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Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2023, a expectativa de vida no Brasil alcançou 76,4 anos. Mas os brasileiros são ainda mais otimistas: o cidadão médio acredita que vai viver até 80 anos, segundo a pesquisa global Attitudes to Ageing 2025, da Ipsos.
O número está acima tanto da média mundial, que é de 78 anos, quanto da expectativa de vida oficial do país. Esse contraste mostra como a percepção de longevidade está ligada ao avanço da saúde, aos hábitos de vida mais saudáveis e à melhoria da qualidade de vida, mesmo em meio a desigualdades históricas.
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O que é expectativa de vida?
A expectativa de vida, também chamada de esperança de vida ao nascer, é um indicador demográfico que estima o número médio de anos que uma pessoa pode viver a partir do momento em que nasce – considerando as condições de saúde, infraestrutura e os riscos de mortalidade observados em determinado território e período.
Esse índice varia significativamente entre países, especialmente quando se compara nações desenvolvidas e em desenvolvimento.
Como a expectativa de vida no Brasil evoluiu nas últimas décadas?
De acordo com os dados do IBGE, a expectativa de vida cresceu de forma expressiva nas últimas décadas, saltando de 45,5 anos em 1940 para 76,4 anos em 2023 – um aumento de 30,9 anos.
O aumento foi impulsionado por fatores como:
- queda da mortalidade infantil (de 146,6 óbitos por mil nascimentos em 1940 para 12,5 em 2023);
- melhorias na saúde pública e acesso a serviços médicos, como a expansão de hospitais, Unidades Básicas de Saúde (UBS) e programas de vacinação;
- mudanças nos hábitos de vida que envolvem alimentação saudável, prática regular de exercícios físicos, combate ao tabagismo e moderação no consumo de álcool;
- investimentos em saneamento e educação e melhorias nas condições de vida que refletem diretamente na longevidade da população.

Efeitos da pandemia na expectativa de vida
Os óbitos na pandemia de Covid-19 interromperam temporariamente a tendência de aumento da longevidade. Entre 2020 e 2021, a expectativa de vida no Brasil caiu para 72,8 anos, atingindo o menor nível desde 2010 devido ao elevado número de mortes.
A partir de 2022, o indicador começou a se recuperar, chegando aos 76,4 anos em 2023, evidenciando a redução do excesso de mortalidade.
Diferença de longevidade entre homens e mulheres no Brasil
A expectativa de vida por sexo no Brasil revela uma diferença significativa entre homens e mulheres. Em 2023, segundo o IBGE, as brasileiras vivem em média 79,7 anos, enquanto os homens alcançam 73,1 anos, uma diferença de 6,6 anos, tendência que se repete em praticamente todo o mundo.
Entre 1940 e 2023, a longevidade feminina cresceu 31,4 anos, enquanto a masculina aumentou 30,2 anos. Mesmo durante a pandemia de Covid-19, quando a expectativa de vida no Brasil caiu, as mulheres mantiveram índices mais altos, recuperando rapidamente o patamar pré-crise (79,6 anos em 2019).
Diversos fatores explicam essa diferença, como questões genéticas, tipos de trabalho, maior exposição dos homens a causas externas de morte (como acidentes e violência) e a menor procura por serviços de saúde em comparação às mulheres.
A sobremortalidade masculina entre adultos jovens (15 a 29 anos) é um destaque: homens de 20 a 24 anos têm 4,1 vezes mais chance de não completar os 25 anos do que mulheres da mesma faixa etária, devido principalmente a causas externas como acidentes, homicídios e suicídios.
Quais são as projeções para as próximas décadas?
O Brasil deve registrar avanços significativos na longevidade de sua população nas próximas décadas. Ainda segundo o IBGE, a expectativa de vida ao nascer deve chegar a 77,8 anos em 2030. Dez anos depois, em 2040, a média deve subir para 79,7 anos, aproximando o país de índices hoje vistos em nações desenvolvidas.
A tendência continua em 2050, quando os brasileiros devem viver em média 81,3 anos. A partir daí, o ritmo de crescimento será mais moderado: a expectativa deve alcançar 82,7 anos em 2060 e 83,9 anos em 2070.
Nesse mesmo ano, a diferença entre os sexos permanece evidente: as mulheres deverão viver, em média, 86,1 anos, enquanto os homens chegarão a 81,7 anos.
Envelhecimento da população e impactos sociais
O envelhecimento da população brasileira transforma a sociedade, aumentando a demanda por políticas públicas, previdência social e cuidados de saúde voltados aos idosos. Segundo a Ipsos, 57% dos brasileiros estão ansiosos para chegar à terceira idade, principalmente os jovens, refletindo mudanças culturais na percepção da velhice.
O acompanhamento da expectativa de vida no Brasil é essencial para o planejamento da previdência, políticas de saúde e programas sociais. Ele permite dimensionar recursos para a terceira idade, planejar serviços de saúde e criar estratégias de inclusão social, garantindo que o aumento da longevidade se traduza em qualidade de vida para todos.
Esse cenário reforça que envelhecer não deve ser visto apenas como um desafio econômico e social, mas também como uma oportunidade de repensar o futuro do país.
Com mais brasileiros vivendo por mais tempo, cresce a necessidade de construir uma sociedade preparada para valorizar a experiência da terceira idade, ampliar o acesso a cuidados de saúde e criar condições para que o envelhecimento seja vivido com dignidade, participação ativa e bem-estar.



