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Aristeu Pellenz acredita na redução de investimentos . | Jonathan Campos
Aristeu Pellenz acredita na redução de investimentos .| Foto: Jonathan Campos

Luís Eduardo Magalhães (BA) - Entre altos e baixos, a fronteira agrícola do Matopiba (formada pelos estado do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) segue expandindo a produção. Em um roteiro de 8 mil quilômetros pela região a Expedição Safra Gazeta do Povo apurou que, na média, as lavouras estão rendendo mais do que no último ano, mesmo com chuvas irregulares e a ocorrência de veranicos. Com isso a colheita de soja do quarteto deve aumentar 10% em relação à safra 2013/14, chegando a marca de a 9,93 milhões de toneladas.

O desempenho da oleaginosa é favorecido por um incremento de 3,3% na produtividade, para 2,94 mil quilos por hectare (49 sacas/ha), conforme o indicador de safra da Expedição. O resultado ainda não expressa o potencial máximo almejado pelos agricultores (60 sacas/ha), mas consolida uma recuperação do Matopiba, que amargou duas safras consecutivas com problemas climáticos. Mesmo assim, a região permanece tendo o peso de “quarta maior produtora” de grãos do Brasil.

Havia a expectativa de que o grupo romperia a barreira dos 10 milhões de toneladas neste ciclo, mas o clima não ajudou. “O plantio foi excelente, mas no final de dezembro as chuvas pararam, ficando irregulares. Na mesma fazenda tem talhões produzindo 30 sacas por hectare e outros rendendo 60 sacas por hectare”, compara o presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Júlio Cézar Busato. O estado concentra a maior parte da produção do Matopiba, com 1,41 milhão de hectares dedicados a soja e 460 mil de milho verão.

O resultado se repete no Piauí. “Tivemos um veranico em janeiro mas as plantas se recuperaram e o resultado será melhor que o ano passado”, revela o produtor Wilson Marcolin, que planta 500 hectares de soja na comunidade de Nova Santa Rosa, distrito de Uruçuí (Sul do estado). Ele projeta um rendimento médio entre 45 e 50 sacas por hectare, contra 40 sacas colhidas no último ciclo.

Para Tocantins e Maranhão o quadro foi oposto. Na região de Pedro Afonso (Médio-Norte de TO), as primeiras áreas colhidas atingiram picos de 60 sacas por hectare, revela o agrônomo da Cooperativa Agroindustrial do Tocantins (Coapa), Fernando Coelho. “Não choveu muito, mas o volume foi suficiente para garantir o desenvolvimento das lavouras”, aponta. Na média o resultado esperado é próximo das 50 sacas/ha.

Já no Sul maranhense, o relato é de que faltou água, graças a dois veranicos com duração de 20 dias cada. “Achei que iria conseguir colher 50 sacas por hectare, mas vai ser difícil”, aponta o agricultor Marcos Sandri, que planta 3,2 mil hectares de soja junto com o irmão Marcelo no município de Riachão. Ele espera um resultado médio de 46 sacas/ha na fazenda.

Plano aberto

A recuperação das lavouras ocorre num momento em que os produtores reavaliam os planos para abertura de novas áreas. “Tem agricultor que está carregando o prejuízo de três safras consecutivas. Com aumento nos custos de produção e preços médios mais baixos o investimento deve cair”, analisa Aristeu Pellenz, produtor e vice-presidente do Sindicato Rural de Luís Eduardo Magalhães, no Oeste da Bahia. A Aiba indica que na região a abertura de novas áreas cresceu 1,5% nesta safra, ante média histórica de 5%.

Ainda assim há espaço para apostas. Em Nova Santa Rosa, o produtor Wilson Marcolin já prepara a abertura de 200 hectares adicionais de soja. “A próxima safra terá menos investimento, mas não a ponto de parar a expansão, até porque o financiamento já foi feito. Ainda há espaço para crescer”, analisa.

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