Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Agroleite

Preços baixos desafiam setor produtivo

No leite ou na lavoura, tendência de queda no rendimento acaba se tornando impulso por busca de tecnologia, mostram discussões da feira da Castrolanda

Discussões técnicas começaram ontem e seguem até sexta-feira | Fotos: Josua© Teixeira/gazeta Doa€‰povo
Discussões técnicas começaram ontem e seguem até sexta-feira (Foto: Fotos: Josua© Teixeira/gazeta Doa€‰povo)

Os agricultores e pecuaristas de uma das regiões mais produtivas de grãos e leite do Brasil preveem aperto nas margens de lucro das duas atividades em 2014. O cenário é desenhado durante a 14.ª da Agroleite, principal feira da cadeira leiteira do estado, que começou ontem em Castro (Campos Gerais) e segue até sexta-feira (8).

Hoje parte da programação será direcionada às tendências para os mercados de soja e milho, com a apresentação de cases dos campeões em produtividade no campo. Os líderes em produtividade mostram que é possível até dobrar o resultado por hectare.

A pressão sobre os preços responde a uma sequência de aumentos na produção, seja no Brasil ou no exterior. Na agricultura, a perspectiva é de uma oferta global histórica de soja nos Estados Unidos que pesa contra os resultados dos brasileiros, a um mês do plantio de verão. A pecuária de leite também enxerga desvalorização do alimento com o aumento da produção local – que ganha escala com tecnologia cada vez mais avançada. Nos últimos cinco anos, o Paraná se destacou com a maior evolução na coleta de leite: 40%.

Os criadores de animais e agricultores esperam aumento ou manutenção do consumo. No caso dos grãos, a expectativa está sustentada na instalação de novas indústrias de trigo e milho nos Campos Gerais.

“O novo moinho das cooperativas [Batavo, Castrolanda e Capal] ainda não começou a comprar porque não há produto disponível. Esperamos que os preços sejam melhores pelos menos para os associados”, afirma Gustavo Ribas, produtor e presidente do Sindicato Rural de Ponta Grossa. Ele conta que o setor também aguarda elevação nas cotações por influência da indústria de milho que a Cargill instalou próximo à Castrolanda. “Por enquanto, esse cenário não está consolidado”, pondera.

Os produtores de leite, por sua vez, tentam avançar em tecnologia dentro da porteira, com um manejo eficiente e menos custoso possível. “Os preços estão estabilizados, mas as despesas só aumentam. Nesse ano, acredito que a margem de lucro vai ficar entre 10% e 15%. No ano passado foi de 20% a 25%”, aponta Paulo Trentin, dono de um rebanho jersey, em Castro, que rende 120 mil litros ao mês.

“A solução é fazer rotação de pastagem, melhorar a forragem, a alimentação, e aumentar a lotação de animais por hectare. Enfim, diminuir a dependência de nutrição concentrada [ração]”, acrescenta Letícia Iank, pecuarista que também atua em Castro. Além da ração, que tem a soja e o milho como principais ingredientes, medicamentos e energia elevaram as despesas da atividade, conforme o setor.

Soja em alta

Mesmo diante da tendência de desvalorização, os agricultores dos Campos Gerais devem aumentar a área destinada à soja no verão. Boa parte deles está com planejamento pronto, à espera do fim do vazio sanitário para dar início ao plantio.

“Vou aumentar em 20% a área de soja e chegar a 1 mil hectares. Deveria plantar uns 30% da área com milho, mas vai acabar sendo 15%”, afirma Ribas. Esse porcentual vem caindo ano após ano, apesar do consenso de que, no longo prazo, a monocultura reduz a produtividade da soja.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.