
Ouça este conteúdo
O Pico da Bandeira é o terceiro ponto mais alto do Brasil, com 2.891 metros de altura. De um lado fica o Espírito Santo e, de outro, Minas Gerais. Conhecido como a “montanha sagrada”, não por acaso é o fim de uma das rotas de peregrinação mais antigas e conhecidas do país: o Caminho da Luz.
O nome do caminho tem o seu motivo. Ao longo do percurso de cerca de 195 quilômetros, emergem do solo fragmentos de mica e cristais. No reflexo com o sol, um brilho especial chama a atenção. A luz do sol, nos dias de céu aberto, ajuda a olhar longe. De um determinado ponto, logo no início do caminho, é possível avistar a Cachoeira de Tombos, o início da caminhada, e o Pico da Bandeira.
O Caminho da Luz atravessa 14 cidades mineiras, passando por fazendas centenárias, cachoeiras, antigas estações ferroviárias e lugares sagrados, como a Gruta da Pedra Santa, as igrejas de São José, São Mateus, São Sebastião e de São Paulo, e o santuário de Santa Luzia. Para quem faz a rota, é quase uma viagem no tempo, de uma época em que indígenas, tropeiros e religiosos desbravavam a Zona da Mata Mineira.
É também uma experiência de conexão espiritual. De superação. De milagres, por que não. “Cada um tem uma vivência pessoal. Uns fazem para superar a si mesmo, que não acreditaria que faria o caminho. Outros foram tocados espiritualmente. E há relatos de pessoas que teriam que se operar e não seria mais preciso”, referenda o idealizador da rota e presidente da Associação Brasileira dos Amigos do Caminho da Luz (Abraluz), Albino Neves.
O caminho veio como uma mensagem na cabeça dele enquanto percorria os passos de Jesus Cristo na Palestina, em 2000. No fim daquele ano, partiu da Cachoeira de Tombos rumo ao Pico da Bandeira.
“Eu vi o caminho pronto. Mas não sou criador dele”, diz Neves. Desde então, a missão de vida dele é amplificar o Caminho da Luz e mostrar ao maior número de pessoas essa rota de peregrinação.

Sete dias para percorrer o Caminho da Luz
Não há uma regra para percorrer os quase 200 quilômetros do Caminho da Luz. Tampouco há uma duração exata. Mas há uma programação sugerida pelos organizadores da rota, que é vencê-la em sete dias.
É nesse ritmo que é feita a Caminhada Coletiva a partir do terceiro domingo de julho, todos os anos, com uma grande estrutura montada ao logo do caminho para atender os peregrinos em cada passo. Por dia, caminham-se entre 18 e 34 quilômetros, uns dias mais puxados que os outros:
- 1º dia: entre Tombos e Catuné são percorridos 24,7 quilômetros.
- 2º dia: entre Catuné e Pedra Dourada são 19,3 quilômetros.
- 3º dia: entre Pedra Dourada e Faria Lemos são vencidos 25,2 quilômetros.
- 4º dia: entre Faria Lemos e Carangola são percorridos 22,8 quilômetros.
- 5º dia: entre Carangola e Espera Feliz são 33,3 quilômetros.
- 6º dia: entre Espera Feliz e Alto Caparaó são percorridos 33,9 quilômetros.
- 7º dia: subida do Pico da Bandeira a partir da Tronqueira, 18,1 quilômetros para ir e outros 18,1 quilômetros para voltar.
O Caminho da Luz pode ser feito em qualquer época do ano, pois há sinalizações de setas amarelas e placas indicativas por todo o percurso. A Abraluz, entretanto, desaconselha que o caminho seja percorrido de forma solitária, pois há trechos ermos, de seis a dez quilômetros sem uma casa ou pessoa para ajudar em caso de emergência.

A rota não é das mais fáceis. Há um sobe e desce constante. Mas mesmo quem não está acostumado a caminhar grandes distâncias consegue chegar ao fim. O importante, segundo os organizadores, é vencer o primeiro dia. Depois disso o corpo se acostuma e é levado até o fim.
“Fazemos o caminho muito mais com a cabeça do que com os pés. É preciso estar focado no caminho”, atesta o presidente da Abraluz.
Até mesmo a subida de cerca de mil metros ao Pico da Bandeira é possível para peregrinos com mais de 80 anos ou mesmo crianças de menos de 10 anos. “É difícil, mas não impossível”, reforça Neves.
Na subida há trechos de escalaminhada, quando é necessário o uso das mãos para subir. Sem contar as grandes pedras que precisam ser escaladas e que judiam os joelhos. E na volta, na descida, o terreno íngreme também tem seus desafios. “É preciso estar focado no caminho e tudo dará certo”, finaliza o idealizador do Caminho da Luz.

Serviço:
- Site: www.caminhodaluz.org.br/
- E-mail: contato@rastrodeluz.com.br
- Telefone: (32) 98416-0394