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Mario Conde: um sujeito que dá o recado pela guitarra | Priscila Forone/Gazeta do Povo
Mario Conde: um sujeito que dá o recado pela guitarra| Foto: Priscila Forone/Gazeta do Povo

Instrumentos

Saiba mais sobre Mario Conde

O acaso

Ainda na infância, o pequeno Mario Conde ganhou, em um Natal, uma bicicleta e um violão. Aprendeu a pedalar rapidamente. Com o violão a situação foi outra. "Fiquei muito tempo ‘arranhando’, até que um dia deslanchei", conta.

Autodidata

A formação e muitas referências foram passadas ao músico pelo padrasto, o já falecido Jaime Ribeiro. Conde teve alguns professores particulares, e estudou, por breves temporadas, em algumas escolas, no Brasil e no exterior. Mas ele é um autodidata. Estudou e ainda estuda por conta própria.

Cordas

Além da guitarra, que é o seu primeiro instrumento, Conde também toca o violão tenor (de cinco cordas, popularizado pelo músico Garoto), cavaquinho, bandolim (de quatro cordas duplas), banjolim (também de quatro cordas duplas) e bandolaco, que é um cavaquinho com afinação de bandolim.

Na cabeceira

No momento, Conde lê Improvisando Soluções, livro do jornalista e escritor Roberto Muggiati. "O Muggiatti é gente fina, escreve bem e agora está pesquisando para fazer a biografia do Raul de Souza, com quem tenho a honra de tocar", diz.

O clima de meia-estação de maio marca o processo de gravação do álbum Guitarra Brasileira, de Mario Conde, 42 anos. O projeto acontece exatamente quando ele completa 25 anos de atividade como multi-instrumentista. Conde ganhou o primeiro cachê aos 16 anos, no momento em que a família se mudava do Rio de Janeiro para Curitiba. A mãe viajava com a mudança, mas o filho ficaria mais uns dias na cidade natal para cumprir o compromisso remunerado.

Conde já acompanhou centenas de músicos, cantores e instrumentistas. Nessas mais de duas décadas, criou uma maneira única de tocar. Para registrar essa voz, aproveita o tempo livre para compor e arranjar o repertório. A filha Maria Beatriz, de dois anos e quatro meses, também é prioridade. Por isso, não é raro Conde atravessar as madrugadas para tornar o projeto autoral realidade.

O músico fala, praticamente, pa­­ra dentro, em tom e volume baixo. Parece tímido, retraído. Mas tu­­do se modifica quando ele em­pu­­nha e toca uma guitarra, o instrumento com o qual mais se identifica. Conde se expressa por meio da música. Ele faz o instrumento falar, mas não é refém do que muitos esperam que seja um guitarrista.

O artista carioca, hoje sem so­­taque, sabe que a guitarra tem um carma, efeito do que o rock-and-roll representou ao longo do século 20. No entanto, ele não se sente obrigado a fazer longos solos e a usar distorção. Nunca flertou com o rock. E isso é resultado do ambiente em que cresceu.

Entre a sala e a cozinha da casa em que nasceu, no bairro carioca do Flamengo, música brasileira e instrumental, do mundo todo, eram tão comum como o chiar da chaleira ao ferver no fogão. O padrasto, o maestro Jaime Ribeiro, já falecido, estimulava com muita música o pequeno Conde.

O menino cresceu e se tornou músico profissional, devido não apenas à aptidão, mas também ao treino diário. Afinal, na música, não há "jogo ganho". É preciso, pelo menos ele pensa e age assim, manter o que já sabe, e avançar. Aprender, "sempre", outras e inéditas possibilidades.

Trampolim para o mundo

Eslováquia. Ilhas Reunião. Tunísia. Montreux. Eis alguns dos pontos do planeta onde Conde já se apresentou. Entre 1992 e 1995, viveu, estudou e exercitou a arte da improvisação na Suíça.

Conde é conhecido por ser um experiente, e hábil, improvisador. Há não poucos músicos o convidam para dar aulas de improvisação. Ele nem lembra mais por quantos bares já passou em Curitiba, muitos dos quais verdadeiras lendas na história local, como o Original e o Camarim.

O fato de improvisar em público o credencia como uma referência. Ele faz parte da renomada banda Na Tocaia, ao lado de Glauco Sölter (baixo), Jeff Sabbag (teclado) e Endrigo Bettega (bateria). O quarteto foi escolhido, há seis anos, por Raul de Souza para acompanhar o trombonista ao vivo e em estúdio. No segundo semestre, eles seguem para muitas apresentações na Europa.

Por enquanto, Conde, que não dirige, usufrui o prazer que é caminhar por Curitiba. O Hotel Slaviero Full Jazz, no Batel, tem um palco mais do que oportuno. Fica a menos de 70 passos do apartamento onde ele vive com a esposa, Marcia. Precisa caminhar muito mais para chegar ao Conservatório de MPB, no Setor Histórico. Lá, leciona guitarra nas tardes das segundas e terças-feiras e também ensaia com a Orquestra à Base de Sopro.

"Curitiba é um porto seguro", diz, definindo o que a cidade representa para ele. "Mas, apesar disso, é preciso sair para tocar em outros palcos, pelo Brasil, pelo mundo", finaliza.

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