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O presidente eleito Jair Bolsonaro vai trocar a Câmara dos Deputados pelo Palácio do Planalto.. Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
O presidente eleito Jair Bolsonaro vai trocar a Câmara dos Deputados pelo Palácio do Planalto.. Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo| Foto:

O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) promete, em seu plano de governo, “tolerância zero com privilégios”. Nos dez últimos anos de mandato como deputado federal, porém, ele gastou R$ 4 milhões em recursos públicos (valores atualizados) com despesas como divulgação do mandato, passagens aéreas, auxílio-moradia, locação de veículos, impressão de informativos, serviços postais, enfim, todas as mordomias disponíveis aos parlamentares de Brasília.

Hoje mergulhado no mundo digital – ponto forte da sua campanha presidencial –, Bolsonaro já esbanjou muito dinheiro na impressão de folhetos para divulgar o seu mandato. Em maio deste ano, pagou R$ 18 mil pela impressão de 120 mil informativos em papel couche. Em dezembro do ano passado, foram mais R$ 15,6 mil para produzir 100 mil folhetos.

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Em 2016, a despesa foi bem maior: R$ 47 mil para imprimir 250 mil informativos e 200 mil envelopes – mais a conta de R$ 100 mil (atualizados) com os correios. Dois anos antes, ele gastou R$ 49 mil para imprimir os panfletos mais 300 mil envelopes e 300 mil adesivos. A conta com serviços postais ficou em R$ 167 mil (atualizados). Mas a gastança foi ainda maior em 2010 – R$ 167 mil com impressos e R$ 158 mil com correios (em valores atualizados).

O total das despesas de Bolsonaro com serviços postais chegou a R$ 879 mil (em valores nominais). A divulgação da sua atividade parlamentar custou R$ 650 mil aos cofres públicos. Só a MR Ceda Impressos recebeu R$ 282 mil. Seriam R$ 460 mil em valores corrigidos pela inflação.

Viagens bancadas pela Câmara

A despesa total do deputado com passagens aéreas alcançou R$ 853 mil nesses dez anos. Como mostrou o blog, R$ 140 mil foram gastos na atual legislatura com viagens para estados fora da sua base eleitoral. Em pré-campanha presidencial, apenas no ano passado, ele visitou 19 cidades país afora e espetou uma despesa de R$ 46 mil na conta da Câmara – ou do contribuinte.

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Bolsonaro ainda gastou R$ 264 mil com a manutenção do seu escritório de apoio, R$ 136 mil com a locação de veículos, R$ 169 mil com telefone, R$ 50 mil com combustível e R$ 12,8 mil com alimentação, entre outras despesas menores. É complexo estabelecer uma média de despesa entre todos os deputados porque muitos tiveram mandatos menores. Dividindo o valor total gasto desde abril de 2009 (primeiro dado disponível) por 513 vagas na Câmara, a média é de R$ 3,6 milhões por deputado (em valores nominais). A despesa feita pelo candidato a presidente ficou abaixo desse valor, com R$ 2,9 milhões.

Durante a campanha, o deputado ainda teve que justificar por que recebeu R$ 622 mil de auxílio-moradia da Câmara, entre 1995 e 2017, se era proprietário de imóvel em Brasília desde 2001. A informação foi publicada pela Folha de S. Paulo em janeiro deste ano. Ele ocupa um apartamento funcional de 230 m² desde abril deste ano – outra mordomia discutível.

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O esbanjamento de recursos públicos com mordomias e privilégios, uma prática adotada por Bolsonaro quando deputado, contraria a lógica do “Orçamento Base Zero”, previsto no seu plano de governo registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ali, ele descreve o caos que é a atual máquina pública federal: “Vemos um setor público lento, aparelhado, ineficiente e repleto de desperdícios”. E apresenta a sua proposta: “Podemos fazer mais com muito menos, partindo de um movimento de gestão pública moderna, baseado em técnicas como o ‘Orçamento Base Zero’, além do corte de privilégios”.

A reportagem procurou a assessoria de Bolsonaro na Câmara, informou o conteúdo da reportagem e solicitou alguns esclarecimentos, principalmente sobre os gastos com gráficas. Não houve resposta até a publicação desse post.

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