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Polvo grelhado, com risoto de vieiras da Patagônia e physalis, um dos novos pratos do cardápio do restaurante Duo. (Fotos/ Anacreon de Téos)
Polvo grelhado, com risoto de vieiras da Patagônia e physalis, um dos novos pratos do cardápio do restaurante Duo. (Fotos/ Anacreon de Téos)| Foto:

Costela de javali com peras – a costela de javali é assada lentamente, com ervas frescas e as peças são servidas acompanhadas de peras caramelizadas no aceto balsâmico e de um tagliatelle ao molho de queijo.

E aí, de repente, mudou tudo. O Duo Gastronomia (nome oficial do restaurante Duo) está mudando. Tudo, de uma só vez. O chef Rodrigo Cavichiolo, fundador da casa, em 2008, decidiu deixar o estabelecimento, vendido para clientes e que já começa a apresentar mudanças significativas, com mexidas desde o cardápio até o conceito. E com a anúncio de mudança de nome já para o início do ano que vem – daqui a algumas semanas, portanto.

Cavichiolo vinha ensaiando a saída havia algum tempo. “Quero dar mais foco na minha indústria de carnes, que fornece às redes de restaurantes de Curitiba. Além disso, quando nasceu meu filho, resolvi que ia abrir mão de alguma coisa. No começo do ano comecei a trabalhar para essa transição, que foi realizada em junho quando vendi o restaurante para alguns clientes fiéis” – declarou à reportagem do Bom Gourmet.

Com a consolidação da venda, aos poucos as novas proprietárias – Priscila Pacheco e Elizabeth Pacheco, filha e mãe – começaram a implantar um estilo um pouco diferente do que havia sido marcado como assinatura do chef. O próprio Cavichiolo havia demorado um pouco para achar o melhor viés para o restaurante. “A partir de 2011 comecei a construir a história gastronômica do restaurante: focamos mais na gastronomia com uma pegada forte de comfort food, ingredientes orgânicos e receitas que criavam links e elos com a nossa memória” – comentou.

Alguma coisa dessa linha foi mantida, até mesmo alguns pratos que marcaram a história do Duo, como a Panelinha de siri, entrada das mais concorridas, que ganhou apenas alguns discretos toques personais do novo chef da casa, Luiz Fernando Lima.

Ele não é conhecido por esse nome, no meio gastronômico todo mundo trata por “Negão”, apelido carinhoso que ele gosta e com o qual já se acostumou. Mas, cá entre nós, nesse mundo intolerante de hoje, no qual o politicamente correto dá as normas, talvez seja melhor que, aqui, ele seja identificado pelo nome. O apelido fica para os amigos, para os mais íntimos ou até para os clientes mais próximos no tratamento pessoal.

Pois então Lima, o novo cozinheiro, já está na estrada há algum tempo, 11 anos. Com destaque especial para seus tempos de Grupo Vino!, onde foi primeiro cozinheiro e sous chef de Ivan Lopes no Terra Madre, saindo dali para ser o responsável pelo setor de compras dos restaurantes do grupo. Considero que seu momento mais importante tenha sido como chef de cozinha da importadora Grand Cru, em 2014, quando foi o encarregado de transformar o wine bar local em um bistrô e fez um belo (e saboroso) trabalho. Lembro-me de ter me entusiasmado com a nova proposta – e fiz o registro aqui.

Lima chegou ao Duo pelas mãos de outro profissional experiente da área, Gerson Cabral de Souza, que, como garçom e maitre, trabalhou em alguns dos principais restaurantes de Curitiba, como, mais recentemente Alessandro & Frederico e, mais remotamente, Bologna, por muito tempo. Mas sua passagem mais marcante havia sido no Terra Madre, como maitre por muitos anos. Gerson é o novo gerente da casa e, precisando mexer na cozinha, trouxe o cozinheiro que já conhecia e com quem já havia trabalhado.

A dobradinha deu certo e o Duo já está com outra pegada, deixando de lado um pouco de comfort food para incluir opções mais dinâmicas e criativas – embora a cozinha, antiga, ainda a da fundação do restaurante, e um tanto apertada, não permita grandes voos, por enquanto.

Cardápio renovado

Ravióli de galinha caipira, com molho de batatas e julienne de abobrinha.

O couvert da casa.

Fui provar, conhecer as novidades, e fiquei muito bem impressionado. Há um couvert (R$ 14,50), com salteado de vegetais, manteiga, queijo marinado e pães. De entrada, além da já citada Panelinha de siri (R$ 35), tem uma Salada de folhas com Grana Padano e mel trufado (R$ 25) e o clássico Steak tartare (R$ 35). Ainda tem um Camarão com abóbora cabotiá (R$ 45) e Foie gras com cerveja preta (R$ 65) – o foie gras, grelhado, vem com uma redução de cerveja preta e purê de feijão branco.

Entre as massas, foi mantido o Agnolotti de figos turcos (R$ 49), com algumas pequenas mudanças, mas o que me impressionou foi o Ravióli de galinha caipira (R$ 49), um ravióli recheado com carne de galinha caipira assada e servido com um intrigante e delicado molho de batatas, um purê quase líquido. E ainda vêm algumas tiras de abobrinha cortadas bem fininhas.

Dos pratos de mar, o que provei foi o Polvo grelhado, com risoto de vieiras da Patagônia e physalis (R$ 85). Sim, physalis, a frutinha amarela, que deu um toque agridoce e de acidez na medida para o ótimo resultado final do prato. O polvo quase se desmancha, de tão macio, cozido na consistência e temperos certos. O menu ainda tem camarões, o pescado do dia, arroz com frutos do mar, atum e bacalhau.

Das carnes, a que me veio foi uma Costela de javali com peras (R$ 79) – a costela de javali é assada lentamente, com ervas frescas e as peças são servidas acompanhadas de peras caramelizadas no aceto balsâmico e de um tagliatelle ao molho de queijo. Mas há outras boas e interessantes alternativas, principalmente para a turma que não abre mão do filé mignon: Mignon ao molho de uvas (R$ 75), Mignon crocante (R$ 79) e Mignon Rossini (R$ 164). O primeiro é bem simples. O mignon é grelhado, servido com um molho de uvas tintas e vem com batatas assadas.  O segundo, também grelhado, ganha um revestimento de farofa crocante e acompanhamento de risoto de funghi porcini e demi glace. E o outro é um clássico, feito exatamente como se deve: grelhado, com um naco de foie gras também grelhado sobreposto e acompanhamento de purê trufado de raízes e demi glace.

O menu de carnes ainda tem pato, cordeiro e bife de chorizo.

Mil folhas de doce de leite e caju

Há cinco sugestões de sobremesa: Pera cozida em chardonnay (R$ 30), Mil folhas de doce de leite e caju (R$ 25), o clássico Crème brûlée (R$ 25) – escrito corretamente no cardápio, fato raro -, Brownie de chocolate com sorvete e calda de Nutella (R$ 25) e Frutas da estação (R$ 12).

A casa tem uma curta e boa carta de vinhos a preços acessíveis e também serve em taças, conforme o desejo do cliente.

Novo ano, novo nome

O Duo ainda terá mais uma semana de vida, até o próximo sábado (23). Depois dali fecha para o recesso de fim de ano e para as obras, que darão um novo padrão ao restaurante. A começar por uma reforma da cozinha, com a renovação dos equipamentos já gastos e ultrapassados, e melhor disposição dos locais das praças.

E quando reabrir, dia 4 de janeiro de 2018, estará de novo visual, nova proposta e, também, novo nome. As novas proprietárias pretendem criar uma nova identidade, que não esteja mais tão arraigada ao antigo dono, que, por conta das poucas mudanças físicas realizadas até agora, ainda tem seu nome e sua presença perguntados por alguns clientes mais antigos.

O nome escolhido será Mitte, que significa centro, em alemão, com a proposta de congregar pessoas e criar um centro de encontros na renovada casa.

Dá para curtir ainda o Duo por uma semana, portanto, já com os temperos e sabores de Luiz Fernando Lima. E aí, aguardar ansiosa e curiosamente pelos primeiros dias do Ano Novo, quando o Mitte estiver abrindo suas portas.

O restaurante funciona de segunda a quinta das 19h às 23h; sexta e sábado, das 19h à meia noite – horários que continuarão valendo para a nova casa.

O chef Luiz Fernando Lima à frente de sua pequena e eficiente brigada do Duo Gastronomia.

Duo Gastronomia

Rua Desembargador Costa Carvalho, 151 – Batel

Fones: (41) 3244-2574 e 3342-1633

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