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A luz que brilhou na hora mais escura
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Em tempos de bússola moral torta, relativismo radical, hedonismo e niilismo epidêmicos, antissemitismo disfarçado de anti-sionismo e patrulhamento ideológico travestido de “tolerância”, é sempre recomendável voltar às lições dos seis anos mais violentos e mortais da história.

Completando a série iniciada por Hacksaw Ridge e Dunkirk, estréia nesta semana Darkest Hour (“O Destino de Uma Nação”), longa dirigido pelo britânico Joe Wright e com Gary Oldman numa atuação tão merecedora do Oscar que os outros concorrentes nem precisam aparecer na festa. Se ainda existe algum resquício de meritocracia no prêmio, Oldman pode separar um espaço na prateleira para sua primeira estatueta.

O filme tem como foco o mês mais importante das últimas décadas, talvez séculos: maio de 1940, quando a máquina de guerra alemã (Wehrmacht) parecia invencível e um único líder mundial, a despeito de todas as pressões internas e externas e dos riscos incalculáveis da decisão, disse: “nós nunca vamos nos render!”.

Se o recém empossado primeiro-ministro capitulasse naquele momento, se a única potência mundial que resistia aos avanços alemães acenasse com a possibilidade de rendição num “acordo de paz”,  teríamos um mundo tão diferente do atual como consequência que mesmo as mentes mais delirantes não poderiam conceber.

A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) foi o conflito mais sangrento da história sob qualquer ponto de vista. Da invasão da Polônia em 01 de setembro de 1939 até a rendição final dos japoneses em 2 de setembro de 1945, entre 60 e 65 milhões de pessoas perderam suas vidas, aproximadamente 80% deles civis desarmados, entre eles metade dos 12 milhões de judeus da Europa. Em resumo, quase 40 mil mortos por dia, todos os dias.

A Alemanha, comandada por Adolf Hitler desde 1933, anexou a Áustria em março de 1938, deixando claro para qualquer observador atento os planos imperialistas do governo nazista. A nação derrotada na Grande Guerra anterior (1914-1918) queria vingança, enquanto os vitoriosos no conflito preferiam qualquer solução a uma nova guerra. Um erro quase fatal para a civilização judaico-cristã Ocidental.

Em setembro do mesmo ano, o primeiro-ministro inglês Neville Chamberlain se encontrou com Hitler e Mussolini em Munique para assinar o acordo infame que entrou para a história como uma prova das nefastas consequências do apaziguamento unilateral. Como disse Churchill , “entre a desonra e a guerra, escolheram a desonra e terão a guerra”.

“Entre a desonra e a guerra, escolheram a desonra e terão a guerra”.

Poucos dias depois do Acordo de Munique, Hitler invadia os Sudetos, região montanhosa entre a República Checa e a Polônia. Em março de 1939, anexava toda a Checoslováquia. Em setembro, as tropas nazistas cruzam as fronteiras polonesas, seguidos pelas tropas de Josef Stálin menos de um mês depois, e o maior conflito de todos se inicia. Os EUA de Franklin Roosevelt, já no décimo ano da Grande Depressão e com um governo infestado de simpatizantes da URSS, declaram neutralidade. Alemães, italianos, soviéticos e japoneses entenderam o recado.

Com a divisão da Polônia entre soviéticos e alemãs, os conflitos se multiplicam e a força da Wehrmacht assombra o mundo. Em abril, anexam a Dinamarca e a Noruega. No emblemático 10 de maio, invadem a França, Bélgica, Luxemburgo e Holanda. Neste mesmo dia, Winston Churchill é escolhido o novo primeiro-ministro.

Nesta “hora mais escura”, grande parte da Europa já estava sob controle das tropas de Adolf Hitler e seus aliados, incluindo a França. Os EUA continuavam vendo seus aliados históricos caindo mas mantinham a posição de neutralidade no conflito. A Inglaterra era o único real empecilho para a vitória final do nazi-fascismo. E é esta a dívida eterna e impagável que nossa civilização tem com o povo britânico. Mas especificamente, com Winston Churchill.

Em 125 minutos, Darkest Hour mostra as pressões políticas sofridas pelo grande nome do séc. XX para que a Inglaterra aceitasse um armistício humilhante com a Alemanha e, na prática, fosse anexada como a França. Hitler contava com simpatizantes no parlamento britânico e até na família real e tudo levava a crer que uma capitulação poderia preservar a ilha de uma invasão. Menos para Churchill.

Historiador, intelectual, escritor e orador sem paralelo, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 1953, Churchill usa sua arma mais poderosa para liderar a nação: a língua inglesa. Com um discurso arrebatador e irresistível, diz ao parlamento e à nação que defenderá a ilha “a qualquer custo”, que lutará em todos os lugares e que nunca se renderá. Se estas palavras não fossem ditas naquele instante, você não estaria lendo este texto agora.

Darkest Hour é um bom filme que se faz urgente e obrigatório quando o Ocidente parece ter perdido a referência do bem e do mal, caindo nas armadilhas satânicas do relativismo, do politicamente correto, do multiculturalismo suicida, do liberalismo antiliberal disposto a rifar a civilização Ocidental para quem pagar mais.

O heroísmo de Churchill é a lembrança da importância fundamental do herói, de quem arrisca a própria segurança em nome de um bem maior que ele mesmo, para a sobrevivência da civilização mais livre, próspera e justa já criada pela humanidade.

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