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O último CD de Zé Miguel Wisnik, Indivisível, coloca a canção em evidência, com pouca exploração de arranjos e sonoridades | Renato Stockler/Divulgação
O último CD de Zé Miguel Wisnik, Indivisível, coloca a canção em evidência, com pouca exploração de arranjos e sonoridades| Foto: Renato Stockler/Divulgação

Com ingressos esgotados, Zé Miguel Wisnik se apresenta ao piano na noite de amanhã, no Teatro da Caixa (Veja o serviço completo do show no Guia Gazeta do Povo). Trata-se do primeiro show da série Solo Música, que leva ao palco artistas sozinhos com seus instrumentos – um formato que pede performance e composições ótimas quando o repertório é de canções. O cantor, pianista, compositor, escritor e respeitado acadêmico é um dos artistas capazes de fazer grandes shows do gênero, e sua apresentação na série é oportuna: suas canções serão tocadas próximas à forma como "nascem" ao piano, em arranjos que colocam letra e música no cerne da questão.

Indivisível

Este é justamente o espírito do seu quarto e mais novo disco, o duplo Indivisível, lançado na metade de 2011 e também esgotado, que será a base do show. "É um disco de canções nuas. Mesmo quando tem os instrumentistas convidados, sempre presentes ali, os instrumentos estão quando as canções os pedem como indispensáveis", disse Wisnik, por telefone, à Gazeta do Povo. Um dos CDs, aliás, é conduzido justamente pelo piano do músico, que gravou parcerias com tradicionais parceiros como Luiz Tatit, Alice Ruiz e Guinga, além de novos como Marcelo Jeneci e ilustres como Gregório de Matos. O outro tem o violão de Arthur Nestrovski como instrumento central, e traz composições de Wisnik sobre poemas de Fernando Pessoa e Carlos Drummond de Andrade, além de parcerias como Jorge Mautner e Chico Buarque – que, em "Embebedado", quem diria, teve sua música letrada por Wisnik. Entre as 25 canções, 17 são inéditas. "Algumas já tinham sido gravadas ou por mim ou por outros. As que regravei, fiz porque, no violão, ganharam uma coisa nova, como é o caso do ‘Tempo sem Tempo’ e ‘Anoitecer’", diz Wisnik. "E aquelas que apresentei em formato piano solo – ‘Cacilda’ e ‘Se Meu Mundo Cair’ – fiz porque não tinha uma gravação minha, com o meu jeito de cantar", diz. "Eu queria registrar a canção ali, pelo compositor ao piano."

A ausência de maiores explorações sonoras, embora em arranjos e timbres impecáveis, coloca o disco na "contramão" da principal tendência da chamada nova música brasileira, caracterizada justamente pelo protagonismo das sonoridades e "lagoas sonoras", como define Wisnik. "Uma coisa a se fazer no mundo é manter a diversidade, ou seja, não aceitar que as coisas se tornem unívocas", diz. "O que não quer dizer que será assim no próximo. Aliás, quero explorar muitas camadas sonoras, fazer um disco diferente disso. Mas, no momento, o show em Curitiba só com o piano cai bem com o momento", diz Wisnik.

O músico diz também brincar de trafegar por outros caminhos ao lançar um disco duplo que teima falar em indivisibilidade em tempos de álbuns mais curtos e fragmentados pelos hábitos de escuta que vieram com a internet. "Eu queria que o disco fizesse efeito aos poucos, no sentido de que são várias escutas. Ele vai dando esse efeito, vai fazendo sentido, e a pessoa se acostuma com ele através dessa convivência", diz.

Serviço:CD Indivisível. Zé Miguel Wisnik. Independente (Selo Circus). Preço médio: R$ 34,90. MPB.

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