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Empresas ganham eficiência em carregamento, mas cobram cerca de R$ 5/t acima do máximo | Jonathan Campos/gazeta Do Povo
Empresas ganham eficiência em carregamento, mas cobram cerca de R$ 5/t acima do máximo| Foto: Jonathan Campos/gazeta Do Povo
Falta de fiscalização agrava problema, diz Priscilla Biancarelli

O transporte de cargas por ferrovias no Paraná, além de ser mais caro do que o rodoviário, tem extrapolado o valor máximo – ou tarifa-teto – que é estipulado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). É o que aponta um estudo elaborado pelo Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial (ESALQ-Log), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, apresentando ontem em Curitiba durante o encontro de lideranças da Federação da Agricultura do estado (Faep).

A pesquisa, desenvolvida pela instituição de ensino de Piracicaba (SP) e iniciada em 2011, mostra, por exemplo, que o custo de transporte de uma tonelada de açúcar de Maringá até o Porto de Paranaguá ficou cerca de R$ 5 por tonelada acima da tarifa-teto, que é de pouco mais de R$ 50 por tonelada. O levantamento refere-se ao ano de 2012 e tem como base coleta de dados de mais de 20 empresas de logística que atuam no Paraná. Foi o primeiro ano em que os valores praticados ficaram acima do teto.

Outra discrepância revelada pelo estudo está na evolução dos preços do frete ferroviário praticados no estado de 2010 a 2012. Em Maringá, o valor subiu 16,7% de 2010 para 2011 e somente 2,7% de 2011 para 2012. Em Sarandi, cidade vizinha de Maringá, os porcentuais foram invertidos de um ano para o outro, mas em porcentuais praticamente iguais. Houve aumento de 2,7% no frete no primeiro ano da pesquisa e 16,4% no segundo (2012). Para a coordenadora do grupo que desenvolveu o estudo, Priscilla Biancarelli, esse cenário é resultado do monopólio que impera no setor de transportes ferroviários, ou seja, as empresas mexem nos preços como bem entendem, sem  lógica. “E os usuários não têm aparato – proteção – jurídica para reclamar à ANTT, porque correm o risco de ficar sem o serviço caso se apresentem. Isso mostra também que falta fiscalização [do Poder Público]”, acrescenta.

Apesar do aumento na tarifa ferroviária, o modal ganhou participação no volume de cargas que foi movimentado no ano passado em detrimento ao rodoviário. Em 2011, as rodovias absorveram cerca de 70% do total e neste ano foi menos de 60%, aponta o estudo. A queda é atribuída ao ganho de eficiência nas operações de transbordo de cargas nos terminais ferroviários, que conseguiram agilizar os embarques, mas a custos altos.

Sem padrão

A falta de padronização em sistemas de cobrança ocorre também no setor de armazenagem, mostra outro estudo elaborado pela equipe da ESALQ-Log. Os descontos de preços por umidade nos grãos teve grande variação de uma empresa para outra num mesmo município. Em Toledo (Oeste do Paraná), o desconto foi de 5,6% a 7,2% do preço do produto, incluindo custo com umidade de 18% mais quebra técnica e taxas de armazenagem. Essa diferença de valores dificulta a vida do produtor, afirma Priscilla. “Se não existe uma informação padrão e disponível ao produtor, como ele vai saber se uma empresa está cobrando caro ou não”, questiona.

Falta de fiscalização agrava problema, diz Priscilla Biancarelli

Atualmente, o Brasil tem capacidade para estocar 77% da safra nacional, lembrou Marcos Jank, especialista em agronegócio que também palestrou no evento. Há dez anos, o porcentual era de 100%. Além disso, maior parte dos silos está nas mãos da iniciativa privada e somente 14% instalados nas fazendas do país. Na Argentina, 25% da capacidade de armazenamento estão no campo e nos Estados Unidos, 42%.  Para Jank, é preciso que existam mais armazéns nas zonas portuárias para evitar que a produção fique armazenada em caminhões. “Para resolvermos a logística é preciso dar oportunidade para o setor privado investir, mas o também haver quem dite e fiscalize as regras. Não falta dinheiro para a iniciativa privada e sim segurança jurídica, um marco regulatório”, defende.

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