• Carregando...
 | J. Egberto/Divulgação - Editora Record
| Foto: J. Egberto/Divulgação - Editora Record

A existência do professor de Filologia Alemã Samuel se reduz às aulas e ao pequeno apartamento onde vive. Na véspera de um ano-novo, a chegada de um gato deflagrará inúmeras transformações. Eis, de maneira sucinta, o resumo do enredo do romance Amor em Minúscula, do espanhol Francesc Miralles. Ele é um dos convidados da 20ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que termina amanhã. A reportagem da Gazeta do Povo conversou com Miralles no estande da Record, que edita o escritor no Brasil.

O protagonista de Amor em Minúscula não foi elaborado ao acaso. "É uma maneira de descrever as pessoas de 30 a 40 anos que vivem em grandes cidades, praticamente isoladas." Do celular às salas de bate-papo na internet, muitos são os canais de comunicação que podem isolar – cada vez mais – os seres humanos uns dos outros. "Parece que está se perdendo o espírito de tribo."

O medo (pânico?) do tête-à-tête aponta para alguns problemas. "Muitas pessoas só olham para dentro de si mesmas. Só reclamam, falam apenas de seus problemas, alegam que o mundo é injusto." E o hábito – recorrente – de mirar somente para dentro, egotrip seguida de egotrip, pode cegar a pessoa em relação ao universo ao seu redor. "O exterior, então, perde a importância para quem só viaja pelo próprio umbigo."

Francesc, forma catalã para Francisco, tem 39 anos e não se considera um sujeito vocacionado para a literatura. "Inicialmente, queria ser músico." Planejava morar em Los Angeles, mas a estrada se fez por meio da palavra escrita, linguagem e papel. Vive em Barcelona. De toda forma, é compositor e pianista na banda Hotel Guru, com álbuns gravados.

A exemplo do protagonista de Amor em Minúscula, Francesc estudou Filologia Alemã. "Mas tinha medo de lecionar." Durante temporadas, foi editor de livros de auto-ajuda. Escreveu obras sob encomenda. Outras surgiram a partir de sua inquietação particular. "Vivo de escrever." Assina artigos no jornal El País. E diz já ter outro romance pronto, ambientado em Paris.

Um mar de névoa

O escritor comenta que a Espanha enfrenta impasse similar ao que se dá nos Estados Unidos. "A fixação consumista dos espanhóis fez com que muita gente comprasse imóveis sem ter dinheiro para pagar." Por outro lado, Francesc observa que a crise financeira – mesmo que isso possa parecer inacreditável – fomenta o mercado editorial espanhol. "Quando se tem dinheiro de sobra, viajam. Sem muito dinheiro, compram livros."

O escritor, que já esteve outras duas vezes no Brasil, conta que os espanhóis, em sua grande maioria, imaginam que o Brasil seja apenas o país do samba e das mulatas. Por sua vez, Francesc analisa que, devido ao crescimento e ritmo de negócios, o Brasil tornará realidade, em breve, aquela profecia e slogan de ser o país do futuro. "É o que muita gente no exterior percebe e sente. Eu também."

O jornalista viajou a convite da 20º Bienal Internacional do Livro de São Paulo.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]