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Euzébio espera fechar colheita com média próxima de 4 mil quilos por hectare, 25% a mais do que a média nacional. | Brunno Covello / Gazeta Do Povo
Euzébio espera fechar colheita com média próxima de 4 mil quilos por hectare, 25% a mais do que a média nacional.| Foto: Brunno Covello / Gazeta Do Povo

Cruz Alta (RS) -- Numa temporada de estiagens em todas as regiões agrícolas do país, os produtores gaúchos podem se considerar privilegiados. Com chuva suficiente e pragas controladas, o Rio Grande do Sul, terceiro maior produto de grãos do país, está prestes a colher uma das maiores safras de soja e milho de sua história, conferiu a Expedição Safra durante viagem de 2,5 mil quilômetros pela Região Sul.

A redenção gaúcha começou ainda na semeadura. Enquanto faltava chuva no Paraná e em Mato Grosso, São Pedro colaborava com os pampas e coxilhas. Durante o desenvolvimento das lavouras, sol durante o dia e chuvas em boa dose no final da tarde garantiram condições ideais.

“Ano passado tivemos intervalos de 25 dias sem chuva. Esse ano choveu quase todos os dias desde 15 de dezembro. O desenvolvimento da lavoura está muito bom”, garante Paulo Edgar da Silva, supervisor da regional da Emater, em Erechim (Noroeste). “Neste ano o agricultor não pode reclamar em hipótese alguma”, complementa o consultor Gustavo Trentini, da Seara Agronegócios, em Cruz Alta, na mesma região.

Silvio Ohse conta que lavouras têm melhor aspecto em três décadas.

Dentro de dez dias a colheita ganha ritmo. Até lá, basta uma chuva de 30 milímetros para fechar o ciclo 2014/15 com o clima ideal. Para o produtor Silvio Américo Ohse, que dedicou 570 hectares à soja em Cruz Alta, a pluviosidade necessária está a caminho. “Posso dizer que esse é o ano de melhor aspecto da lavoura.”

Ohse projeta colher 55 sacas por hectare, contra as 49 sacas/ha da temporada passada, antes de embarcar para fazer turismo no Oeste da China e em países como Quirguistão, Cazaquistão e Uzbequistão. “Será uma das melhores safras desde que entrei na agricultura em 1983. Depois embarco para descansar e fechar a lista de 100 países visitados no mundo”, diz o produtor com otimismo no bom rendimento.

Mesmo com a colheita ainda começando no estado, agricultores que apostaram na soja cultivada com sementes superprecoces dão uma prévia de como será a safra. O produtor Euzébio Eduardo Ely colheu 60 hectares com essa variedade na propriedade em Carazinho, no Noroeste gaúcho. O rendimento de 75 sacas por hectare não foi surpresa em função das boas condições climáticas. “O clima ajudou para ser uma safra histórica. A partir de 15 de março começo a colher o restante com expectativa de fazer 65 sacas por hectare de média”, diz Ely, sem esconder a satisfação enquanto olha os números no painel da colheitadeira. No ano passado, ele havia tirado, em média, 47 sacas por hectare.

Santa Catarina perde renda com a ferrugem

Os dois principais polos de produção de sementes de Santa Catarina ainda aguardam as condições climáticas das próximas semanas para definir a safra de soja. Os motivos de tamanha apreensão são o excesso de chuva e o alto índice de ferrugem asiática. O material produzido pelos catarinenses é vendido para produtores e empresas do Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Goiás e no próprio estado.

Em Abelardo Luz, no Oeste catarinense, o excesso de chuva inviabiliza a aplicação de fungicidas no combate a doença. “Os melhores produtos não estão dando resultado”, afirma Eder José Pellegrin, produtor e diretor da Cooperfertil. “Precisamos de sol nos próximos 20 dias”, complementa.

De acordo com Pellegrin, no início do ciclo, antes dos problemas, a expetativa era colher, em média, 65 sacas por hectare na região. O cenário atual obrigou a uma revisão para 55 sacas, ainda assim sete a mais que a marca do ano passado.

Em Campos Novos, no Centro do estado, a situação é semelhante. De acordo com Marcelo Luiz Capelari, agrônomo da Copercampos, “a doença entrou no final do ciclo”. “O pessoal precisou fazer uma aplicação a mais. Isso é gasto extra”, frisa. O custo de produção aumentou de R$ 1,4 mil por hectare na safra passada para R$ 1,6 mil/ha, o que compromete boa parte do lucro tirado das sementes.

Umidade agora vira preocupaçãoGiovani Ferreira, enviado especial

Passo fundo (RS) -- “No ano passado eu ligava o rádio saber o dia que iria chover. Agora, ligo o rádio para saber o dia que vai dar sol.” A rotina do produtor Antônio Nestor Sandini revela o comportamento do clima e da safra gaúcha. Ao mesmo tempo em que prevê recorde, demostra muita preocupação com as chuvas, que se transformam em ameaça à colheita.Com 300 hectares de soja no município de Sertão (RS), a 30 quilômetros de Passo Fundo, Sandini espera colher 4 mil quilos por hectare, 1 mil a mais que a média nacional e 1,2 mil além da estadual registrada em 2013/14. Em 45 anos de cultivo, nunca viu algo parecido, relata.

No caso de Nestor Sandini, a preocupação é com as pragas e doenças que, com umidade, encontram ambiente propício à proliferação. A quatro semanas da colheita, ele tem dificuldade ele não consegue clima aberto para aplicar fungicida contra a ferrugem asiática.

Prevenção

Contrariando as estatísticas nacionais e também do seu estado, Sandini já negociou 70% da produção esperada. Boa parte do volume foi negociado ainda em outubro e uma segunda parte no final de fevereiro, quando aproveitou um repique de preços que levou a soja ao patamar de US$ 10/bushel na Bolsa de Chicago. Na média, fez R$ 62 por saca de 60 quilos, e já compra insumo para 2015/16. A valorização do dólar mantém a cotação acima de R$ 60 no estado.

50%dos 870 mil hectares de milho do Rio Grande do Sul já foram colhidos. Os produtores estão registrando produtividade variada, mas que também indica volume maior que o previsto. Estado iniciou ciclo com previsão de 5,5 milhões de toneladas do cereal e 14,6 milhões de toneladas da oleaginosa.

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