas ainda é preciso universalizar sistemas como esses e ampliar a conectividade de pequenos e médios produtores, além de integrar de toda a cadeia produtiva, do campo ao consumidor final, avaliam especialistas. 

Nesse contexto, o desenvolvimento de novas soluções digitais soma-se à adoção de biotecnologia, práticas sustentáveis e regenerativas no que vem sendo chamado de Agro 6.0. A tendência vem se tornando cada vez mais o foco de instituições públicas e privadas, que investem na otimização de processos e redução de desperdícios para aumentar a produtividade. 

O assunto foi a pauta central do evento GazzSummit Agro & Foodtechs, realizado nos dias 26 e 27 em Curitiba sob organização do GazzConnecta, plataforma de inovação e empreendedorismo do Grupo Paranaense de Comunicação (GRPCOM). 

Conhecida principalmente por sua atuação em proteção agrícola e sementes, a Syngenta foi uma das empresas a levar para o evento seu case de soluções digitais, que inclui uma plataforma com diversos produtos voltados a produtores de todos os portes. 

Rafael Malacco, gerente de novos negócios da Syngenta Digital Brasil, apresentou aplicações práticas de tecnologias que incluem ferramentas para auxiliar no controle de pragas a partir de processamento digital de imagens e no monitoramento remoto das lavouras com insights apresentados com mapas e gráficos, contribuindo para maior eficiência no setor. 

VEJA TAMBÉM:

A Cibra Fertilizantes, por sua vez, apresentou uma rede social própria, que conta com auxílio de inteligência artificial, o Jarilo. Embora a iniciativa esteja fora do escopo de atuação central da companhia, a decisão por investir em uma equipe própria de desenvolvimento da plataforma surgiu de uma cultura de inovação que vem sendo fomentada internamente. 

“Não enxergamos mais uma maneira tradicional de se fazer negócios”, diz Santiago Franco, presidente da Cibra. “Precisamos realmente estar todos conectados.” 

A mesma cultura faz parte de multinacionais como a CNH e a Basf, que oferecem cada vez mais soluções voltadas à otimização da produção para agricultores de todos os portes. 

Parcerias da Basf com startups permitem que pequenos empreendedores tenham a acesso ao mercado para o desenvolvimento e testes de novos negócios em campo, tanto com clientes, como em laboratórios, fazendas e estações experimentais. 

O investimento em novas soluções abrange todas as áreas de atuação da empresa, desde a produção de sementes até o desenvolvimento de plataformas digitais. “Entendemos que um dos maiores desafios das startups é testar o produto no campo”, explicou Mirella Lisboa, gerente de inovação aberta da empresa para a América Latina.

"Não acreditamos que o agro evolua sem conectividade"

O mesmo modelo é adotado pela CNH, que trabalha em parceria com instituições acadêmicas, como a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e a Universidade Federal do Paraná (UFPR).

“Estamos deixando de vender máquinas para vender soluções agrícolas”, diz Paulo Máximo, diretor de serviços comerciais e planejamento de operações da CNH para a América Latina.

As novidades mais recentes do grupo vão de uma nova geração de veículos movidos a etanol a drones de pulverização de agroinsumos com conexão via satélite. “Não acreditamos que o agro evolua sem conectividade”, afirma Máximo.  

Junto com outras empresas do setor, a fabricante integra a Associação ConectarAGRO, que fomenta e viabiliza o acesso à internet móvel 4G no campo. Segundo a entidade, hoje apenas 23,8% da área disponível para uso agrícola no Brasil tem cobertura de dados móveis de alta velocidade, com maior concentração no Sul e Sudeste.

VEJA TAMBÉM:

Ainda durante o GazzSumit, o secretário de Inovação, Modernização e Transformação Digital do Paraná, Alex Canziani, afirmou que em breve o Paraná deve se tornar o primeiro estado do Brasil com 100% de cobertura de internet e telefonia móvel, a partir de um trabalho que vem sendo desenvolvido pelo governo do estado em parceria com operadoras e provedores de internet. 

“Não faz mais sentido falar em urbano e rural”, resumiu José Roberto Ricken, presidente do sistema Ocepar. “Não é mais possível diferenciar o que é campo e o que é cidade em Cascavel, em Londrina, em Maringá ou em Curitiba, por exemplo”, disse. 

O desenvolvimento tecnológico do agronegócio brasileiro passa também por uma mudança de perfil da produção, que deixa de ser baseado na produção primária a partir de uma tendência de industrialização. 

“Temos que ver a indústria da transformação não mais como uma opção, mas como uma condição do agronegócio”, disse Giovani Ferreira, líder da filial sul do Canal Rural. Ele destacou que, no Paraná, dos R$ 200 bilhões de faturamento anual das cooperativas, 46% vieram da agroindústria. 

VEJA TAMBÉM:

Use este espaço apenas para a comunicação de erros