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“Os meus livros mostram personagens no limite, mas isso não foi intencional. Depois de quatro obras me dou conta desse fato”, diz Guilherme Fiuza | Daryan Dornelles/Divulgação.
“Os meus livros mostram personagens no limite, mas isso não foi intencional. Depois de quatro obras me dou conta desse fato”, diz Guilherme Fiuza| Foto: Daryan Dornelles/Divulgação.

Ousadia e talento - Saiba mais sobre o escritor:

Bola e urna

Depois de quatro livros, Guilherme Fiuza pretende passar seis meses de volta no mundo do jornalismo. Ele tem um blog no site da revista Época, além de assinar uma coluna na edição impressa da revista e ainda escrever outra coluna para o jornal O Globo. Copa do Mundo e eleições devem ocupar a sua mente até o final do ano.

Temas

Fiuza conta que os assuntos que ele tratou em livros surgiram sem premeditação. Posteriormente, ele analisa que algo o seduziu nos temas, nas quatro obras. Fiuza não consegue escrever sobre o que não o envolva. Por hora, diz não ter nenhum mote em vista para um eventual e futuro livro.

Arriscar sempre

Ele é um caso bem-sucedido de sujeito que abandonou as redações para fazer grandes reportagens em formato de livro. Ele conta que, além do dinheiro das obras, ele é convidado para palestras e feiras de livros em todo o Brasil. Assim tem vivido.

Segredo

O jornalista conta que combinou com a viúva de Bussunda que, terminado o texto do livro, ele entregaria a ela os originais. Se Angélica não gostasse, o livro não seria publicado. Foi um risco.

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O que Bussunda, Chico Mendes, a equipe que idealizou o Plano Real e João Estrella têm em comum? Em um primeiro momento, levando em consideração o "fator livro", todos eles foram ponto de partida para obras escritas pelo jornalista Guilherme Fiuza.

E, vale mencionar, são publicações bem-sucedidas comercialmente, que se tornaram fonte de renda para o repórter que abandonou as redações de jornal com a finalidade de desenvolver e publicar, em formato de livro, extensas reportagens.

Mas Bussunda, Chico Mendes, a equipe do Plano Real e João Estrella possuem outra característica em comum: esses personagens experimentaram, na pele, limites e por pouco não afundaram em abismos.

Fiuza, por sua vez, atravessa um turbilhão de emoções neste final de maio. Bussunda, a Vida do Casseta (Objetiva), foi lançado oficialmente na noite da última quinta-feira (20), na Livraria da Travessa de Ipanema, no Rio de Janeiro.

O autor gastou quase toda a carga de tinta de uma caneta autografando exemplares do livro, das 19h às 23h50. O evento foi concorrido: contou com a presença dos "cassetas", de familiares de Bussunda, de personalidades e de muitos curiosos.

Já na manhã do dia seguinte, ele concedeu entrevista, por telefone, para a Gazeta do Povo. Durante 75 minutos, Fiuza falou a respeito de sua profissão, que ele não define como biógrafo nem historiador, mas narrador.

O repórter, ainda quando atuava no Jornal do Brasil e em O Globo, já percebia que, logo em um primeiro encontro com qualquer interlocutor, até para uma matéria cotidiana sobre buraco no asfalto, encontrava o que ele chama de dramaticidade humana.

"Se você me contar a sua vida, vou identificar quais foram os seus naufrágios existenciais, onde e como você superou determinados desafios. Tenho a tendência a perceber o que move você, o que está por trás de muitos aspectos de sua personalidade", diz.

A experiência no jornalismo diário foi fundamental, e decisiva, para a sua futura, e atual, atividade de biógrafo – ou narrador, como prefere. Afinal, mesmo em meio aos limites e prazos apertados dos jornais, ele já radiografava anônimos vítimas de violência, de fenômenos naturais ou mesmo dos impasses recorrentes da realidade.

Ao direcionar o foco em um sujeito famoso, o jornalista apenas se aprofundou ainda mais no ofício de realizar uma reportagem. E, acredita, o segredo da boa aceitação de seus livros se deve ao fato de ele mostrar que, por exemplo, o Bussunda ou o João Estrella são muito parecidos com os Marcelos, as Fabianas ou os Alexandres.

Basta ler qualquer um dos quatro livros de Fiuza para comprovar o que ele diz a respeito da ressonância de suas obras junto ao público.

Bussunda fez tudo para dar errado. Recusava-se a usar aparelhos ortodônticos, não cortava o cabelo, trocava as aulas por sonecas em bancos de praças e, apesar disso, revelou-se um vencedor. O humorista, como a maioria dos humanos, gostava de moleza. Ele podia ter "dado errado". "Mas a vida, que ninguém consegue domar, tem sempre o imponderável", comenta Fiuza.

Apesar de ter se tornado sucesso nacional, Bussunda e os outros seis "cassetas", como fica evidente na biografia, tinham de matar um leão por dia. "E isso os iguala a todos os brasileiros. Não há jogo vencido. É necessário lutar o tempo topo. E isso diz respeito a um sujeito como o Bussunda, por mais contraditório que possa parecer", diz Fiuza.

Bia Saldanha, a personagem centro de Amazônia 20º Andar (Record), é outra personagem que faz o leitor lembrar da expressão "gente como a gente". Inspirada no legado de Chico Mendes, ela ousou implantar em plena selva amazônica uma empresa para desenvolver produtos ecologicamente viáveis, e quase perdeu a razão, a saúde e a própria vida.

Fernando Henrique Cardoso, Pedro Malan e companhia também viram o chão ruir durante a implantação do Plano Real, assunto do livro 3.000 Dias no Bunker (Record). Já a saga de João Estrella é bem mais conhecida: dois milhões de brasileiros viram a adaptação para o cinema do livro Meu Nome Não É Johnny (Record), a respeito da vida de um personagem que era conhecido na noite carioca, mas que foi eternizado pela narrativa de Guilherme Fiuza.

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