• Carregando...
Secretariado do governo do Paraná (Foto: Rodrigo Félix Leal/Governo do Paraná)
Secretariado do governo do Paraná (Foto: Rodrigo Félix Leal/Governo do Paraná)| Foto:

Desde que o ex-secretário da Fazenda Mauro Ricardo Costa deu o tom do segundo mandato de Beto Richa (PSDB) no governo do Paraná, não é prudente que deixemos passar desapercebidas nomeações de secretários de fora do estado para o comando de pastas relevantes. Sucessor da gestão Beto Richa/Cida Borghetti, Ratinho Junior (PSD) recorreu a dois forasteiros para postos-chave: a Fazenda, que ficou com Renê Garcia Junior, e a Educação, comandada por Renato Feder.

Enquanto os novos secretários tomam pé da estrutura que comandarão, a coluna tenta decifrar o que pensam com base no que os dois novos secretários publicaram nos últimos anos.

Fazenda

O economista Renê Garcia Junior foi colunista do Jornal do Brasil entre 1983 e 2018. Deixou a função no fim do ano passado, segundo ele próprio escreveu, “por motivos de natureza profissional”, para assumir a Secretaria da Fazenda do Paraná. Nas últimas colunas em que publicou no periódico, ele defendeu reiteradamente a necessidade de os poderes públicos brasileiros realizarem ajustes fiscais.

No cenário federal, Garcia Junior fez duras críticas às gestões petistas.

“A economia brasileira ao longo dos últimos anos sofreu um grande processo de destruição de capacidade produtiva e de criação de emprego, por conta de um longo ciclo de recessão, fruto de incontáveis erros de formulação e gestão, o que proporcionou o atual estado de anomalia e disfuncionalidade”, escreveu em outubro de 2018.

LEIA MAIS: Ratinho Junior ‘congela’, por decreto, R$ 8,1 bilhões do orçamento do Paraná

Carioca, o novo secretário não publicou texto específico sobre as contas do Paraná, mas fez uma análise geral da situação fiscal dos governos estaduais e municipais. Sobre isso, fica evidente a crítica em relação à fatia do orçamento comprometida com o pagamento de pessoal.

“A imprensa, nos últimos dias, alertou para a inconsistência do regime de remuneração dos servidores públicos, em especial quanto à trajetória explosiva dos reajustes de salários dos servidores no âmbito federal, estadual e municipal, que ostentam uma realidade oposta ao desenvolvimento da massa salarial real do setor produtivo […] a análise recente é indicativa de que a dimensão do problema toma contornos dramáticos quando é abordada à luz da situação de estados e municípios” afirmou Garcia Junior em sua última coluna publicada no JB, em dezembro passado.

Outro ponto relevante é que o atual secretário da Fazenda diz ter “expectativas razoavelmente otimistas quanto à possibilidade de uma retomada mais consistente da economia, em função da recuperação da atividade econômica em curso”. Se essa recuperação acontecer, é positivo para as contas do estado, já que a retomada da atividade econômica deve elevar também a arrecadação da  Fazenda estadual.

Educação

Para comandar a pasta da educação, Ratinho Junior escolheu o empresário Renato Feder, CEO da empresa de tecnologia Multilaser, que paralelamente a essa atividade vem desenvolvendo projetos ligados à área de educação. Ele chegou a ocupar, no ano passado, o cargo de assessor voluntário na Secretaria de Educação do Governo de São Paulo. Em 2007, ele escreveu um livro em que defendia a privatização do ensino público por meio da instituição do pagamento de vouchers às famílias, que utilizariam esse recurso para financiar os estudos em instituições privadas.

Além das reflexões sobre educação, a obra trazia fortes críticas à atuação do Estado. Já na epígrafe o livro diz a que veio: “O Estado é o tipo de organização que, apesar de fazer mal as grandes coisas, faz as pequenas coisas mal também”, citação atribuída ao economista John Kenneth Galbraith.

Mais de dez anos após a publicação da obra, entretanto, a visão do secretário é outra.

“Eu acredito tranquilamente, firmemente, que ensino público tem condições de entregar ensino de excelência. Não vou privatizar, não vou terceirizar e não vou fazer voucher”, afirmou Renato Feder em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo.

Segundo ele, sua gestão dará especial atenção a quatro pontos que têm feito outros estados brasileiros evoluírem no IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica): motivação aos professores; elaboração de material didático próprio e comum a toda a rede; atenção à frequência dos alunos em sala de aula; e intercâmbio para outros países para os alunos com melhor desempenho.

Acompanhe o blog no Twitter.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]