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A motor da foto é monocilíndrico e foi usado no início do projeto. O teste final ocorreu com um propulsor tricilíndrico, alimentando por dois turbocompressores. | UFMG
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A motor da foto é monocilíndrico e foi usado no início do projeto. O teste final ocorreu com um propulsor tricilíndrico, alimentando por dois turbocompressores.| Foto: UFMG Divulgação

Imagine um motor 1.0 com impressionantes 185 cavalos de potência e consumo no etanol melhor do que se estivesse abastecido com gasolina! É difícil de acreditar, mas ele já existe e foi desenvolvido no Brasil. 

Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) é a responsável por criar o propulsor dos sonhos de muitos motoristas. A instituição fará apresentação oficial da tecnologia na próxima quarta-feira (25), durante o 4.º Seminário Sobre Etanol Eficiente, organizado pelo Instituto Nacional de Eficiência Energética (INEE). O evento acontece no espaço Tech Center Mahle, em Jundiaí (SP). 

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Segundo o estudo que acaba de ser concluído, o motor 1.0 movido a etanol, com três cilindros e dois turbocompressores, possui uma economia de combustível superior aos movidos a gasolina e uma eficiência equivalente aos que utilizam diesel. São 185 cv e 30,0 kgfm de torque máximo.

A novidade acaba com o conceito de que o álcool hidratado consome 30% a mais comparado a gasolina. “O etanol sempre superou a gasolina em termos de eficiência energética. A novidade aqui é a paridade de consumo de combustível”, explica o professor e engenheiro mecânico José Guilherme Coelho Baêtado, do Centro de Tecnologia da Mobilidade da UFMG

A foto que abre a matéria mostra um motor monocilíndrico que deu origem ao desenvolvimento da tecnologia. Hoje, ela já está acoplada a um protótipo tricilíndrico.

Daniel Castellano Gazeta do Povo

O docente fará uma palestra no seminário paulista no qual dará mais detalhes técnicos e mostrará a viabilidade do projeto, que, de acordo com ele,  pode facilmente ser adaptado em automóveis de pequeno e grande portes no país, desde que haja interesse dos órgãos públicos e privados.  

A  criação do ‘super motor’ consumiu 14 anos de pesquisas e testes. Todo o sistema de combustão do motor foi modificado e reduziu-se o tamanho da câmara de combustível para facilitar a queima do etanol com cargas elevadas. 

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O motor movido a etanol possui eficiência igual ao do propulsor a diesel e consumo de combustível inferior ao da gasolina.

O professor Baêta explica que o combustível fóssil tem uma vida útil pequena, de 40 anos, aproximadamente, e que no futuro não será possível depender só de sistemas elétricos. Por isso, é preciso desenvolver tecnologia a partir do uso de matrizes energéticas renováveis.

“Cerca de 45% da matriz energética de combustível no Brasil vem de fontes renováveis, enquanto que em outros lugares do mundo este índice gira perto de 11%. Isso significa que temos condições de sermos autossuficientes, adaptados à realidade do clima tropical”, compara.

Falta de incentivo 

Desde o ProálcoolPrograma Nacional do Álcool -, financiado pelo governo federal entre as décadas de 1970 e 1990 para substituir o petróleo por álcool combustível (termo usado para o etanol à época), não se investiu mais em larga escala em estudos e no desenvolvimento de tecnologias envolvendo o motor a etanol. 

Aliado a isso, houve o desinteresse das indústrias e universidades, que contribuíram para que o setor automobilístico brasileiro não se modernizasse de acordo com o potencial energético, tornando-se cada vez mais dependente da tecnologia estrangeira. 

Como cada região do planeta dispõe de matrizes energéticas diferentes, as tecnologias desenvolvidas também são diferentes para adaptá-las. 

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Fábio Alexandre Gazeta do Povo

Baêta lembra que as montadoras da frota brasileira são multinacionais e as tecnologias dos veículos são trazidas de fora, desenvolvidas de acordo com os recursos energéticos estrangeiros e não com os renováveis que o Brasil dispõe. 

“Ficamos atrasados no desenvolvimento de tecnologias nacionais e isso é uma ignorância do mercado, que não valoriza o que é daqui. Precisamos quebrar paradigmas e deixar de exportar nossas riquezas como matéria prima e, sim, exportar produtos já transformados aqui”, conclui o professor. 

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