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Mustang só vai a rua em dia de sol. Se estiver chovendo, carro fica na garagem | Divulgação/Lilian Ferrari
Mustang só vai a rua em dia de sol. Se estiver chovendo, carro fica na garagem| Foto: Divulgação/Lilian Ferrari
  • Criado em 1999, os sócios do Maverick Clube de Curitiba transformam os encontros em confraternizações familiares

Não é segredo que o brasileiro é um povo apaixonado por carros. Histórias inusitadas de motoristas que tratam o automóvel como um filho, não tiram o veículo da garagem em dia de chuva ou, ainda, que não permitem que ninguém, além dele mesmo, assuma o volante são corriqueiras. Em alguns casos, essa paixão transcende o comportamento individual e resulta em ações coletivas para manter viva a história de determinado modelo por meio dos clubes de colecionadores.

Há algumas décadas, o número de associações de aficionados por carros tem aumentado gradativamente. Neste cenário, Curitiba tem conquistado destaque por abrigar mais de uma dúzia de clubes de colecionadores. São apaixonados por Fords, Pumas, Mavericks, MP Lafers, Mustangs, Fuscas, Kombis, entre tantos outros modelos, que se reúnem periodicamente para compartilhar informações sobre o automóvel. As associações também são responsáveis por organizar exposições dos modelos.

"Os clubes de colecionadores são uma extensão do amor que o brasileiro tem pelo carro", afirma o presidente do Mustang Clube de Curitiba, Rogério Vidal. A associação, com cerca de 60 integrantes do clube, vai completar 10 anos no próximo dia 17.

Em alguns casos, a associação se transforma na extensão da casa do colecionador. No Maverick Clube de Curitiba, o que era para ser um grupo para preservar a memória do modelo e criar uma cadeia de peças e oficinas acabou unindo diversas famílias. Hoje, os encontros são motivo de confraternizações, não só entre os donos, mas também entre as esposas, filhos e amigos.

"Há uma integração muito grande. A participação dos familiares é comum. O meu sobrinho é noivo da filha de um amigo do clube. Eles se conheceram em um encontro", conta o orgulhoso presidente Álvaro Luis Trevisan Franco.

Cuidados especiais

A rotina de quem tem um carro antigo na garagem e integra um clube de colecionadores é mais intensa no final de semana. Participação em exposições e/ou encontro com os demais integrantes do grupo são compromissos oficiais. Porém, a presença depende de alguns fatores externos. "Nada de andar na chuva. Isso é importante para evitar corrosão do automóvel", ressalta Vidal.

O presidente do clube da famosa marca do cavalinho assume que, algumas vezes, o proprietário fica até chato devido aos diversos cuidados com o veículo. "O pessoal é exigente. O carro tem que estar sempre limpo, lavado e encerado. Nada de deixar na rua ou permitir que os outros dirijam, para não avariar a pintura", diz, citando uma completa lista de cuidados especiais.

As associações também auxiliam seus integrantes na preservação dos modelos. Um bom exemplo é o Maverick Clube, criado em 1999, que, por meio da rede de contatos e eventos, fez com que alguns proprietários desistissem da venda para conservá-lo. "Muitas pessoas desistiram de vender por conta do clube, pois se tornou um incentivo", explica Franco.

Manutenção

Aos olhos de um admirador, os carros antigos, além de serem uma verdadeira obra de arte, podem significar gastos exorbitantes. Puro engano. A manutenção e conservação de um automóvel de época são similares a dos carros sedãs atuais. "O Maverick é o Vectra da época. Se você for comprar uma lanterna original para o Maverick vai pagar cerca de R$ 300, enquanto para o Vectra em torno de R$ 400", afirma o presidente do clube. "As pessoas associam carro antigo com carro velho e que as peças são compradas em ferro velho. Não é assim. Quem gosta compra peça original", garante.

Os gastos com o carro antigo podem ser maiores se forem necessários serviços de cromagem ou restauração. Quando é preciso contratar profissionais especializados, o investimento é maior.

Preservando a história

Além do resgate e conservação dos veículos originais, o Clube do Puma tem outro propósito. A direção da entidade mantém, com sucesso, contato com os profissionais que trabalharam na fábrica da montadora na década de 90. "Os clubes nascem para preservar determinada marca. No nosso caso, além do veículo, nossas ações incluem os antigos funcionários da fábrica que saiu de São Paulo e se instalou aqui", conta o conselheiro Sérgio Emílio Tempo.

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