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Sete Povos das Missões

Caminho das Missões: as trilhas dos padres jesuítas nas reduções do Rio Grande do Sul

Caminho das Missões
Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo é o principal atrativo do Caminho das Missões. (Foto: Jefferson Bernardes/MTur e Infografia/Gazeta do Povo)

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Os primeiros padres jesuítas chegaram ao Rio Grande do Sul no século 17 e deixaram marcas da obra de evangelização dos guaranis que habitavam a região. Foram eles que fundaram os “Sete Povos das Missões”, as reduções jesuítico-guarani, começando por São Francisco de Borja em 1682, avançando para São Luiz Gonzaga, São Nicolau, São Miguel Arcanjo, São Lourenço Mártir e São João Batista, e chegando a Santo Ângelo Custódio em 1707. Três séculos depois, esse Caminho das Missões virou uma rota de peregrinação percorrida por milhares de pessoas todos os anos.

Esta reportagem faz parte da série Trilhas do Sagrado preparada pela Gazeta do Povo. Clique para conhecer outras rotas.

O percurso de 338 quilômetros passa pelas sete reduções, com início em São Borja e final em Santo Ângelo, na Catedral Angelopolitana, que está no mesmo lugar da igreja da redução de Santo Ângelo Custódio, construída no início do século 18 e que ainda guarda alguns vestígios daquele tempo. E pelo caminho, um pouco da história do Rio Grande do Sul, como a morte pelos indígenas, em 1628, de Roque González, Afonso Rodrigues e João de Castilhos, três padres jesuítas que foram canonizados e se tornaram os "Santos Mártires das Missões".

Percorrer o Caminho das Missões é voltar no tempo e seguir os passos dos jesuítas e ver um pouco do que eles viram e construíram. No percurso há símbolos do Barroco, como santos esculpidos em madeira e construções imponentes que hoje estão em ruínas, mas que mantêm viva a obra dos padres de então. A mais conhecida é o Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo, classificado como Patrimônio da Unesco. Há também as ruínas de São Nicolau, de São Lourenço e de São João Batista, além do Santuário do Caaró. Hoje, todos são lugares de forte devoção.

São Miguel ArcanjoO Sítito Arqueológico de São Miguel Arcanjo é Patrimônio da Unesco. (Foto: Jefferson Bernardes/MTur)

14 dias para ir a cada um dos Sete Povos das Missões

Quando foi idealizado, o Caminho das Missões buscou seguir as antigas trilhas guaranis e os caminhos missioneiros que ligavam as reduções. Claro que, ao longo do tempo, muito acabou sendo modificado. Mesmo assim, grande parte do trajeto é feito em estradas de terra e por entre propriedades privadas, que acabaram se tornando pontos de parada e de hospedagem.

Para percorrer todo o caminho, o mais indicado é fazê-lo em 14 dias, com uma média de 24 quilômetros diários — o trecho mais longo soma 31 quilômetros e o mais curto tem 14 quilômetros. A rota não é considerada difícil, pois a região não apresenta subidas significativas, com desnível máximo de 300 metros por jornada. Veja abaixo a divisão em 14 dias:

  • 1º dia: São Borja a Passo da Barca - 14 km
  • 2º dia: Passo da Barca ao Distrito Sarandi - 20 km
  • 3º dia: Distrito Sarandi à Fazenda Família Isbrischt - 24,5 km
  • 4º dia: Fazenda Família Isbrischt ao Distrito São José Velho - 18 km
  • 5º dia: Distrito São José Velho à Fazenda Seu Ramão - 29 km
  • 6º dia: Fazenda Seu Ramão a São Nicolau - 23 km
  • 7º dia: São Nicolau à Fazenda Dona Antônia - 31 km
  • 8º dia: Fazenda Dona Antônia a São Luiz Gonzaga - 17 km
  • 9º dia: São Luiz Gonzaga a São Lourenço - 23 km
  • 10º dia: São Lourenço ao Santuário do Caaró - 18 km
  • 11º dia: Santuário do Caaró a São Miguel das Missões - 23 km
  • 12º dia: São Miguel das Missões ao Casarão João de Matos - 30 km
  • 13º dia: Casarão João de Matos ao Parque das Fontes - 27 km
  • 14º dia: Parque das Fontes à Catedral Angelopolitana em Santo Ângelo - 15 km

O Caminho das Missões pode ser percorrido individualmente, mas é importante destacar que a sinalização ainda está sendo implantada, o que exige do peregrino muito cuidado com a leitura do mapa descritivo que lhe é entregue em São Borja. O mais indicado é fazer a rota em grupo, de preferência com um guia, facilitando não apenas a caminhada, mas a logística de alimentação e hospedagem.

Quem finaliza o Caminho das Missões recebe um certificado — ele é dado também para quem passa pelas últimas três reduções (São Miguel das Missões, São João Batista e Santo Ângelo) e para quem faz o trecho entre São Borja e São Nicolau. O texto do certificado é escrito na língua guarani.

Catedral AngelopolitanaA Catedral Angelopolitana é o ponto final do Caminho das Missões. (Foto: Jefferson Bernardes/MTur)

Serviço:

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