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A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) publicou uma nota técnica que alerta para os impactos da aplicação de tarifas de importação adicionais de produtos brasileiros pelos Estados Unidos, anunciada pelo presidente Donald Trump na última semana. Com a tarifa extra de 10% para produtos do Brasil, alguns produtos devem ficar mais expostos e representar perdas para o agronegócio local.
Segundo o estudo da CNA, o maior impacto será sobre os produtos em que o Brasil é dominante no mercado norte-americano, como suco de laranja, além do etanol, açúcar, carne bovina e soja, que concorrem com a produção interna dos EUA.
No caso do suco de laranja, a estimativa é de que pode haver uma queda de 743 milhões de litros na exportação de suco de laranja — só em 2023, o Brasil exportou 1 bilhão de litros do produto para os EUA.
Em relação às carnes, o potencial de impacto é de 17 mil toneladas, reduzindo para 3 mil toneladas as exportações brasileiras desse produto.
Veja a seguir os principais produtos impactados, segundo a CNA:
- Suco de laranja - De 1 bilhão para 261 milhões de litros
- Etanol - De 337 milhões para 296 milhões de litros
- Açúcar - De 73 mil toneladas para 45 mil toneladas
- Outros sucos - De 61 milhões para 37 milhões de litros
- Carne bovina - De 20 mil toneladas para 3 mil toneladas
- Soja - De 346 mil toneladas para 329 mil toneladas
- Gordura bovina - De 182 mil toneladas para 167 mil toneladas
- Arroz quebrado - De 28 mil toneladas para 14 mil toneladas
- Sucos de frutas cítricas - De 14 milhões de litros para nenhum
De acordo com relatório da CNA, “ainda é precipitado avaliar eventuais perdas ou ganhos para o Brasil”, visto que o “tarifaço” de Trump também afeta outros países do mundo, incluindo exportadores de produtos agropecuários.
Para a entidade, o governo brasileiro deve seguir negociando com os EUA para buscar mitigar os efeitos das tarifas anunciadas e somente utilizar instrumentos de produção, como o PL da Reciprocidade, já aprovado no Congresso Nacional, “após o esgotamento dos canais diplomáticos, para defender os interesses brasileiros”.
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