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Tradicional alicerce da balança comercial do Brasil, o agronegócio exportou 3,2% a menos em 2014. Com recuo equivalente a US$ 3,22 bilhões, o setor faturou US$ 96,75 bilhões de janeiro a dezembro – e registrou superávit de US$ 80,13 bilhões (exportações menos importações). Mas o saldo positivo não foi suficiente para garantir superávit ao país, como ocorria desde o início da década passada. O resultado final foi um déficit de US$ 3,93 bilhões, considerando todos os setores.

O quadro não significa, no entanto, que o agronegócio como um todo está em crise. Não deu para garantir novo superávit, mas foi por pouco.

O país vem registrando aumento consecutivo no volume e no valor da soja exportada. Desta vez, o incremento foi pequeno. A soja em grãos rendeu US$ 23,27 bilhões, só 2% a mais que os US$ 22,81 bilhões de 2013. O complexo soja (que inclui óleo e farelo) avançou 1,4%, para US$ 31,40 bilhões, aponta o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que divulgou o balanço das exportações do setor sexta-feira.

Num ano de forte pressão sobre as cotações globais da oleaginosa, o incremento foi pequeno demais para anular outras baixas. O próprio setor teve de contar com o resultado positivo das carnes para não se sair pior no saldo de 2014. As vendas externas de suínos, bovinos e aves somaram US$ 17,43 bilhões, 3,7% a mais que em 2013. Um índice que trouxe alívio para a agropecuária, principalmente para os produtores que atuam tanto com lavouras quanto com pastagens.

Mesmo assim, acostumado em ver o agronegócio como um tiro de canhão infalível, o país ficou decepcionado com os resultados do setor. E uma série de suposições surge automaticamente diante dos números. Se não fosse a queda nas exportações de soja do Paraná – segundo maior produtor nacional –, o quadro seria diferente. Foram cerca de US$ 630 milhões de recuou (ou 15%) na receita das vendas externas do estado (leia reportagem completa sobre as exportações paranaenses na primeira página de Economia).

Outra suposição mais determinante ainda: se não fosse o recuo no resultado das vendas externas do milho, do açúcar e do etanol, o próprio país teria saldo positivo na balança comercial. Os três produtos tiveram resultado US$ 5,7 bilhões menor, ou seja, valor acima do déficit nacional de US$ 3,93 bilhões.

Essas suposições ajudam a apontar qual será o resultado de 2015. O Paraná tem sim a chance de exportar mais soja. Afinal, no ano passado perdeu cerca de 2 milhões de toneladas do grão por falta de chuva. Agora, com previsão de crescimento (ou recuperação) de 14% em volume, está colhendo mais de 17 milhões de toneladas. Confirmada essa projeção, aferida pela Expedição Safra Gazeta do Povo, o estado espera faturar tanto ou mais que em 2014.

O próprio país vive quadro semelhante. Tem potencial para 96 milhões de toneladas ou 9 milhões a mais que na última temporada, o que abre a chance de as exportações passarem de 45,7 milhões para 49,6 milhões (t), conforme a Companhia Nacional de Abastecimento. São 3,9 milhões (t) ou 8,5% a mais. Assim, será necessária queda nos cotações maior que esse índice para que haja recuo na renda das vendas externas da oleaginosa.

A cana e o milho não podem contar com tamanha expansão. Terceiro grupo que mais exportou (atrás de grãos e carnes), o complexo sucroalcooleiro arrecadou US$ 10,37 bilhões com exportações (-24,4% ante 2013) e atravessa crise com queda nos preços do petróleo e baixa renovação dos canaviais. As exportações do cereal tendem a se limitar aos 20 milhões de toneladas, devido à grande oferta internacional após uma colheita gigante nos Estados Unidos.

A expectativa do país é faturar mais com carnes. A pecuária pode elevar o índice do agronegócio e fortalecer o suporte que o setor representa para a balança comercial do país. As carnes renderam US$ 17,43 bilhões (+3,7%) e podem crescer ainda mais.

Apesar do arrefecimento, o quadro é de expansão nos dois principais itens da pauta de exportação do agronegócio: o complexo soja e as carnes. Mas será necessária também recuperação em outros segmentos para que o setor tenha avanço expressivo e possa ampliar sua contribuição para um saldo positivo na balança comercial do país.

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