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Terceira ponte entre Brasil e Paraguai fica na fronteira com o estado do Mato Grosso do Sul.
Terceira ponte entre Brasil e Paraguai fica na fronteira a partir do estado do Mato Grosso do Sul.| Foto: Divulgação/Governo do Estado do MS

Enquanto a segunda ponte que liga o Brasil ao Paraguai segue sem liberação ao tráfego no Paraná pela falta de acesso e infraestrutura de fiscalização que uma região de fronteira requer, a construção de uma nova ponte ligando os dois países avança a passos largos no Mato Grosso do Sul.

As alternativas são consideradas prioritárias para desafogar a ligação com o país vizinho, que concentra o fluxo de cerca de 40 mil veículos por dia somente pela Ponte Internacional da Amizade, ligando Foz do Iguaçu (PR) e Cidade do Leste (PY).

Entre as cidades de Foz do Iguaçu (PR) e Presidente Franco (PY), a Ponte da Integração está pronta há mais de um ano, mas não é utilizada - a previsão de abertura é para o próximo ano.

Já a terceira estrutura entre o Brasil e o Paraguai está sendo construída sobre o rio Paraguai e vai ligar Porto Murtinho (MS) a Carmelo Peralta (PY). O custo da denominada Ponte Bioceânica é estimado em R$ 1,2 bilhão.

Iniciados no fim de 2022 do lado paraguaio, os trabalhos estão em 45% do total previsto. Do lado brasileiro, a construção começou no ano passado e tem conclusão prevista para 2025, apesar de o cronograma do governo federal brasileiro não coincidir com o do governo do Mato Grosso do Sul. O Ministério dos Transportes informa que a conclusão da ponte deve ocorrer ano que vem, enquanto o estado sul-mato-grossense considera que serão necessários ao menos mais dois anos de trabalhos para completar a infraestrutura de apoio antes de anunciar a liberação do trajeto.

Terceira ponte Brasil-Paraguai compõe rota bioceânica para ligar Atlântico e Pacífico

A terceira ponte para ligar o Brasil ao Paraguai pelo estado do Mato Grosso do Sul compõe a chamada rota bioceânica e é custeada pela margem paraguaia da Itaipu Binacional, ao custo de pouco mais de R$ 500 milhões, considerando as cotações médias do dólar desde que os trabalhos foram iniciados em 2022 (US$ 89 milhões).

Somado aos recursos brasileiros investidos para a chamada infraestrutura de apoio e acessos, a estrutura vai passar de R$ 1,2 bilhão. "Com as autorizações, serão destinados R$ 711,6 milhões em recursos públicos para a construção do acesso à terceira ponte internacional entre Brasil e Paraguai e à recuperação e adequação de 104 quilômetros de pavimento da BR-267/MS”, informou o Ministério dos Transportes.

Para o acesso à ponte do lado brasileiro serão construídos 13,1 quilômetros na BR-267/MS, além de um centro aduaneiro de controle de fronteira no município de Porto Murtinho. “Com investimento de R$ 472 milhões, a obra do Novo PAC integra a rota bioceânica que ligará o Centro-oeste brasileiro ao Paraguai e à Argentina, até chegar aos portos de Iquique e Antofagasta, no Chile”, destacou o órgão federal.

Atualmente, a ligação entre Brasil e Paraguai neste trecho ocorre por meio de balsas. A ponte é erguida no km 1.000 da hidrovia do rio Paraguai, importante meio de escoamento da produção em canal hidroviário.

Rota bioceânica significa um novo caminho para mercados, diz governador do MS

O consórcio internacional responsável pela edificação da terceira ponte entre o Brasil e o Paraguai é o Pybra, formado pelas empresas Tecnoedil S.A., Paulitec e Construtora Cidade. A obra é gerida pelo consórcio Prointec, sob a gestão do ministério de obras paraguaio.

O governo do Mato Grosso do Sul evidencia que a rota bioceânica - que começa no estado e promete "encurtar" em cerca de 8 mil quilômetros a distância entre Brasil e Oceano Pacífico - será o primeiro de cinco corredores internacionais previstos para ligar estados brasileiros a países sul-americanos e ao mercado asiático.

“A rota bioceânica significa um novo caminho para os mercados do Mato Grosso do Sul e do Brasil, com acesso aos mercados da China, Japão, Coreia do Sul, Índia, entre outros. Novos produtos serão mais competitivos, além de proporcionar integração com os povos da América do Sul”, disse o governador Eduardo Riedel (PSDB).

A Ponte Bioceânica terá extensão de 1.294 metros, dividida em três trechos, dois deles com a construção dos viadutos de acesso em ambas as margens do rio. O último trecho corresponderá à parte estaiada, medindo 632 metros, com vão central de 350 metros. Em janeiro, o governador do Mato Grosso do Sul se reuniu com a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e um dos assuntos em pauta foi a rota bioceânica.

“Vim mostrar para o governador como estão as demandas. Da mesma forma como fui convidada para estar nos países que fazem parte da rota, Paraguai, Argentina e Chile, vim também convidar o governador para me acompanhar, para falarmos da rota de integração”, disse a ministra na ocasião.

Enquanto isso, segunda ponte segue com divergência em cronograma

Segunda ligação entre o Brasil e o Paraguai, a Ponte da Integração (Foz do Iguaçu-Presidente Franco) foi construída com recursos da margem brasileira da Itaipu Binacional e tem cronograma de funcionamento, segundo o Ministério dos Transportes, ainda para 2024. O calendário diverge do apresentado pelo Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR), que administra o contrato e prevê finalização só no fim de 2025.

A estrutura principal da Ponte da Integração está finalizada desde dezembro de 2022, mas segue fechada por falta de acessos que permitam chegar até ela. O governo federal promete concluir os acessos neste ano.

Nessa logística, a Perimetral Leste é obra essencial para tirar o tráfego pesado do perímetro urbano de Foz do Iguaçu e direcioná-lo à ponte, mas está com menos da metade da estrutura concluída. A obra é marcada por paralisação nos trabalhos por questões orçamentárias, redimensionamento do projeto e entraves judicias. Segundo o DER-PR, o mês de janeiro foi marcado pela retomada dos serviços “com aumento de pessoal nas frentes de trabalho e a chegada de mais equipamentos”.

Além da perimetral, o DER afirmou que a nova aduana Brasil-Paraguai conta com a execução de 23 dos 100 blocos de fundação e 220 estacas-raiz, etapa que deve ser concluída em 80 dias para depois iniciar os serviços de alvenaria. O segmento aduaneiro é fundamental para o desembaraço ao tráfego internacional.

“Em 2023 o DER-PR concluiu segmentos de pavimentação da Perimetral Leste de Foz do Iguaçu entre a nova Ponte da Integração Brasil/Paraguai e a Rodovia das Cataratas (BR-469), assim como quatro novos viadutos na Avenida General Meira, no acesso para a Ponte Tancredo Neves, na BR-469 e na BR-277”, descreveu o órgão.

O novo ritmo dos trabalhos foi possível, segundo o DER, após acordo homologado na Justiça Federal, que resultou na inclusão da obra de implantação dos viadutos na Avenida República Argentina e na Avenida Felipe Wandscheer, além de novas estruturas de aduana com o Paraguai e com a Argentina.

“Com isso, o valor contratual da obra passou de R$ 104.060.724,38 para R$ 136.888.150,32, e o novo prazo de conclusão para novembro de 2025. O investimento até o momento foi de cerca de R$ 30,9 milhões, representando 22,6% do total previsto – uma porcentagem menor que a divulgada anteriormente (25,7%), mas refletindo o valor maior total”, considerou o DER.

A margem brasileira de Itaipu esclareceu que os valores indicados para toda a estrutura – ponte e obras de acesso - tratam da parceria de convênio firmado entre a Itaipu e o governo do estado do Paraná, que inclui os custos para a execução do projeto: obras, fiscalização, desapropriações, licenciamentos, supervisão ambiental e reajustes contratuais. “A margem brasileira da Itaipu investiu R$ 373,7 milhões na construção da segunda ponte. Na Perimetral Leste são outros R$ 336,6 milhões previstos, dos quais R$ 167,8 milhões já investidos. Destes, R$ 115,8 milhões em desapropriações e o restante diretamente relacionado aos recursos para obra”, informou a binacional.

Segundo a Itaipu, o valor inicial do convênio para a construção da perimetral era de R$139,3 milhões. “Mas em relação aos valores iniciais solicitados à Itaipu em 2019, em 2021 foram inclusos valores adicionais de desapropriações e, como resultado de pleito da Prefeitura de Foz do Iguaçu e da Receita Federal, foi feita a inclusão de novas metas que incluem duas travessias em desnível e acréscimos de dimensão e estruturas das aduanas para permitir tráfego de veículos de passeio e pedestres, além dos veículos de carga originalmente previstos”, explicou.

A Gazeta do Povo questionou o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) sobre o cronograma para finalização e início de operações de tráfego na segunda ponte, mas até a publicação desta reportagem não obteve retorno.

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