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Da esquerda para a direita, Almir Meinerz, Maria Noel Ackermann e Márcio Lopes de Freitas | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Da esquerda para a direita, Almir Meinerz, Maria Noel Ackermann e Márcio Lopes de Freitas| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Se antigamente o homem do campo era visto como um colono, ele passou por uma transformação e foi chamado de agricultor. Agora, é hora da evolução: é o momento de ser visto como empresário do agronegócio.

Essa visão foi apresentada por Almir Meinerz, presidente-executivo da Spro IT Solutions, mediador do último painel do 5º Fórum de Agricultura: América do Sul Rural - A sucessão como Estratégia para o Futuro.

“Hoje estou no mundo corporativo, mas estive do outro lado. Sou filho de produtores rurais da região Oeste do Paraná e vejo agora que a transformação digital [que chegou ao campo] está aliando sucessão e tecnologia”, resume.

Segundo ele, o processo de passagem de bastão precisa ser feito junto com a família, mas aproveitando a mudança tecnológica. “É uma gestão que precisa ser profissionalizada, com softwares de gestão que para toda a cadeia produtiva. Afinal, [em uma mesma propriedade] temos varias atividades: suinocultura, piscicultura, avicultura”, exemplifica, reforçando a chamada internet das coisas que está sendo difundida para além das cidades, e inserida no agronegócio.

Neste sentido de conexão urbana e rural, o palestrante Márcio Lopes de Freitas, presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), espera das atuais e das novas gerações o entendimento e a cooperação do futuro. “É uma revolução que já está acontecendo, com uma agropecuária capaz de absorver a tecnologia”, afirma.

Almir Meinerz explica um pouco dessa conexão: “Se dentro de um aviário tenho problemas de ambiência, como alta umidade, aquele frango não vai comer do mesmo jeito. Através do sensoriamento é possível acompanhar em tempo real as divergências e oscilações”.

Nesse meio, o apoio das cooperativas é fundamental para uma melhor oferta de produtos, acompanhando seus produtores. “Essas mudanças não são um evento: são um processo. Queremos que as novas gerações assumam esses processos de forma tranquila”, reforça o presidente da OCB.

Exemplo uruguaio

Márcio Lopes de Freitas lembra que neste momento está sendo realizado o senso rural do IBGE e que, com a conclusão, deve-se ter uma visão ainda melhor do perfil do homem do campo brasileiro. Essa estratégia de pesquisa vem sendo adotada com sucesso em um país vizinho: o Uruguai.

Para explicar como isso está acontecendo no país do Rio da Prata, Maria Noel Anckermann, especialista em política agropecuária do Ministério da Agricultura do Uruguai (CAS) contou no painel que, desde 2006, anualmente são feitas pesquisas de perfil com mais de 100 mil pessoas para verificar as tendências da população urbana e rural do país.

“Temos a consciência de que isso permite caracterizar o nível de educação, as estruturas de idade e de gênero, fazendo uma pirâmide das pessoas que atual no setor agropecuário”, afirma Maria Noel.

A convidada explicou que no Uruguai Rural, duas de cada três pessoas ocupadas no setor agrário do país têm pelo menos o primário completo, mas que a maior quantidade de ocupados da pecuária, por exemplo, são de pessoas com mais de 55 anos. “Registramos um processo de envelhecimento apesar do crescimento da participação feminina”, diz.

Para abastecer essas pessoas com mais informações e favorecer o futuro do agronegócio local, o governo do país vem adotando algumas políticas. Ela citou a promoção da inserção internacional e da agricultura familiar em cadeias de valor, o incentivo a jovens e a mulheres para trabalharem no meio rural (evitando a evasão de pessoas) e oferecimento de capacitações em temas estratégicos para produtores e técnicos do setor, com o objetivo de complementar a educação escolar.

“A mudança de gerações continuará gerando oportunidades de trabalho para indivíduos de menor qualificação, mas as atividades que tradicionalmente ainda não requerem qualificação demandam cada vez mais habilidades e formação”, explica.

Para tanto, o presidente-executivo encerrou o debate com uma recomendação que vale para toda a América do Sul: a tecnologia não deve ser encarada como um custo, ela deve fazer parte de um todo, o que garante um processo de sucessão melhor para a agricultura do futuro.

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