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De São Paulo a Goiás

Aviação executiva impulsiona construção de aeroportos VIPs no Brasil

Aeroporto executivo Catarina
Aeroporto Catarina, destinado à aviação executiva, foi inaugurado em 2019. (Foto: Divugação/JHSF)

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A cidade de São Roque, na Grande São Paulo, se tornou um dos principais hubs da aviação executiva do mundo. Isso graças ao aeroporto Catarina, localizado às margens da Rodovia Castello Branco e a cerca de 35 minutos da capital paulista, e que em 2024 registrou 16.662 pousos e decolagens, um crescimento de 41,1% em relação ao ano anterior.

Inaugurado em dezembro de 2019, o aeroporto da JHSF se inspirou em terminais que servem exclusivamente à aviação particular, como Le Bourget em Paris, Teterboro em Nova York e Farnborough em Londres, e se tornou o primeiro aeroporto brasileiro com essas características, abrindo caminho para novos empreendimentos em outras partes do país.

O cenário é favorável para o setor, que vem crescendo desde o início da pandemia de Covid-19, quando muitas pessoas trocaram a aviação regular pelos aviões particulares. De acordo com a consultoria Argus International, a atividade de voos executivos na América do Sul registrou alta de 7,7% no ano passado, sendo que o Brasil representa 72,9% desse mercado.

Outro estudo, da Mordor Intelligence, aponta que o mercado de jatos executivos deve movimentar US$ 1,31 bilhão até 2029 na América Latina — em 2024 esse mercado foi estimado em US$ 640 milhões. O aeroporto Catarina é um reflexo desses números.

Inaugurado com dois hangares, hoje tem 12 e até o fim do ano deve chegar a 16. Em metros quadrados, a expansão será de quase oito vezes na comparação com a capacidade inicial e chegará a 46 mil metros de hangares. Com uma pista de 2.470 metros de comprimento, vem atendendo voos internacionais desde 2021 — o jogador de futebol Neymar, que retornou ao Brasil no início deste ano, pousou lá depois de decolar de Riad, na Arábia Saudita, e fazer uma escala em Lagos, na Nigéria.

“O Brasil, com seu tamanho continental e vasta rede de aeroportos sem operação da aviação comercial, é um terreno ideal para o crescimento contínuo para a aviação executiva. Esses fatores interconectados tornam o setor dinâmico e em constante expansão”, avalia o diretor-geral do aeroporto Catarina, Ronie Wiston.

O fato de estar a poucos quilômetros de São Paulo ajuda o Catarina. Os aeroportos de Guarulhos e Congonhas são os mais movimentados do Brasil e a região concentra uma grande quantidade de famílias com alto poder aquisitivo. A frota de helicópteros da capital paulista é a maior do mundo, com mais de 400 aeronaves. “O São Paulo Catarina Aeroporto Internacional nasceu com a perspectiva de aliviar a sobrecarga da malha aeroportuária de São Paulo, e nos posicionamos de maneira a atender a demanda do estado de São Paulo, que é bastante alta e permitiu viabilizar os investimentos”, complementa Wiston.

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Catarina é inspiração para novo aeroporto em Goiás

Se o aeroporto Catarina se inspirou em exemplos internacionais, ele também serve de inspiração para novos aeroportos executivos no Brasil. É o caso do Antares Polo Aeronáutico, que está sendo construído em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital de Goiás. São mais de 2 milhões de metros quadrados de área total, uma pista de 1.980 metros de comprimento, dezenas de hangares e um terminal de embarque e desembarque de passageiros. O custo estimado das obras é de R$ 100 milhões, com previsão de entrega de parte da estrutura ainda em 2025.

“[O Catarina] É um empreendimento que deu muito certo, com menos de dois anos de operação se habilitou para voos internacionais, está em sua quinta expansão e sem falar nas operações que o empreendimento fomentou ao seu redor, como hotéis, empresas de manutenção, fábrica de peças, restaurantes, empresas de táxi aéreo. Portanto, queremos trazer esse conceito para o centro do país, aqui em Goiás”, comenta o diretor comercial e um dos sócios empreendedores do Antares Polo Aeronáutico, Rodrigo Neiva.

Goiás está entre os principais estados na agropecuária e a aviação executiva já exerce um papel preponderante no deslocamento entre fazendas e cidades da região. A expectativa dos investidores do Antares é atrair parte dessa demanda.

“A localização, sem dúvida, é o nosso principal diferencial competitivo”, aponta Neiva. “O nosso público-alvo neste primeiro momento são empresários e empresas que buscam flexibilidade e autonomia para realizar os seus compromissos de negócio em outras cidades”, acrescenta.

Para alavancar os negócios, o grupo formado pelas empresas goianas Tropical Urbanismo, Innovar Construtora, CMC Engenharia, BCI Empreendimentos e Participações e RC Bastos Participações, decidiu contratar a Infraway, empresa especializada em projetos de infraestrutura — ela foi a responsável pelos estudos de viabilidade das rodadas de concessão de aeroportos por parte do governo federal.

Aviação executiva já exerce um papel preponderante no deslocamento entre fazendas e cidades de Goiás.

A expectativa do Antares é iniciar as operações nos segmentos de táxi aéreo, UTI aérea, hangaragem e manutenção de aeronaves. O plano, porém, é ofertar mais serviços em um segundo momento.

“Numa perspectiva de médio e longo prazo, o Antares terá capacidade para atender outros segmentos da aviação de negócios, como a aviação regional, o transporte de cargas fracionadas e alto valor agregado, formação de pilotos”, completa Neiva.

Antares Polo AeronáuticoAntares Polo Aeronáutico está localizado em Aparecida de Goiânia. (Foto: Divulgação/Antares Polo Aeronáutico)

Região de Belo Horizonte tem projeto para aeroporto executivo

Além de Goiás, há outro projeto para a construção de aeroporto executivo em Minas Gerais - este ainda em estágio inicial. O Campo de Bagatelle, em Sete Lagoas, a pouco mais de uma hora de Belo Horizonte, deverá ter uma pista de 1,8 mil metros de comprimento, dois hangares com sala vip e áreas de manutenção de abastecimento de aeronaves.

O Grupo Veredas, responsável pelo projeto, estima investir R$ 29 milhões no empreendimento que está localizado às margens da rodovia MG-238 e próximo a indústrias da região, como AmBev, Iveco e Ompi do Brasil. O objetivo é atender parte da demanda da aviação particular que foi afetada com o fechamento do aeroporto Carlos Prates, em 2023.

Além do aeroporto em si, o projeto prevê um loteamento residencial de casas com hangares próprios, em um conceito de condomínio aeronáutico, voltado para proprietários de aeronaves.

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