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Mesmo com as declarações de integrantes do Ministério das Minas e Energia de que o governo federal deixará de adotar medidas de incentivo ao gás natural e o medo de que a crise institucional na Bolívia leve a um desabastecimento do produto no mercado nacional, a Delphi do Brasil pretende lançar dentro de dois anos um sistema bicombustível para veículos pesados que permitirá rodar com diesel e GNV.

A nova tecnologia – voltada principalmente para ônibus urbanos coletivos, mas que também poderá ser usada em ônibus rodoviários, caminhões e geradores – deverá permitir uma redução de até 30% nos gastos com combustível por quilômetro rodado (quando abastecido com gás natural), além de uma redução nos níveis de emissão de poluentes, avalia Vicente Pimenta, gerente da Qualidade e Desenvolvimento de Projetos Especiais da Delphi. Vale lembrar que um veículo movido a GNV polui menos porque a queima do combustível é muito mais completa que a do diesel, gasolina e do álcool. Por isso, os modelos movidos a gás emitem menos óxidos nitrosos, dióxido de carbono e, principalmente, o monóxido de carbono.

Com previsão de entrada no mercado em 2007, o sistema diesel/GNV é formado por um kit que inclui itens como tubulações, bicos injetores, válvulas, sensores, central eletrônica (necessário instalar se o veículo tiver motor mecânico) e cilindro de armazenagem de gás natural. Se o cilindro com GNV estiver vazio, o motor funciona só com diesel. Mas, se houver gás no reservatório, e a chave seletora estiver no modo automático, a central eletrônica assume o comando da proporção da mistura, injetando inicialmente diesel e, na seqüência, gás natural.

O uso dos dois combustíveis é necessário, explica Pimenta, porque, na nova tecnologia, o diesel será usado na partida e depois o gás vai sendo injetado na câmara de combustão, por meio de bicos no coletor de admissão. A mistura pode chegar a uma proporção de 95% de GNV e 5% de diesel. Só não se usa 100% de gás no motor porque, como um propulsor a diesel não tem velas (como no caso dos carros a gasolina), é necessário um pouco de diesel para provocar a ignição.

E quanto maior a rotação do motor ou a carga do veículo, mais gás será injetado. O resultado é que não há perda de potência ou torque se comparado com o motor a gasolina convertido para ser abastecido também com gás natural.

Testes

Nos próximos meses, conta o gerente de Qualidade e Desenvolvimento de Projetos Especiais da Delphi, a empresa vai iniciar os primeiros testes do sistema diesel/GNV em veículos com motor mecânico (numa segunda etapa o kit deverá ser instalado em modelos com motores eletrônicos). Assim, a empresa espera confirmar as reduções na emissão de poluentes e de gasto do combustível. Pimenta revela que já existem montadoras interessadas na nova tecnologia, que também deverá ser oferecida numa segunda etapa como kit para conversão em oficinas. "Mas a prioridade é oferecer o kit diesel/GNV para as montadoras, que lançariam veículos pesados bicombustíveis de série", conclui.

Além de ser menos poluente, o GNV é mais barato que o diesel. Nos postos de Curitiba, o gás natural sai por R$ 1,21 o metro cúbico, em média. Já o diesel tem um preço médio de R$ 1,65/litro.

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