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O secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, confirmou neste domingo (27) que as tarifas de 50% impostas pelo governo Donald Trump sobre produtos brasileiros entrarão em vigor no próximo dia 1º de agosto. “Sem prorrogações, sem mais períodos de carência – em 1º de agosto, as tarifas serão definidas. Elas entrarão em vigor. A Alfândega começará a arrecadar o dinheiro”, afirmou Lutnick, em entrevista divulgada pelo perfil oficial da Casa Branca na rede social X.
A medida, que afeta diretamente a economia brasileira, foi anunciada pelo presidente Donald Trump no dia 23 de julho como parte de um pacote de sanções contra países que, segundo ele, mantêm relações “injustas” com os Estados Unidos. O Brasil aparece na lista como um dos mais penalizados, com uma tarifa máxima de 50% sobre todos os seus produtos exportados para o mercado norte-americano.
Além do Brasil, outros 24 países foram incluídos no pacote tarifário anunciado por Trump, com alíquotas que variam de 15% a 50%. Estão entre eles: África do Sul (30%), Argélia (30%), Bangladesh (35%), Bósnia e Herzegovina (30%), Brunei (25%), Camboja (36%), Canadá (35%), Cazaquistão (25%), Coreia do Sul (25%), Filipinas (20%), Indonésia (32%), Iraque (30%), Japão (25%), Laos (40%), Líbia (30%), Malásia (25%), México (30%), Mianmar (40%), Moldávia (25%), Sérvia (35%), Sri Lanka (30%), Tailândia (36%), Tunísia (25%) e União Europeia (30%).
Segundo Trump, as tarifas têm o objetivo de forçar a abertura de mercados considerados "hostis" ou "desequilibrados" comercialmente, mas no caso do Brasil, há mais um agravante. “Essa decisão foi tomada em parte devido aos ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres e à violação fundamental da liberdade de expressão dos americanos”, escreveu Trump.
Ele citou como exemplo decisões do Supremo Tribunal Federal do Brasil, que teria emitido “centenas de ordens de censura secretas e ilegais a plataformas de mídia social dos EUA”. O presidente americano também mencionou o ex-mandatário Jair Bolsonaro, referindo-se à sua situação jurídica no Brasil como uma “caça às bruxas”, e classificou a relação comercial entre os dois países como “longe de ser recíproca”.
De acordo com projeções do Núcleo de Estudos em Modelagem Econômica da UFMG, o “tarifaço” pode causar uma redução de R$ 19,2 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2025 – o equivalente a uma queda de 0,16 ponto percentual. O impacto será particularmente sentido em estados com forte peso industrial e exportador, como São Paulo (R$ 4,46 bilhões a menos), Rio Grande do Sul (R$ 1,92 bilhões), Paraná (R$ 1,91 bilhões), Santa Catarina (R$ 1,73 bilhões) e Minas Gerais (R$ 1,66 bilhões).
Além da retração no PIB, a medida deve eliminar cerca de 110 mil postos de trabalho no país, com destaque para o setor agropecuário, que pode perder 41 mil vagas, seguido pelo comércio (31 mil) e pela indústria de transformação (26 mil).



