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Maximo Ochoa, diretor técnico da Fundação Hans R. Neumann Stiftung | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Maximo Ochoa, diretor técnico da Fundação Hans R. Neumann Stiftung| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

No primeiro debate do 5º Fórum de Agricultura, organizado pelo Agronegócio da Gazeta do Povo, o tema gestão e sucessão foi o destaque. O assunto, segundo os palestrantes, é importante para garantir a segurança alimentar do planeta.

“Em um mundo que terá 9 bilhões de habitantes em 2050, a agricultura terá de crescer 70%. Uma boa sucessão é fundamental para o Brasil nesse cenário de futuro”, afirmou o mediador Valter Bianchini, da FAO – divisão da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura.

Para auxiliar nessas questões, foram convidados José Eustáquio Ribeiro Vieira Filho, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e doutor em Teoria Econômica, e o equatoriano Maximo Ochoa, diretor técnico da Fundação Hans R. Neumann Stiftung.

Não é apenas o filho

José Eustáquio alertou que encontrar um sucessor para a propriedade rural não é o suficiente. “Não é simplesmente o filho ou o genro que vai continuar todo o negócio”, afirma. Segundo o especialista, é preciso literalmente preparar o terreno para o futuro. Neste sentido, ele recomenda preparar a fazenda para inovações e para a economia da atividade rural do futuro.

“Fazendas muito grandes tendem a ser administradas como empresas familiares. Mas é importante comparar com grandes empresas, como Embraer e Petrobras”, afirma. Ele justifica o comparativo: “O setor agropecuário passou por transformações tão grandes como essas empresas. As pessoas desconhecem a importância desse setor que gera mais de 20% do PIB nacional”.

Eustáquio explicou que está ocorrendo o envelhecimento da população de fazendeiros onde a atividade rural é importante, em países como Estados Unidos, Brasil e Austrália, e que há cada vez menos pessoas trabalhando nesse setor. Portanto, é preciso gerar o interesse dos jovens para permanecerem no campo.

Plano sucessório

Para o especialista, são passos importantes para essa sucessão: o tempo de educação e o incentivo a cada membro da família a pensar sobre seu papel no processo sucessório. Ele destaca como fases críticas: o ingresso do novo gestor (filho, genro ou outro familiar) na atividade, as primeiras tomadas de decisão e, por fim, a aposentadoria. “Isso pode gerar conflitos”, alerta.

Neste sentido, Maximo Ochoa trouxe ao painel alguns projetos realizados pela fundação Fundação Hans R. Neumann Stiftung no Brasil. Presente em dez países com grande produção de café, a entidade desenvolve ações diretamente com a agricultura famíliar. E por que o café? “É a segunda bebida mais consumida do mundo, e que vai precisar ampliar a produção de 150 para 200 milhões de sacas nos próximos anos”, afirma.

Ele destacou como exemplo o Programa Jovem no Campo, que leva às famílias cafeeiras consultoria para colocar as melhores práticas modernas no campo, com oferta de pessoal qualificado, cursos de até 400 horas e resultados com 80% de imersão no trabalho.

Outra atividade, esta em parceria com o Senar-MG, é o Programa de Sucessão Familiar. “Sucessão familiar não é somente gestão, temos de preparar uma série de considerações, um bom plano de empreendimento e deixar tudo pronto para a passagem da terra”, diz Ochoa. Neste sentido, ele destaca a importância da mecanização e da tecnologia no meio rural como atividade até mesmo para manter a atratividade do campo, e evitar que mais jovens deixem o meio rural ‘seduzidos’ pelas oportunidades em grandes cidades.

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