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 Kevork Djansezian/Getty Images/AFP
Kevork Djansezian/Getty Images/AFP| Foto:

Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), está em cana. Investigado pela Operação Unfair Play, um braço da Lava Jato, que está desbaratando um esquema de corrupção para compra de votos na escolha do Rio de Janeiro como sede da Olimpíada de 2016.

Chefão do esporte olímpico brasileiro há 22 anos, Nuzman foi preso preventivamente acusado de obstruir as investigações. Antes, teve o passaporte retido e com dois outros envolvidos viu bloqueado R$ 1 bilhão (você não leu errado, é um bilhão mesmo) pela Justiça.

Não bastasse a cadeia, ainda foi revelado que Nuzman, 75 anos, possuía 16 quilos de ouro num cofre na Suíça (o equivalente a cerca de R$ 2 milhões). Patrimônio que não foi declarado à Receita Federal. O ouro escondido é absolutamente simbólico.

O cartola esteve à frente do COB por cinco olimpíadas (Atlanta, Atenas, Pequim, Londres e Rio de Janeiro). No período, os atletas brasileiros conquistaram 21 medalhas de ouro. Com o ouro que Nuzman tinha escondido, seria possível produzir 2.600 medalhas douradas.

Em outras palavras, o grande “medalhista de ouro” do Brasil foi mesmo Nuzman. Ninguém “ganhou” mais do que o carioca. E fica fácil entender porque o dirigente ficava tão incomodado quando questionado sobre seus rendimentos, quanto ganhava, qual era a origem do dinheiro.

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Foram duas décadas de uma nação relegada à própria sorte nos Jogos Olímpicos. Dependente, com raríssimas exceções, dos próprios esforços para bancar treinamentos e subir ao pódio — no máximo, um patrocínio de ocasião. Realidade que mudou, um pouco, com a proximidade da Olimpíada do Rio.

Para fazer “bonito” em casa, o COB gastou aproximadamente R$ 3,6 bilhões no ciclo olímpico de quatro anos. Com o maior investimento da história, o Brasil obteve 18 medalhas. Ou seja, cada pódio custou R$ 189 milhões. Como se vê, não há “milagre” para transformar o país numa potência esportiva.

Nuzman, Teixeira e o retrato da cartolagem brasileira

Nuzman entrou na “prestigiada” lista de Marco Polo Del Nero, presidente da CBF, e Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, manda-chuva da entidade por 22 anos, todos investigados e sem poder deixar o Brasil para não entrar em cana.

Sem falar de José Maria Marin, ex-presidente da CBF. Preso pelo FBI na operação sobre corrupção na Fifa, detonada em 2015. Aos 85 anos, o cartola circula de tornozeleira eletrônica por Nova York.

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É o retrato da cartolagem brasileira. Todos os principais dirigentes do país estão envolvidos em escândalos de corrupção. E o nível das federações esportivas, e da direção de clubes, é o mesmo, apenas em escala menor – com raras exceções.

Já disse aqui outras vezes. O esporte sobrevive apesar dos cartolas. Fosse pelos dirigentes, o Brasil jamais seria campeão de coisa alguma. Temos cinco títulos mundiais com a seleção porque o país é um celeiro de craques. Vale o mesmo para as medalhas olímpicas.

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Em regra, a cartolagem só serve para faturar com a paixão alheia, angariar benefícios não só pessoais, mas também para familiares e amigos. Onde quer que metam a mão, deixam um rastro de destruição e desperdício, como vimos na Copa do Mundo e na Olimpíada. E vergonha eterna.

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