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O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, literalmente foi à fazenda na semana passada. Ele participou da TecnoShow Comigo, feira de agronegócio realizada em Rio Verde, Goiás. A presença de Levy foi uma grande surpresa. Não que ele não seja bem-vindo. Ao contrário. O campo sempre quis se aproximar desse ministério, ter interlocutores além do Ministério da Agricultura (Mapa). Entretanto, isso nunca foi muito comum. Alguém se lembra, por exemplo, da presença de um ministro da Fazenda em algum evento agrícola ou pecuário? Eu não. E se alguém tem essa informação, por favor, me diga. Embora acho que isso não tenha ocorrido. Pelo menos não nos últimos dez anos. Mas o que ele foi fazer na TecnoShow? Muitas coisas e ao mesmo tempo nada. Ele não tinha nenhuma agenda ou despacho prático e indispensável àquele momento. Levy foi reforçar o recado antecipado em outras ocasiões pela ministra Kátia Abreu, do aumento dos juros agrícolas para o ciclo 2015/16. Devemos acreditar, no entanto, que a participação de Levy teve um significado mais relevante. Que de uma maneira simbólica sua presença levou uma mensagem política, embora cifrada, de que o agronegócio agora é pauta econômica do país e do governo federal. Isso não significa que o Ministério da Fazenda vai segurar a taxa de juros ao produtor rural. Até porque se trata de uma conjuntura nacional, onde o campo também precisa dar sua contribuição. E depois, vamos combinar que ele não tem que ir ao encontro dos produtores para dizer isso. Ele foi mesmo é para falar, nas entrelinhas, que o campo agora é parte importante e fundamental da economia brasileira. Finalmente!

Agenda positiva...Mas não foi somente em Rio Verde que os ministros deram o ar da graça na semana passada. Além dos leilões, agendas técnicas e do entretenimento, um dos destaques da ExpoLondrina 2015, encerrada ontem, foi o número de representantes do primeiro escalão na feira. O primeiro a pisar na terra vermelha do Norte do Paraná foi o ministro da Pesca e Aquicultura, Helder Barbalho. Sua presença mostra que, apesar da predominância da pecuária e dos grãos, a exposição está a cada vez mais diversificada.

...mas nem tantoDepois, em um único dia, isso na última sexta-feira, foi a vez das ministras do Meio Ambiente Isabela Teixeira e da Agricultura Kátia Abreu. Apesar do reconhecimento político que elas trazem à ExpoLondrina, nenhuma das duas foi portadora de boas novas. Kátia Abreu repetiu que não irão faltar recursos ao financiamento da próxima safra, mas que os juros agrícolas vão aumentar. Já sua colega do Meio Ambiente mandou um recado nada amigável aos produtores rurais. Ao contrário do que reivindica e espera o setor produtivo, ela disse que o governo não vai prorrogar o prazo para a realização do Cadastro Ambiental Rural (CAR).Isabella Teixeira deu um banho de água fria nos produtores que esperam pela prorrogação do CAR. Porém, mesmo afirmando que não haverá adiamento, a própria ministra sabe que o governo terá de ceder. Estamos a pouco mais de duas semanas da data final e no Paraná, por exemplo, nem 20% dos imóveis rurais foram cadastrados. A ministra pressionou e marcou posição. Mas será humanamente impossível cumprir o prazo e não haverá outra saída que não seja prorrogar. E como o governo não quer e nem está podendo se indispor com ninguém, o CAR será prorrogado.

Conveniência

No caso da agricultura a ministra se esforça para manter o discurso de conveniência. Que não é a mesma conveniência de quando ela era senadora, da bancada ruralista do Congresso Nacional, ou então presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Ela agora defende os interesses do governo. O que não significa deixar de atender os interesses do campo. Contudo, nas atuais circunstâncias não dá para esquecer que ela é, a priori, representante do Executivo.A ministra não precisa e nem deve se preocupar em manter as aparências. O que ela precisa é de habilidade para conciliar os papéis, de uma emissária do governo que ao mesmo tempo é solidária e cúmplice do agronegócio. O que não é ruim. Essa relação já foi e poderia ser pior, a exemplo de ministros que pouco tinham ou então não tinham nada a ver com o segmento. Eram mais políticos que técnicos. Ou nem um nem outro.Kátia Abreu nunca negou seu viés político, condição que a levou ao Mapa. O cuidado agora é que essa opção possa ser conciliada e colocada a serviço de outra variável, e também credencial na sua ascensão ao ministério, que é a de representante do setor produtivo.De qualquer forma, da ExpoLondrina à Comigo, no momento delicado pelo qual passam a política e a economia brasileira, o agronegócio e as feiras agropecuárias se tornam pauta positiva, de Norte a Sul do país. E uma pauta que responde à altura. A expectativa é que mais de meio milhão de pessoas tenham passado pela 55.ª edição da feira, organizada pelo da Sociedade Rural do Paraná (SRP).

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