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Na propriedade de Flávio Fonseca da Rosa a produtividade deve ser 10 sacas  por hectare maior do que a média de SC | Michel Willian/Gazeta do Povo
Na propriedade de Flávio Fonseca da Rosa a produtividade deve ser 10 sacas por hectare maior do que a média de SC| Foto: Michel Willian/Gazeta do Povo

Dos 350 hectares de soja cultivados na Fazenda Flaisa, em Chapecó, Oeste de Santa Catarina, apenas 60 ha foram colhidos até agora. Mas é o suficiente para que o produtor Flávio Fonseca da Rosa arrisque um palpite sobre como será a produtividade esse ano: “aqui vai dar pelo menos umas 70 sacas/ha de média”, comemora. Bem acima dos índices da região e do próprio estado, cuja expectativa gira em torno de 60 sc/ha.

Com as lavouras integradas a um aviário de 23 mil perus e a 150 cabeças de gado de corte, a soja, o milho (25 ha) e o feijão (100 ha) produzidos na fazenda estão indo de vento em popa, mesmo em ano de estiagem, que, de acordo com a família Rosa, não chegou a afetar a produtividade. Alguns talhões de soja devem render até 90 sacas, dizem. “Vai ser quase igual ao ano passado. O lucro é que talvez seja menor”, arrisca Flávio, que também é multiplicador de sementes. O preço da soja neste ano está menos atrativo para o produtor, explica ele.

Veja fotos da Expedição Safra em SC

De acordo com a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), a produtividade da soja na safra 2018/2019 deve ser ligeiramente superior à do ciclo anterior, enquanto a área plantada foi reduzida em 2%. O volume total produzido nesta safra também deve ser um pouco menor. O milho, por outro lado, teve crescimento de 8% em área cultivada. Os dados mostram que na prática a estiagem que derrubou a safra do Paraná, em 16%, não foi tão grande no resto do país.

O plantio mais tardio da soja e do milho verão em Santa Catarina também contribuiu para livrar o estado de uma quebra de safra grande, segundo Haroldo Tavares Elias, agrônomo da Epagri. Ele explica ainda que o aumento da produtividade nas lavouras tem a ver com a maior incorporação de tecnologia no campo e uso de cultivares modernos de ciclo indeterminado. “Além do que a soja, por exigir menos nitrogênio que o milho, tem um custo de produção menor e a demanda do mercado chinês também impulsiona o plantio”, afirma.

Para Flávio da Rosa, o melhoramento de sementes, com genética superior, e o maior profissionalismo do agricultor são os principais motivos para a evolução da produtividade. No caso dele, a utilização dos dejetos do gado e das aves também contribui para incrementar a adubação do solo. E para finalizar, a fazenda utiliza maquinário moderno, o que inclui colheitadeiras com rotor para evitar danos mecânicos nos grãos. “Ou você é agricultor ou não é. O tempo nós não temos na mão, mas o que estiver nós vamos fazer”, sentencia Rosa.

Milho safrinha

Gerson Locateli diz que mesmo plantando o milho safrinha , que é uma cultura arriscada em SC por causa do clima, não teve perdas até agoraMichel Willian/Gazeta do Povo

Na propriedade da família Locateli, em Guatambu, também no Oeste de Santa Catarina, o que tem chamado a atenção é o milho de segunda safra, diferentemente do que ocorre nas lavouras vizinhas e da maioria dos produtores do estado. Como o clima da região é mais frio do que no restante do país, os dias com temperaturas baixas e pouca luminosidade, comuns no inverno, chegam mais cedo, o que torna o plantio do milho safrinha um risco que muitos produtores não querem correr.

“Este é o sexto ano que estamos plantando e até agora não tivemos perdas”, explica Gerson Luís Locateli, justificando a aposta incomum. Apesar de a soja e o milho verão serem os carro-chefes da propriedade, com produtividades médias em torno de 60 sacas por hectare e 200 sc/ha, respectivamente, a safrinha plantada em janeiro deve render ao menos 100 sc/ha neste ano.

Dos 500 hectares da fazenda, 350 ha são destinados à soja, 150 ha para o milho verão, 100 ha para o milho safrinha e outros 100 hectares para o feijão de segunda safra. Também há integração com gado de corte. Em algumas épocas do ano chega a ter ali 1,2 mil cabeças de gado em fase de terminação, que utilizam áreas usadas para lavoura como pasto no período de rotação de cultura.

Apesar de representar uma pequena parcela da produção total da propriedade, o milho tem um peso grande levando-se em conta as atividades de forma integrada, pois metade do que é colhido na segunda safra vai para a alimentação do gado, o que diminui as despesas com ração, segundo Locateli. Os outros 50% são comercializados normalmente. Santa Catarina possui uma demanda de milho maior do que a safra que produz, principalmente por causa da suinocultura e avicultura fortes.

Aquecimento

Essa demanda constante é boa para quem produz e para quem necessita do cereal para os animais. É o caso da família Locateli, que produz e consome. De acordo com Ivan Baldissera, gerente de Pesquisa da Epagri Chapecó, o estado plantou esse ano 330 mil ha de milho verão e apenas 16 ha de milho safrinha. “Notamos ultimamente que há um aquecimento maior do clima, com o calor espichando um pouco mais”, observa, o que favorece a cultura do milho de segunda safra.

Com o clima a favor, no caso da safrinha, e o bom preparo do solo – com adubação orgânica a partir dos desejos do gado e rotação de cultura – a aposta de Locateli acaba virando certeza de ganho na produtividade. “A nossa parte a gente sempre faz: aduba, passa inseticida, mas se o tempo não ajudar não tem o que resolva”, pondera.

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