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Fusca da família: os irmãos César (esq.) e Lucas com os pais Sueli e Palmiro Barbosa | Jonathan Campos/ Gazeta do Povo
Fusca da família: os irmãos César (esq.) e Lucas com os pais Sueli e Palmiro Barbosa| Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo

"O Fusca continua sendo um catalisador de emoções"

O Dia Mundial do Fusca surgiu graças à dedicação de Alexander Gromow, um alemão que veio para o Brasil com apenas 2 anos de idade. Ele teve a ideia e trabalhou no sentido de lançá-la mundialmente -- isso na primeira metade da década de 1990.

Leia a entrevista na íntegra

Velhos, mas bem conservados

Além dos modelos curiosos, a comemoração do Dia Mundial do Fusca, que ocorrerá neste domingo, em Curitiba, contará com a presença de exemplares bastante raros, como a versão Heb Muller, ano 1950, motor 1100, do aposentado José Francisco dos Santos, 57 anos. O conversível no estilo saia-e-blusa, na cor azul-marinho com bege nas laterais, é uma verdadeira relíquia. Somente 540 unidades foram fabricadas. No Brasil se tem conhecimento de apenas duas em estado original: essa de Curitiba e outra de São Paulo. Outras são vistas rodando por aí, mas trata-se de réplicas feitas em fibra de vidro.

O carro veio do Estados Unidos para o Brasil desmontado, adquirido há 25 anos como sucata por um conhecido de José Francisco. "Levei 15 anos para montá-lo novamente, já que muitas peças estavam faltando. Alguns componentes só existiam no mercado americano e, de tão raras, eram difíceis de encontrar", conta.

O Fuscão ano/modelo 1974/75 de Wolfgang Pe­­ter Goossen, técnico em mecânica, de 57 anos, é outro exemplo de "mosca branca". Apesar de a produção do modelo ter atingido 19 mil unidades, o exemplar do curitibano é o único no Paraná e um dos poucos no país em excelente estado de conservação e restauração. "É como encontrar uma agulha no palheiro. Não existem mais peças", argumenta.

O dono está com o carro há 35 anos e se orgulha de exibir o modelo com todos os componentes originais de fábrica. Do contagiros, vo­­lante esportivo e rodas aro 14 ao termostato (medidor de pressão do óleo), amperímetro (mede a cor­­rente elétrica da bateria) e relógio de horas.

Os acessórios eram exclusivos desse Fusca, chamado de "besourão" devido ao motor 1600 S, novidade na época, e também à carburação dupla e ao scoop (entrada de ar forçado), além dos orifícios maiores no lugar das tradicionais aletas da tampa traseira. "Os outros modelos não traziam essa configuração. Motor só havia o 1300 e o 1500", recorda Goossen.

Durante essa semana fãs do Fusca de todo o planeta es­­tão celebrando o dia mundial do simpático carro, co­­memorado hoje. Foi em 22 de junho de 1934 que o engenheiro Ferdinand Porsche e a Associação Na­­cional da Indústria Auto­­mobi­­lística Alemã assinaram o contrato para a fabricação do Volks­­wagen, apelidado por aqui de Fus­­ca, que viria a ser um dos modelos mais ven­­didos da história.

Confira imagens de fuscas raros que existem na capital

A importante data para os fuscamaníacos surgiu graças ao empenho de Alexandre Gromow, um alemão radicado no Brasil desde os 2 anos de idade. Ao participar do 5.º Encontro Internacional de Volkswagen An­­tigos de Bad Camberg, na Alemanha, em 1991, como presidente do Fusca Clube do Brasil à época, ele apresentou a ideia, que acabou aclamada por clubes dos cinco continentes. “Tive como base a experiência do Dia Nacional do Fusca brasileiro, que eu também ajudei a criar”, destaca o entusiasta, de 64 anos. A data foi oficializada em 1995.

A passagem é celebrada de duas formas: por meio de um encontro entre apaixonados pelo Fusca em um determinado espaço para expor suas preciosidades ou através do ‘Drive your VW Beetle to work day’, que na tradução do inglês significa ‘Dia de levar o seu Fusca para o trabalho’. Neste caso, os proprietários colam cartazes nos vidros laterais traseiros para indicar que estão participando da comemoração.

O primeiro tipo de homenagem é praticado há três anos em Curi­tiba. A edição 2011 do Dia Mundial do Fusca será neste domingo na Praça Nossa Senhora de Salete, no Centro Cívico, das 10 às 18 horas. Or­­gani­za­do pelo Fusca Mania Clu­be Curitiba, com apoio da Copava, concessionária Volkswagen na capital, o encontro exibirá 150 unidades do besouro, como é carinhosamente conhecido, de diferentes versões e épocas.

Alguns veículos que estarão expostos chamam a atenção pela excentricidade. O Standard 1969, motor 1300, do casal Marco e Lana Rebuli, é vestido com inúmeros aces­só­­rios. São 123 ao todo. As peças mais antigas são o bagageiro e o ga­­lão de combustível fixado no meio do estepe, ambos da década de 1950.

A lista inclui ainda mosqueteiro nas portas, grade de proteção na lente dos faróis, que trazem também as famosas sobrancelhas (usadas na Europa para evitar o acúmulo de neve) e porta-mapa no teto.

Marco Rebuli revela que decidiu incrementar o fusca por que ele não se destacava nos eventos. "Come­çamos a mudá-lo há 15 anos e de lá para cá já ganhou pelo menos 15 troféus", relata. Há um ano, o casal incorporou mais um item que o deixou ainda mais ex­­clusivo: o para-brisa basculante.

Estilo lata velha

O Fusca 1969, motor 1300, dos ir­­mãos César e Lucas Barbosa, é outro exemplar que atrairá os olhares do público. Quem vê o carro num primeiro momento achará que ele re­­cém saiu do ferro-velho. O desgaste na pintura e a ferrugem estão por toda a lataria. Mas ao observar o interior bem acabado e original perceberá que a aparência "caindo os pedaços" nada mais é que um dos estilos adotados pelos fãs do Fusca. O movimento surgiu nos Estados Unidos e ficou conhecido como Hood Ride, no qual o carro é sucateado propositalmente.

No caso do Fusca dos irmãos, ele já estava deteriorado quando foi adquirido. "Ficou parado por dois anos, ao ar livre, no quintal do antigo dono. As portas estavam podres e o assoalho furado", conta Lucas. O modelo radical ganhou ainda um desenho simulando um arranhado no capô.

Um detalhe curioso é que toda a família Barbosa ajudou na construção do Fusca. O pai Palmiro Bento Barbosa Jr. cedeu os retrovisores externos "caça-mulatas" – que funcionam também como lanternas auxiliares –, a mãe Sueli do Carmo Barbosa se encarregou da forração interna e o outro irmão Luís Carlos Barbosa cuidou da parte mecânica.

Devoção

Para Alexander Gromow, o culto ao Fusca no Paraná está entre o mais fervorosos do país. Seja em organização e empenho nos eventos realizados como na estrutura dos clubes. "São de primeira linha", crava. Na visão de Otto Bisnetto, presidente do Fusca Mania Clube Curitiba, "todos os grupos buscam preservar e manter sempre rodando esses incríveis carros". É impossível precisar, mas hoje há no estado mais de 20 clubes de Fusca e cerca de mil colecionadores, arrisca Bisnetto.

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Serviço:

Informações: www.euamomeufusca.com.br/blog ou (41) 9126-3244.

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