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Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo| Foto:

Não é à toa que a curitibana Ariane Lipski, 23 anos, carrega um apelido tão sugestivo.

“Me chamam de Violence Queen“, conta a lutadora de MMA de voz delicada, sem esconder a risada ao revelar o nome de guerra.

Em pouco mais de três anos de carreira (e oito vitórias), a Rainha da Violência soma dois nocautes e quatro nocautes técnicos — índice de 75% de finalização de forma, digamos, brutal.

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Neste sábado (27), diante de quase 60 mil pessoas no Estádio Nacional de Varsóvia, na Polônia, Ariane quer fazer jus à alcunha que recebeu dos poloneses. O duelo contra a romena Diana Belbita vale o cinturão peso-mosca (até 57 kg) do KSW, principal campeonato europeu de MMA.

E apesar da ansiedade, já que a disputa de título está marcada desde janeiro, quando a porta do octógono fechar começa o lazer da ‘monarca da luta’.

“Na hora que minha música começa a tocar já me sinto à vontade. Não quero estar em nenhum outro lugar a não ser no octógono. Todo o treinamento, todo esforço… é a parte mais difícil. Ali [no ringue] é a parte da diversão”, diz a paranaense de 1,70 m e estilo que combina técnica e (muita) agressividade.

Até os 16 anos de idade, ser atleta jamais passou pela cabeça da garota. Mas apenas nove meses após se matricular uma escola de muay thai para manter a forma física, ela já fazia sua primeira luta amadora. O resultado foi um nariz sangrando e um olho roxo.

“Minha mãe ficou desesperada”, recorda a lutadora, cujo aparelho dentário ainda a repassa um quê de adolescente.

Viver do esporte, de verdade, Ariane só descobriu que seria possível dois anos depois, na época em que conheceu o mestre Renato Rasta, hoje líder da academia Rasthai Temple. Deixou o trabalho de secretária em uma clínica odontológica para trás e apostou no sonho de ser lutadora.

E quem disse que o início seria fácil? Após a estreia com vitória, em novembro de 2013, Ariane perdeu por decisão unânime em sua segunda apresentação. Voltou a ganhar na sequência, mas em março de 2015, após mais dois combates, estava com cartel negativo. O terror de qualquer lutador.

“Toda vez que perdia pensava desistir, ia chorando pro treinador, dizia que aquilo não era pra mim”, lembra Lipski, que era faixa-branca de jiu-jítsu quando estreou profissionalmente.

Fotos: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Lutadora Ariane Lipski posa na academia Rasthai, em Curitiba

“Coloquei ela de propósito no fogo cruzado mesmo para ver se ela realmente queria”, argumenta Rasta.

“Não me interessa uma atleta que pare no meio, que desista. Então como estava no começo e apareceram as oportunidades, preparei bem ela, passei a técnica, a estratégia. Só que as adversárias estavam em outro nível, principalmente físico. Isso contou muito. Ela passou por todas as dificuldades, chorou muito, mas mostrou o que eu precisava ver”, completa.

A dedicação e a raça da jovem fizeram toda a diferença. Tanto que no período de somente um ano e três meses, entre junho de 2015 e outubro de 2016, Ariane passou de derrotada a promessa.

Foram seis vitórias seguidas — duas delas no KSW –, além da conquista do prêmio de melhor atleta nacional em 2016, com direito a luta e nocaute do ano do Prêmio Osvaldo Paquetá pelo confronto com Julie Werner, no Imortal FC.

“Acho que a Ariane já está entre as top 5 da categoria dela no mundo. Mas é a mais nova de todas e ainda está somente no começo da evolução”, opina o treinador, inspiração ao lado de Cris Cyborg.

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“Tento absorver ao máximo o que ele passa. Agressivo, mas muito técnico. Não é loucuragem — se bem que ainda faço umas ali –, sempre tento manter a postura, com muita violência, bem agressiva”, define-se a disciplinada Lipski.

Se vencer o cinturão do KSW, ela terá mais três lutas no contrato até dezembro de 2018. Depois, o objetivo principal é chegar ao UFC, que recentemente anunciou a abertura da divisão mosca feminina.

Até lá, seja para um público pequeno ou para uma multidão de fãs, a Rainha da Violência quer continuar distribuindo sua especialidade.

“A última luta da Ariane antes da estreia no KSW foi para no máximo 500 pessoas. Depois já lutou para 20 mil. Não tem diferença. Coloco para ela esquecer o público. Fechou o cage, estamos na Copa Striker’s House. Fechou o cage, é porrada”, cobra o mestre.

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