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Restos vivos de culturas antecessoras à soja de verão, como o sorgo (foto) em Minas, podem favorecer permanência da helicoverpa no campo. | Antonio More / Gazeta Do Povo
Restos vivos de culturas antecessoras à soja de verão, como o sorgo (foto) em Minas, podem favorecer permanência da helicoverpa no campo.| Foto: Antonio More / Gazeta Do Povo

A safra de verão não sofre ameaças climáticas em Minas Gerais até o momento. O que está tirando o sono dos agricultores é a Helicoverpa armigera. O ataque da praga, que se intensificou a partir do final do ciclo passado no estado em áreas isoladas, está generalizado neste ano e observado logo na fase inicial de desenvolvimento das plantas de soja e milho, conferiu a Expedição Safra Gazeta do Povo. A alta umidade no campo e o calor favorecem a multiplicação da lagarta, que tem devorado tudo o que vê pela frente, conforme os produtores. Além disso, as chuvas regulares que ajudam no crescimento da safra também comprometem a eficiência da aplicação de agrotóxicos contra o inseto. O cenário fez Minas Gerais decretar situação emergência fitossanitária.

Para o produtor e presidente do Clube Amigos da Terra (CAT) de Uberlândia, André Machado, o problema é mais grave em propriedades que não passaram por tratamentos preventivos minuciosos, que inclui a dessecação total de culturas antecessoras ao plantio de verão. “Posso até gastar mais por me antecipar com a prevenção, mas não vou esperar pra ver o que essa praga pode causar lá na frente”, conta.

Ricardo de Castro, de Indianópolis, já gastou até R$ 600 a mais com aplicação contra a lagarta e adiou plano de trocar plantadeiras.

O ataque no plantio chega a prorrogar os planos de investimentos de produtores, que estão tendo de desembolsar valor muito maior do que o previsto inicialmente para controlar a Helicoverpa. “Já gastei entre R$ 400 e R$ 600 a mais por hectare só com aplicação de defensivos. E sei que não vai parar por aí”, aposta Renato de Castro, que cultiva 3,6 mil hectares com soja e milho no município de Indianópolis, no Triângulo Mineiro. Em 26 dias do nascimento das primeiras plantas da oleaginosa, os pulverizadores carregados com agrotóxicos já entraram três vezes no campo e até o final desta semana devem entrar mais uma vez. “A partir de novembro, quando as linhas serão fechadas, o perigo será maior, porque o veneno não deve atingir o local onde a lagarta costuma ficar nas plantas”, prevê.

Expectativas

Por enquanto, os danos da Helicoverpa armigera são refletidos nos custos da safra, mas seu apetite desmedido preocupa os produtores. Hoje o inseto se alimenta das folhas de soja e milho, mais à frente pode comer os grãos das vagens e espigas. “No final do ciclo passado, o ataque foi terrível. Lavouras com potencial de 60 sacas por hectare fecharam com média de 40 sacas por hectare”, recorda o agrônomo Gustavo Mansur, que também planta 400 hectares com soja na região de Uberaba.

Apesar da lagarta, tudo indica que os produtores mineiros terão bons índices de produtividade no verão. A antecipação das chuvas acelerou o plantio no estado, que tem apostado em sementes precoces, com ciclo de 105 dias, para conseguir cultivas a segunda safra de milho na janela ideal. Minas Gerais também deve expandir as áreas de sorgo durante o inverno. O grão, que tem custo inferior ao milho e é mais resistente às intempéries climáticas, tem consumo garantido na região do Triângulo Mineiro e com preços remuneradores.

A Expedição Safra acaba de chegar em Goiás, para conferir o desenvolvimento das lavouras de soja e milho e verão. O roteiro da equipe que percorre parte do Centro-Oeste e Sudeste brasileiro será encerrado em Londrina e Maringá (Norte do Paraná) no início da próxima semana durante a terceira etapa do Ciclo de Palestras, Informação e Análise do Agronegócio.

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