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Luiz Carlos e Luciano Miotto, cooperados da C.Vale: frango é segurança de renda  | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Luiz Carlos e Luciano Miotto, cooperados da C.Vale: frango é segurança de renda | Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Gigante do agronegócio, com 8 mil funcionários, 19 mil associados e faturamento anual de R$ 6,8 bilhões, a cooperativa C.Vale, de Palotina, no Oeste do Paraná, quer se tornar mais conhecida dos consumidores brasileiros. A estratégia é aumentar a exposição da marca própria no varejo, entrando nas grandes redes de supermercados dos centros urbanos. Atualmente 35% dos alimentos industrializados pela C.Vale levam a marca de parceiros, como as centrais de cooperativas Frimesa e Aurora, ou recebem o rótulo do cliente, como é o caso da rede Dia de supermercados.

“Queremos aumentar a exposição de nossa marca e consolidar a C.Vale perante o grande varejo. No início, priorizamos a rentabilidade em mercados mais pulverizados, até porque com as grandes redes existe um custo maior, elas cobram pedágio para entrar, é difícil ter margens mais interessantes”, avalia Reni Girardi, gerente da Divisão Industrial da C.Vale. A marca é relativamente nova, tem apenas 20 anos, e nunca aportou um investimento mais forte em mídia, como fazem vários concorrentes. A empresa ainda estuda quanto será investido nesta nova fase.

A estratégia de fortalecer a imagem tem a ver também com o “mantra” da empresa, de sempre buscar agregação de valor aos produtos de seus cooperados. O setor de termoprocessados - cortes cozidos, fritos e assados - cresceu 8,13% em 2016, alcançando um volume de produção de 140 toneladas por dia, cerca de 12% do total. A rentabilidade desses produtos, no entanto, é 70% maior do que a dos alimentos in natura. “Pensamos sempre na agregação de valor. Se temos o grão, podemos usá-lo para produzir carne. Se temos o frango inteiro, podemos vender em cortes, entregando um filé de peito sem osso e sem pele, pronto para preparar. Mas se pego esse filé e transformo em nugget, agrego mais valor ainda, é só aquecer e está pronto para o consumo”, exemplifica Girardi.

A cooperativa prevê que o setor de alimentos pré-preparados irá crescer de forma acelerada nos próximos anos, em função da mudança do perfil das famílias brasileiras – cada vez menores, sem empregado doméstico e com pouco tempo durante a semana para cozinhar. A expansão deve vir também das empresas de refeições industriais e dos próprios restaurantes de comida a quilo, já que produtos mais elaborados e de rápido preparo significam economia de tempo e de mão de obra. “Se estivéssemos numa situação econômica melhor, com certeza esse mercado cresceria em um ritmo ainda mais rápido”, avalia o diretor da C.Vale.

Nada se perde na propriedade dos Miotto

A determinação da C.Vale em agregar valor às commodities se espalha também entre os cooperados. Exemplo é a propriedade de 180 alqueires da família Miotto, em Palotina, onde ganha um significado especial a máxima de que “na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma”.

“Eu perco alguma coisa em minha propriedade? ”, pergunta Luiz Carlos Miotto, o mais velho dos três irmãos e sócios. “Não perco absolutamente nada. Planto milho, que transformo em carne suína e em frango; o passivo ambiental dos dejetos de suíno vira biogás e adubo; a cama de aviário também volta para a lavoura como fertilizante”.

O biogás implantado há cinco anos pelos Miotto significa uma conta de luz reduzida pela metade. Quando a energia gerada não está climatizando os galpões de leitões e frangos, ou movimentando um gerador próprio, o excedente é lançado na rede da Copel e vira crédito para a próxima fatura. A economia vem também da prática de adubar a lavoura com o lodo do biogás e a cama dos aviários. Os irmãos nunca precisam utilizar adubo químico na safra de verão. “Se for olhar a minha produtividade, de 9 mil kg/ha para o milho e 4200 kg/ha para a soja, ela é tão boa quanto a dos outros. Mas pense nos custos. Quando vem uma estiagem, eu passo mais tempo com a lavoura sem sofrer, porque tenho um solo mais orgânico”, sublinha Luiz Carlos.

O irmão mais novo, Luciano, destaca o papel do frango na diversificação de atividades da propriedade: “O frango te dá uma estabilidade de receita. Trabalhando integrado, não ocorrem aquelas oscilações de preço, nem muito para cima, nem muito para baixo. A cooperativa banca isso, e você ganha na média”.

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