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Luto

CNBB e autoridades brasileiras lamentam a morte do papa Francisco

Papa Francisco
O papa Francisco, em foto de janeiro deste ano. (Foto: EFE/EPA/Maurizio Brambatti)

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A morte do papa Francisco também repercutiu na manhã desta segunda-feira (21) entre líderes e autoridades brasileiras. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou uma nota de pesar. Ela usou como base o anúncio oficial do Vaticano ao destacar que o papa Francisco “dedicou toda a sua vida ao serviço do Senhor e de Sua Igreja”, sendo exemplo de fidelidade, coragem e amor universal, especialmente junto aos pobres e marginalizados.

A mensagem reforça um apelo de gratidão: “Com imensa gratidão por seu testemunho como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, confiamos sua alma ao infinito amor misericordioso do Deus Trino”.

A CNBB lembrou que no domingo (20), durante a celebração da Páscoa, Francisco apareceu na sacada da Basílica de São Pedro para sua tradicional bênção Urbi et Orbi. Devido ao seu estado de saúde, a mensagem foi lida pelo monsenhor Diego Ravelli, mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias.

A CNBB relembra que, em sua última mensagem, o papa ressaltou a Páscoa como celebração da vida, afirmando que "Cristo ressuscitou! [...] A Páscoa é a festa da vida! Deus criou-nos para a vida e quer que a humanidade ressurja! Aos seus olhos, todas as vidas são preciosas".

A CNBB também, destacou que em seu derradeiro apelo, o papa pediu por um verdadeiro desarmamento global, reforçando que os recursos devem ser direcionados ao combate à fome e ao desenvolvimento humano: "Estas são as armas da paz: aquelas que constroem o futuro, em vez de espalhar a morte".

A nota conclui com os votos de que a memória e o legado de Francisco fortaleçam o compromisso da Igreja com a justiça, a dignidade humana e a promoção da paz”. O papa Francisco estava com 88 anos e enfrentava um quadro grave de saúde. Em fevereiro foi hospitalizado com uma pneumonia bilateral e ficou internado por 38 dias. No domingo de Páscoa, se recuperando em casa, seu quadro era considerado delicado pelos médicos que o acompanhavam.

Em nota, Lula decreta luto oficial no Brasil por sete dias

Em nota, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que a “humanidade perde hoje uma de suas vozes mais humanas e acolhedoras” e diz que o papa Francisco foi exemplo vivo dos valores cristãos, como o amor ao próximo, a tolerância e a solidariedade. Lula também afirmou que, com simplicidade e coragem, o pontífice levou ao centro da Igreja temas urgentes como as mudanças climáticas e a desigualdade social, “denunciando os modelos econômicos que geram injustiça e sofrimento”.

“Sempre esteve ao lado dos pobres, dos refugiados, dos jovens, dos idosos e das vítimas da guerra e do preconceito, cumprindo o que ensina a oração de São Francisco: levar amor onde houver ódio, e união onde houver discórdia. Tive a honra, ao lado da Janja [a primeira dama Janja da Silva], de encontrar com o Santo Padre em momentos de profundo respeito e carinho mútuo, nos quais compartilhamos nossos ideais de paz, justiça e igualdade”, descreveu.

Ao decretar luto oficial de sete dias no Brasil Lula disse que “seu exemplo e suas palavras permanecerão vivos no coração do nosso povo e de todos que lutam por um mundo mais justo e fraterno”.

Veja na integra a nota do Planalto:

A humanidade perde hoje uma voz de respeito e acolhimento ao próximo. O Papa Francisco viveu e propagou em seu dia a dia o amor, a tolerância e a solidariedade que são a base dos ensinamentos cristãos.

Assim como ensinado na oração de São Francisco de Assis, o argentino Jorge Bergoglio buscou de forma incansável levar o amor onde existia o ódio. A união, onde havia a discórdia. E a compreensão de que somos todos iguais, vivendo em uma mesma casa, o nosso planeta, que precisa urgentemente dos nossos cuidados.

Com sua simplicidade, coragem e empatia, Francisco trouxe ao Vaticano o tema das mudanças climáticas. Criticou vigorosamente os modelos econômicos que levaram a humanidade a produzir tantas injustiças. Mostrou que esse mesmo modelo é que gera desigualdade entre países e pessoas. E sempre se colocou ao lado daqueles que mais precisam: os pobres, os refugiados, os jovens, os idosos e as vítimas das guerras e de todas as formas de preconceito.

Nas vezes em que eu e Janja fomos abençoados com a oportunidade de encontrar o Papa Francisco e sermos recebidos por ele com muito carinho, pudemos compartilhar nossos ideais de paz, igualdade e justiça. Ideais de que o mundo sempre precisou. E sempre precisará.

Que Deus conforte os que hoje, em todos os lugares do mundo, sofrem a dor dessa enorme perda. Em sua memória e em homenagem à sua obra, decreto luto de sete dias no BrasilO Santo Padre se vai, mas suas mensagens seguirão gravadas em nossos corações.

Pronunciamentos de autoridades lembram legado de fé e devoção

Entre as primeiras declarações de autoridades no Brasil, destacou-se a do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em sua conta no X ele escreveu que o “mundo e os católicos se despedem daquele que ocupava uma das figuras mais simbólicas da fé cristã: o papa. Mais que um líder religioso, o papado representa a continuidade de uma tradição milenar, guardiã de valores espirituais que moldaram civilizações”.

A postagem de Bolsoanro seguiu afirmando que “para o Brasil e o mundo, a figura do papa sempre foi sinal de unidade, esperança e orientação moral” e que sua partida “nos convida à reflexão e à renovação da fé, lembrando-nos da força da espiritualidade como guia para tempos de incerteza”.

O presidente do STF, o ministro Luís Roberto Barroso disse que a “espiritualidade verdadeira é a expressão do bem, do amor e da paz, com sabedoria, tolerância e compaixão” e que o papa Francisco encarnou essas virtudes como poucas lideranças nos dias de hoje. “E a elas acrescentou o carisma e a empatia. A compreensão em lugar dos dogmas. Num tempo em que há muita escuridão, foi uma luz iluminando a humanidade. A história o reconhecerá como um dos maiores”.

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, expressou sua admiração ao papa. Em nota, disse ter tido a honra de conhecer pessoalmente Francisco, descrevendo-o como alguém de humildade e gestos grandiosos. “Liderou com amor e resiliência. Sua memória será eterna”, destacou.

Flávio Dino, ministro do Supremo Tribunal Federal, relembrou com reverência a trajetória do pontífice, considerando-o uma figura fundamental na história da Igreja Católica e exemplo de fé cristã na América Latina. Dino citou trechos da encíclica Fratelli Tutti, na qual o papa propõe uma fraternidade universal, baseada no amor que transcende fronteiras, inspirada pelo espírito de São Francisco de Assis — o santo da simplicidade, da paz e da solidariedade com os mais pobres e vulneráveis.

Outro a se pronunciar foi o presidente da Câmara dos Deputados Hugo Motta (Republicanos-PB). Motta declarou que o papa Francisco foi um dos líderes mais marcantes de sua vida. Destacou o fato de o pontífice ter sido o primeiro jesuíta e latino-americano a comandar a Igreja Católica, ressaltando seu papel transformador. Para Motta, Francisco simbolizou o acolhimento, a inclusão e a capacidade de diálogo, conduzindo a Igreja rumo ao século XXI. “Um exemplo de esperança, justiça e luta”, afirmou.

O ministro da Educação, Camilo Santana, agradeceu Francisco por seus ensinamentos e orações voltadas aos mais necessitados. “O mundo permanece com o seu legado de fé, justiça e amor ao próximo”, escreveu.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, chamou o papa de “luz eterna” e lembrou de sua atuação em defesa da saúde pública, especialmente durante a pandemia de Covid-19. Padilha ressaltou o apoio do pontífice à vacinação e ao Sistema Único de Saúde (SUS), recordando o momento em que o acompanhou durante a visita de Francisco a uma unidade de saúde no Rio de Janeiro. “Ele pregava o Evangelho com a vida. Que sua luz continue a iluminar os caminhos da Igreja”, concluiu.

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