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A tecnologia bicombustível, desenvolvida pela Bosch e lançada em 2003 pela Volkswagen, surgiu como a grande solução para os aumentos constantes da gasolina. Ter a opção de abastecer com álcool passou a ser um alívio no bolso do motorista, afinal de contas o produto alternativo chegou a custar em média, até pouco tempo, quase a metade do valor do litro de gasolina

Porém, desde o ínicio deste ano o consumidor está sendo obrigado a fazer as contas para saber qual combustível é mais vantajoso na hora de abastecer. Isso porque o valor do álcool em relação a gasolina atingiu na média a menor diferença nos últimos 24 meses – R$ 0,52 na segunda semana de março de 2006 contra R$ 0,71 e R$ 1,00 no mesmo período em 2005 e 2004, respectivamente.

Diante do quadro, a melhor opção é fazer o cálculo da relação de preço álcool/gasolina, assegura o vice-presidente da GM do Brasil, José Carlos Pinheiro Neto. "Como o consumo médio dos modelos flex é 30% maior ao usar o combustível vegetal ante o mineral, só compensa abastecer com álcool se o preço do litro custar até 70% do da gasolina", explica.

O último levantamento feito pela Agência Nacional do Petróleo mostra que o preço médio do litro de álcool na capital (R$ 2,05) equivale a 79,7% em relação a gasolina (R$ 2,57), caindo para 77,7% em Cascavel (R$ 2,06/R$ 2,65), 77,4% em Londrina (R$ 2,06/R$ 2,66) e 76,1% em Foz do Iguaçu (R$ R$ 1,98/ R$ 2,60). Portanto, do ponto de vista financeiro compensa mais usar o derivado de Petróleo, apesar deste também estar inflacionado.

Para àqueles que investiram em automóveis bicombustíveis buscando economia ao encher o tanque, não há porque se desesperar. Pelo contrário. Arnaldo de Alcântara Pellizzaro, diretor da ABI Consult, especializada na análise do ambiente automotivo brasileiro, diz que o automóvel flex é a grande saída para o atual cenário, pois dá ao consumidor a opção entre os dois combustíveis. "Se o álcool estiver caro, basta utilizar a gasolina. O ideal é verificar qual o consumo na cidade e na estrada do seu carro e fazer a conta corretamente. Quando quiser mais autonomia abasteça com gasolina, se a meta é rendimento opte pelo álcool", dá a dica.

Na opinião de Pellizzaro, existe uma falsa idéia de que o carro flex é o vilão pela alta do álcool (devido à forte demanda na procura pelo combustível vegetal). "Isso não é verdade. Trata-se de um efeito sazonal. Esses aumentos de preço sempre vão acontecer, principalmente se ninguém bancar (leia-se governo federal) a estocagem do produto durante o período de entressafra", explica o analista.

Enquanto isso, o consumidor mais uma vez precisará ter paciência e reserva no bolso até que "crise" do combustível seja superada. A previsão do presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Paraná (Sindicombustíveis-PR), Roberto Fregonese, é a de que os valores voltem a níveis aceitáveis a partir de maio, quando as usinas de São Paulo moerem a safra 2006/ 2007. "Por enquanto apenas a Cocamar (em Campo Mourão) está produzindo combustível para suprir o mercado e evitar o risco de desabastecimento. A partir de maio, com o enorme ‘derrame’ de produto no mercado, a lei da oferta e da procura se encarregará de puxar o preço para baixo", enfatiza Fregonese.

Porém, não espere valores idênticos aos praticados no ano passado, quando o litro do álcool hidratado chegou a custar R$ 1,24 durante o mês de maio. De acordo com o presidente do Sindicombustíveis-PR, o setor sucroalcooleiro deve aproveitar a valorização do álcool e do açúcar no mercado internacional e exportar um volume maior da produção. Isso significa que a oferta interna será menor se comparada a 2005. "Sem excesso no mercado, o preço tende a ficar num patamar apenas razoável", completa.

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