Etios se agarra na marca para seduzir

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O emblema da Toyota à frente da grade frontal e na tampa do porta-malas virou o grande trunfo do Etios para brigar em pé de igualdade contra a forte concorrência no segmento de hatch compacto. A marca tem uma imagem associada a motores confiáveis e de bom desempenho e à maciez da sua suspensão. Qualidades também presentes no popular japonês lançado oficialmente esta semana no Brasil. Acrescente ainda o amplo espaço interior e o preço bem acessível para um Toyota (a partir de R$ 29.990) e teremos o pacote no qual a empresa aposta suas fichas para seduzir os consumidores.

Mas, carro também se vende pelo visual e nível de equipamentos. E nesses quesitos o Etios acaba derrapando e ficando para trás diante dos principais adversários, especialmente Hyundai HB20 e Nissan March. O design do Etios é conservador ao ponto de remeter aos compactos da década passada. Tanto que a versão sedã é o focinho do Renault Logan, outro do segmento com linhas ultrapassadas, mas que vende bem pelo bom custo-benefício.

As barras e grades cromadas nas versões superiores até dão uma aparência de requinte ao carro. Contudo, essa impressão some ao entrar no veículo e notar a grande profusão de plástico nos painéis das portas e no console. Porém, nada que esteja longe ou acima do que é visto em outros concorrentes do segmento.

A relação de itens de série também deixa a desejar. A versão mais básica, o hatch com motor 1.3, apesar do airbag duplo de fábrica, não oferece direção elétrica e freios ABS, que só aparecem de série na configuração logo acima, a X, por R$ 33.490. Nesta, o ar-condicionado é opcional e encarece o modelo em R$ 2,7 mil.

Os espelhos externos vêm apenas com ajustes manuais, isto é, retrovisores elétricos nem como opcional, seja qual for a versão. O mesmo ocorre com o computador de bordo, que, neste caso, exigiria um enorme esforço visual do condutor para enxergá-lo dado o tamanho reduzido do mostrador digital.

O quadro de instrumentos no centro do painel tem fácil visualização dos números do velocímetro pelo tamanho, no entanto a sua posição acaba desviando a atenção do condutor na hora de consultá-lo. Os bancos dianteiros têm bons apoios laterais, são confortáveis, e o espaço para as pernas e para a cabeça é mais do que justo. Os porta-malas levam 270 (hatch) e 562 litros (sedã).

Quem busca fôlego por debaixo do capô irá se satisfazer com o conjunto mecânico do Etios, que entrega o necessário no bloco 1.3, de 84/90 cavalos (gasolina/etanol). A versão hatch é oferecida também com propulsor 1.5 de 92/96,5 cv. Em subidas por rodovias na região de Sorocaba (SP), local de lançamento do modelo, ele mostrou vigor ao ser exigido para ultrapassagens.

Já no motor 1.5 do sedã (único disponível para o três volumes) os 6 cv a mais do que o 1.3 não foram suficientes para entregar um desempenho semelhante ao dos rivais que usam motores 1.6 ou 1.8.

Quanto ao consumo, os dados da marca para o desempenho urbano do compacto são de 8,5 km/l (etanol) e 12,5 km/l (gasolina) para os motores 1.3 e 1.5 do hatch e de 8,4 km/l e 11,9 km/l no sedã 1.5.

Ao volante, o comportamento nas curvas merece elogios, bem como as respostas diretas aos comandos no volante. O ajuste de maior maciez para a suspensão, típica da Toyota, propicia conforto aos ocupantes, com as irregularidades na pista sendo pouco notadas no interior da cabine. O isolamento acústico barra com perfeição os ruídos externos, inclusive o do motor.

No geral o modelo cumpre com sua proposta de oferecer, antes de tudo, um conjunto mecânico confiável, ao passo que deixa de lado o apelo visual e alguns mimos que, ainda, não encabeçam a lista de prioridade de muitos potenciais compradores.

O jornalista viajou a convite da Toyota