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No frango e no suíno, país amplia produção e exportação, afirma o presidente da ABPA, Francisco Turra. Nas vendas externas, arrecada mais em real, mas menos em dólar. | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
No frango e no suíno, país amplia produção e exportação, afirma o presidente da ABPA, Francisco Turra. Nas vendas externas, arrecada mais em real, mas menos em dólar.| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Em meio à forte instabilidade política e econômica, a produção avícola brasileira cresceu a ponto de superar a da China no ranking mundial, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira (09) pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O país fecha o ano com produção de 13,13 milhões de toneladas de carne de frango, volume 3,5% superior ao do ano passado, que foi de 12,69 milhões de t. A produção chinesa deve ser de 13,09 milhões de toneladas em 2015, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). A liderança continua com os EUA, que passa de 17 milhões de t por ano.

Brasil deve abrir mercado com “mais facilidade”

Com a nova posição de segundo maior produtor avícola, o Brasil deve ter mais facilidade para a abertura de novos mercados, porque representa um setor profissionalizado e com bom status sanitário. Essa é a avaliação do presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, em relação ao balanço da avicultura e suinocultura divulgados nesta quarta-feira (9). Ele também acredita que o câmbio não deve recuar para menos do que R$ 3,60 mesmo após o fim da crise política, o que promete manter o faturamento do setor elevado (em real).

O que o marco de segundo maior produtor de frango representa para o Brasil perante o mercado mundial?

Francisco Turra – Desde que o Brasil tomou a dianteira nas exportações, em 2005, o país teve um ganho de imagem que continua a se refletir até hoje. Porque mostra que profissionalizamos o setor e contamos com um status sanitário de qualidade. Portanto, isso colabora para a conquista de novos mercados e para a expansão da avicultura brasileira. Ainda mais em um período de crise como o que vivemos, certamente é uma notícia a se comemorar.

O frango tem ganhado espaço com o aumento de preços de outras carnes. Essa é uma tendência que deve se sustentar?

Vai se sustentar e vai crescer. Todas as projeções futuras indicam um crescimento em relação ao consumo de frango. E nesse contexto, o Brasil exporta 37% do volume negociado mundialmente. Em paralelo, a carne suína é a proteína animal hoje mais consumida no mundo. As previsões são otimistas para ambos os mercados.

Apesar de todo o crescimento, verifica-se uma tendência de retração da rentabilidade em dólar. Em um cenário com o dólar em baixa, como isso impactaria o setor?

A moeda está tão valorizada que a receita em reais é muito maior. Estamos prevenidos para trabalhar com o dólar num patamar inferior ao que a moeda se encontra hoje, o que só deve acontecer com o fim de toda a crise política atual. No entanto, não acreditamos que o câmbio deva ficar inferior a R$ 3,60.

Com a perspectiva de queda nos custos dos grãos para 2016, haverá redução no custo de produção da avicultura e da suinocultura?

Por ora, nós não contamos com isso. O custo dos insumos subiu barbaramente, com o dólar alto, e estamos prevendo uma safra irregular que não deve dar margem para a baixa dos preços.

Já as exportações avícolas brasileiras cresceram 4%, com um volume total de 4,26 milhões de toneladas embarcadas ante a 4,1 milhões de toneladas em 2014. Com o câmbio desvalorizado, a receita em reais teve alta de 25% e alcançou R$ 23,7 bilhões. O valor em dólares, no entanto, recuou 11%, para US$ 7,1 bilhões.

Com a expectativa de abertura de novos mercados, o setor prevê para 2016 um crescimento entre 3% e 5% na produção e na exportação. “Em nosso radar estão abertura dos mercados de Taiwan e República Dominicana, além da habilitação de novas plantas para embarcar carne de frango do Brasil para a China, assim como também à Austrália, Nova Zelândia, Camboja”, disse o vice-presidente de aves da ABPA, Ricardo Santin.

Suinocultura

A tendência é semelhante na suinocultura, com incremento maior na exportação. A produção brasileira de carne de suíno atingiu 3,64 milhões de toneladas em 2015, volume 5% superior ao registrado no mesmo período do ano passado, com 3,47 milhões de toneladas. As exportações fecham 2015 com 550 mil t, volume que representa elevação de 8,9% em relação às 505 mil t do ano anterior.

Em reais, os embarques têm rendimento 14% superior ao de 2014, com um total de R$ 4,3 bilhões. Já em dólares, há uma retração de 20%, totalizando US$ 1,2 bilhão.

“No ano passado, a aceleração das vendas para o Leste Europeu elevou os valores de venda, que atingiram altas históricas. Neste ano, vimos uma readequação dos níveis dos preços a patamares equivalentes aos de anos anteriores, o que justifica a retração da receita”, disse o presidente da ABPA, Francisco Turra.

Para 2016, a previsão do setor é de crescimento em produção e exportação entre 2 a 3%. “Além do incremento dos embarques, espera-se uma leve alta no consumo per capita brasileiro. Além disso, contamos com melhor performance de vendas para o Leste Europeu e abertura de novos mercados”, analisa Turra.

Ovos

Com crescimento de 6,1%, a produção brasileira de ovos alcançou 39,5 bilhões de unidades, ante 37,2 bilhões de ovos produzidos em 2014. Já as exportações do produto in natura e processado totalizam 20,7 mil toneladas, alta de 70% ante a 2014, com 12,2 mil t. A receita cresce tanto em reais quanto em dólares, respectivamente com R$ 90 milhões (+120%) e US$ 26 milhões (54%).

Peru

A produção de peru manteve-se estável e fecha o ano com quantidade virtualmente idêntica à de 2014, de 329 mil toneladas. As exportações tiveram saldo 6,3% maior, com 133 mil toneladas. Com isso, o setor obtém receita em reais de R$ 950 milhões (+21%), ou de US$ 287 milhões (-13%).

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