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Comida, diversão e arte
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Fabio Mattos - Poco Tapas 2

Fabio Mattos, o chef do Poco Tapas. A arte de fazer comida divertida e saborosa. (Foto/ Anacreon de Téos)

 

Aperitivos

Batida de Sonho de Valsa e Caipirinha molecular. (Foto/ Anacreon de Téos)

 

Sangria Poco Tapas

A sangria, inigualável em Curitiba.

Já escrevi aqui uma vez e reitero agora: a gente vai lá pra se divertir. O restaurante Poco Tapas tem uma novidade e uma surpresa a cada prato. O chef Fabio Mattos também parece curtir junto com os clientes, conforme a reação de espanto ou surpresa esboçada por eles.

É cozinha molecular a base da casa, mas nem por isso os comensais vão se alimentar de espumas, fumaças ou seja lá o que isso possa representar. Mattos é um ótimo cozinheiro e sabe combinar muito bem essa arte de fugir do conceito básico com uma boa mão também para finalizar alguns pratos de puro sabor. E o resultado é o êxito de um pequeno restaurante, meio escondido lá no fim da Vicente Machado (Campina do Siqueira), desde que foi inaugurado, praticamente um ano atrás.

Pão de feijoada com pesto

Pão de feijoada com pesto. (Foto/ Anacreon de Téos)

9 - Steak tartare

Tartar de mignon com azeite em pó. (Foto/ Divulgação)

4 - Clam chowder

Clam Chowder, sopa clássica dos norte-americanos. (Foto/ Divulgação)

6 - marisco

Mariscos ao forno, cobertos com bolacha crocante. (Foto/ Divulgação)

3 - siri mole compac

Siri mole creolo – servido com guacamole, dentro de uma concha do mar. (Foto/ Divulgação)

Estive por lá dia desses, para comer bem e me divertir mais um pouco. E embora a carta de vinhos seja bem feita, com interessantes rótulos selecionados de importadoras pequenas e quase exclusivas, não consigo resistir à sangria, que, ao contrário das que normalmente se encontram por aí, não tem aquele gosto aguado e sem graça. Certamente por ter as frutas maceradas por mais de um dia no vinho cabernet sauvignon, com um toque de licor de laranja.

2 - ravioli molecular tomate

Ravióli molecular de tomate. Sem farinha, a massa é o próprio tomate. (Foto/ Divulgação)

Carré de cordeiro

Carré de cordeiro à la grega. Nada molecular e muito saboroso. (Foto/ Anacreon de Téos)

Torrada de pirão

Torrada de pirão, com purê de feijoada de feijão branco, ovos de codorna e couve. (Foto/ Anacreon de Téos)

Boursin de siri

Boursin de siri. Um sushi com queijo boursin, derretido à mesa, com maçarico.

E aí, primeiro gole e primeiro brinde feitos, vem a escolha dos pratos da casa. Ou das tapas, que vem lá da terminologia espanhola, incorporada no nome do estabelecimento. Dá para escolher à la carte, tapa a tapa. Mas o recomendável mesmo é pedir o menu-degustação, que varia a cada dia, conforme os ingredientes disponíveis, mas sempre apresenta uma interessante (e intrigante) combinação de sabores. Em relação ao ano passado o preço subiu um pouquinho e agora custa R$ 100 por pessoa.

E tudo vale a pena, do primeiro ao último instante. A partir dos shots moleculares, os aperitivos que vão abrir o apetite. Tivemos dois: Caipirinha Molecular (Esterificação de cachaça com limão em pó e açúcar cristal verde) e Batida de Sonho de Valsa (Batida com bombom em sifão com CO2 virando espuma). Daí começaram a vir os pratos.

Claro, antes de tudo, o couvert. Um Pão de feijoada com pesto. Com sabor de feijoada na delicada massa de pão.

E aí, então, começou o desfile. Com um Tartar de mignon. A princípio sem segredos. Tão saboroso quanto outros dos melhores que se tem por aí. Mas tem um detalhe que diferencia e dá a assinatura da casa. O filé mignon é picado a mão, misturado com temperos variados e, aí o toque, coberto com azeite de oliva em pó. Que na boca se desmancha e agrega o sabor.

Em seguida, uma Mousse molecular de camarão. A mousse é feita somente de camarão, grelhado e coberta com polenta de leite de coco adocicado. No mesmo viés, chegam os Mariscos ao forno – mariscos recheados com frutos do mar cozidos em vinho marsala e cobertos com bolacha crocante e manteiga clarificada. E fechando os sabores do mar, Clam chowder, tradicional sopa norte-americana com creme de leite e moluscos, aquk, no caso, feita de bacon defumado, batatas e berbigão.

Para limpar o paladar para os gostos diferenciados que vêm a seguir, um Sorbet de limão com espuma de vodka com sonho de valsa. Vem em formato de globo (como aquelas bolas de vidro das videntes) e de dentro sai uma fumacinha gelada. A gente quebra as paredes do globo e come.

Feito isso, papilas renovadas, começou a vir a segunda parte do menu-degustação. Já de pronto um Ravióli molecular de tomate, com a curiosidade de não ter um nada que seja de farina. A massa é feita somente de tomate e recheada com queijo Boursin. Como cobertura, calda de açafrão, limão e espumante.

O Siri mole creolo veio a seguir. Siri mole é muito comum no Nordeste brasileiro e é feito e comido inteiro, pois é apanhado no mangue justamente quando está trocando a carcaça. Há um produtor em Santa Catarina, que é de onde vem para o Poco Tapas (que, por coincidência, teve seu primeiro restaurante em Joinville). O siri mole é frito em farinha de milho e servido sobre guacamole mexicano. E vem dentro de uma concha do mar.

O que vem a seguir é a Tâmara ao bacon. São tâmaras recheadas com amêndoas e enroladas com bacon defumado, sobre geleia de vinho rosé e aromas de laranja. O detalhe que os aromas de laranja vêm em forma de fumaça, saindo de um recipiente à parte, perfumando o ambiente.

Daí o chef chega à mesa para finalizar o próximo prato, o Boursin de siri. É um sushi com queijo derretido ali na hora, com maçarico, feito de boursin e carne de siri, sobre salmão fresco e arroz de sushi, aromatizado com páprica queimada.

Para finalizar a sequência de pratos, um saboroso Carré de cordeiro à la grega, que nada deve aos melhores carrés que já experimentei e que, valorizando também o lado cozinheiro de Mattos, ao qual já me referi antes, não tem nada de molecular e sim de boa mão. O cordeiro é preparado com temperos gregos, grelhado e coberto com bolacha crocante, alho e orégano.

Estava tudo tão bom, que choramos e conseguimos ainda uma bonificação no menu, um toque extra, um agrado do chef. E veio uma Torrada de pirão, que é uma torrada com purê de feijoada de feijão branco, ovo de codorna e crocante de couve.

Quando passamos para as sobremesas, vieram quatro de uma vez. Em tamanhos pequenos, padrão degustação. Para quem escolher uma só, vem no tamanho normal. Foram elas, então, o Ravióli molecular de açaí com mascarpone de banana, a Queijada de coco com queijo brie e framboesa, o Brownie quente de colher e o Pudim de Jack Daniels, que foi o que mais me encantou, por ressaltar, sem exagero, o sabor da bebida na aveludada massa doce.

Se você já foi lá, vale o retorno, pois Fabio Mattos sempre tem uma invenção a mais para tirar da cartola. Se nunca foi, vale a estreia, pois, voltando ao tema principal, é tudo muito divertido. Aliás, pedindo permissão para os Titãs, isso é que é “Comida, diversão e arte” em todos os seus tons.

10 - Pudim Jack Daniels

Pudim Jack Daniels, uma sobremesa que valoriza o sabor do uísque do Tenessee. (Foto/ Divulgação)

Poco Tapas
Avenida Vicente Machado, 2786 – Campina do Siqueira
Fone: (41) 9682-8758

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E-mail: a-teos@uol.com.br

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