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Grãos, carnes e lácteos são os principais produtos das cooperativas paranaenses. |
Grãos, carnes e lácteos são os principais produtos das cooperativas paranaenses.| Foto:

Se o Paraná é referência nacional em agroindustrialização, certamente deve muito às cooperativas. Das 74 do ramo agropecuário que integram o Sistema Ocepar, menos de 30 trabalham apenas com produtos in natura. Aproximadamente metade da produção que é recebida dos cooperados passa por algum processo de transformação e 42% do faturamento das cooperativas agropecuárias advêm do processo de industrialização. Produtos como, por exemplo, óleo e farelo de soja, leite e queijos, rações e carnes renderam ao sistema R$ 17,7 bilhões no ano passado.

“As cooperativas dominam a oferta de matéria-prima, então é natural que concentrem parcela significativa da transformação”, diz o economista Gilmar Mendes Lourenço, professor da FAE Bussiness School. Segundo ele, cerca de 60% da produção estadual de grãos têm origem no sistema. Em segmentos como o de carnes, a participação cooperativista passa de 40%, segundo dados da Ocepar. Nos lácteos, mais da metade da produção paranaense é cooperativa.

O caso da Copacol é emblemático. Primeira cooperativa agrícola do Paraná a investir em produção de aves, concentra, sozinha, perto de 10% do abate estadual de frango. Todas as mais de 800 mil toneladas de grãos produzidas pelos agricultores associados são destinadas às indústrias de ração animal. E mais: das 226 mil toneladas de carne produzidas em 2014, industrializou 47,6 mil toneladas, ou mais de 20%.

O foco principal da cooperativa é a produção, industrialização e comércio de carne de aves. Mas a Copacol também trabalha com suínos, peixes, leite e produtos industrializados. O frango gera quase metade do faturamento de carnes da cooperativa, que, somada ao comércio de suínos e tilápias, representa perto de 60% do faturamento total da Copacol.

Os investimentos em industrialização fazem a diferença não apenas para a cooperativa, mas também para a pequena Cafelândia, na Região Oeste do estado. O município de 12 mil habitantes que abriga a Copacol tem um dos maiores Produto Interno Bruto (PIB) per capita do estado. A mais de 100 quilômetros dali, uma cidade de 44 mil habitantes reforça a teoria. Sede da Frimesa, Medianeira é o 11º colocado no ranking estadual do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), que mede o nível de desenvolvimento humano dos municípios.

Responsável por nada menos que 25% do abate de suínos do Paraná, e 4,5% do abate nacional, a Frimesa quer mais. Em 2005, abatia apenas 1,2 mil cabeças por dia. “Havíamos chegado a um impasse”, afirma Elias José Zydek, diretor executivo da Frimesa. Foi feito então um planejamento de longo prazo que estabeleceu como meta 6,5 mil cabeças/dia, marca que foi alcançada no ano passado.

“A cooperativa passou por uma ampliação industrial. Na outra ponta, trabalhamos forte na penetração no mercado e na criação de uma rede de clientes no mercado interno para os nossos produtos”, diz Zydek. O sucesso obtido na última década inspirou a cooperativa a traçar novas metas para os próximos anos. A ideia é passar a abater, até 2030, cerca de 20 mil suínos por dia.

Dentro da porteira

A industrialização tem dado impulso às cooperativas nas últimas décadas, mas sem a força da produção no campo nada disso seria possível. Se nas carnes e industrializados a participação do sistema é grande, na produção primária é ainda mais expressiva.

Base da economia paranaense, grãos como soja, milho e trigo são também a fundação da economia cooperativista. Mais da metade da produção estadual tem origem no sistema. Maior cooperativa de produção da América Latina, a Coamo, de Campo Mourão, movimenta sozinha 3,6 % da produção agrícola do Brasil. No ano passado, 7 milhões de toneladas de grãos passaram pela cooperativa antes de ganhar os mercados interno e externo.

Na Coopavel, de Cascavel (Oeste), o trigo ganha destaque. Desde a instalação de um moinho que garantiu a comercialização do cereal o ano inteiro, em 2012, a cooperativa conseguiu arrebanhar novos cooperados e o plantio do grão cresceu 11%. “Antes do moinho nossa produção de trigo era de 48,6 mil toneladas. Depois, pulou para 180 mil (t), um aumento de 280%”, diz Dilvo Grolli, diretor presidente da Coopavel. “A agroindustrialização é protetora do agricultor.”

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