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O alto desempenho das exportações brasileiras não conseguiu segurar a queda no Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária em 2012. O resultado do campo, que contribui sobremaneira na composição do indicador de todas as riquezas geradas pelo país, não seguiu o mesmo caminho dos embarques.

As vendas internacionais de soja e milho, por exemplo, bateram recordes absolutos. A realidade dentro da porteira, no entanto, foi outra. O grande responsável foi o clima, com seca ou chuva em excesso em fases cruciais ao desenvolvimento das lavouras. O resultado foi produção menor ou área menor de culturas ou atividades que têm relevância decisiva na definição desses números. A produção de trigo, por exemplo, item essencial da cesta básica, recuou mais de 20% no ano passado.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB agropecuário recuou 2,3%, puxando para baixo o do agronegócio, que caiu 1,89%. O número negativo afeta renda, que afeta investimento e consumo, com impacto decisivo no PIB, seja ele dentro ou fora da porteira. Salários e custos de produção maiores também colaboraram no desequilíbrio. Sem falar das despesas extras na produção de carnes, ocasionadas pela alta no preço dos grãos, que comprometeram a rentabilidade da avicultura. Mais do que isso, fizeram com que a atividade encolhesse. Esse, aliás, é outro grande dilema. As mesmas cotações em alta dos grãos, que aumentam o custo de produção da carne, foram fundamentais para que o PIB não terminasse ainda menor em 2012.

O que é importante destacar e separar são os diferentes motivos do modesto PIB do Brasil e da agropecuária ou então do agronegócio. De uma maneira bastante simples, a situação vivida pelo país é reflexo da política econômica e fiscal do governo federal, que se soma aos efeitos tardios da crise econômica internacional, que começou pelos Estados Unidos em 2007, contaminou a Europa e provocou impactos diretos e indiretos em todo o mundo. Já sobre a condição do campo, o problema não está relacionado necessariamente à crise econômica, mas está centrado na oferta e demanda. Fundamentos, aliás, que foram positivos para o Brasil, pelo menos na relação com os grãos. O mercado para a produção brasileira não encolheu. Ao contrário, com raras exceções, ele só aumentou. A dificuldade foi produzir, não apenas com clima ideal, mas com custos compatíveis à rentabilidade.

Mas 2013 tem tudo para ser um ano diferente. Não que 2012 tenha sido um ano ruim. Porque não foi. Com potencial para produzir 185 milhões de toneladas de grãos, mercado aquecido e preços em níveis satisfatórios, a agropecuária ou o agronegócio podem, sem dúvida, resgatar sua importância na composição do PIB nacional. Não há dúvidas de que, mesmo negativo, o número da agropecuária ajudou a salvar o indicador de um resultado ainda pior, uma vez que o setor acaba tendo reflexos em outros segmentos analisados, como consumo e serviços. Quando for positivo, então, na virada prevista para 2013, o benefício deve ser multiplicador na definição do PIB no Brasil. Podemos afirmar, inclusive, que o PIB agro já está em processo de recuperação.

Notas

Fila na baía

Com pouco mais de 70 navios na fila para carregar grãos e derivados, o Porto de Paranaguá consegue, pelo menos por enquanto, garantir o fluxo de escoamento da safra de verão sem maiores entraves. Isso não significa que a situação seja das melhores e que o terminal esteja garantindo a eficiência necessária. Mas já é um avanço. Afinal, no auge do ano passado, a frota no compasso de espera para atracar passou de 150 navios. Na última sexta-feira eram 74 embarcações, das quais 12 em processo de carregamento e o restante ao largo. São navios que vieram buscar soja, milho, açúcar e farelo ou então para descarregar fertilizantes.

Safra por vir

A autoridade portuária promoveu melhorias na tentativa de disciplinar e agilizar embarque e desembarque. Além das obras de dragagem, houve mudanças nas vias de acesso e a operação noturna no carregamento dos porões. Parece estar dando resultado. Mas a preocupação ainda persiste e a prova de fogo ainda não foi vencida. Isso porque, neste momento, pouco mais de um terço da safra paranaense foi colhida. O porcentual está abaixo do registrado no mesmo período do ano passado. Em Mato Grosso, que escoa parte de sua produção por aqui, também está com a colheita atrasada em mais de oito pontos porcentuais.

Navios versus caminhões

De modo geral, o tráfego flui bem na BR-277, entre Curitiba e Paranaguá. Na semana passada, formaram-se pequenos congestionamentos de caminhões logo nos primeiros quilômetros da rodovia, no trecho de acesso ao pátio de triagem do porto. Pequenos sinais que podem virar grandes problemas? Esperamos que não. Que tanto o porto quanto os exportadores façam a sua parte, nas duas pontas, para evitar as filas. Contudo, a depender do ritmo de avanço da colheita, a safra infelizmente não espera, assim como comprador também não espera. Então, melhor manter situação de alerta, monitorar e torcer para que a frota de navios na fila não passe de 100, número crítico que passa a refletir na estrada e aumentar a pressão sobre as filas de caminhões na BR-277.

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