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As gerações mais novas podem não se lembrar, mas Mel Brooks era sinônimo de grandes comédias nos anos 60 e 70. Criador da série Agente 86, ele também apresentou nesse período filmes como Alta Ansiedade, O Jovem Frankestein e Primavera para Hitler – por este último, recebeu o Oscar de melhor roteiro. Nos anos 80 e 90, Brooks teve uma boa decaída na carreira, realizando comédias irregulares, tendo seu melhor momento com Spaceballs, divertida sátira à série Guerra nas Estrelas.

O grande retorno do diretor aconteceu em 2001, quando produziu na Broadway uma versão de The Producers (título original de Primavera para Hitler), musical dirigido por Susan Stroman, que arrebatou 12 Tonys (o principal prêmio do teatro dos EUA). O sucesso da montagem foi tão grande que Brooks acabou não resistindo ao apelo hollywoodiano do remake. O resultado é a comédia musical Os Produtores, principal estréia nos cinemas do país neste fim de semana e um das produções cotadas para indicações a várias categorias do Oscar 2006 (acaba de ser nomeada a quatro Globos de Ouro).

O filme é estrelado pela dupla que brilhou nos palcos de Nova Iorque: Nathan Lane e Matthew Broderick, que vivem respectivamente os impagáveis Max Bialystock e Leo Bloom (interpretados por Zero Mostel e Gene Wilder na versão original). A direção é da mesma Stroman, que estréia no cinema, e a produção, roteiro e canções ficam a cargo de Brooks.

A história se passa nos anos anos 50. Max, outrora produtor de peças de sucesso, lança um fracasso após o outro na Broadway. A solução para seus problemas financeiros está numa idéia de seu neurótico contador, Leo, que descobre que um fracasso de bilheteria pode gerar mais dinheiro para o produtor que um sucesso.

A dupla decide então montar a pior peça da história, que seria cancelada logo após a estréia, permitindo que os produtores ficassem com todos os recursos arrecadados para a produção. O texto escolhido é o inacreditável Primavera para Hitler, uma ode ao ditador alemão feita por um amalucado militante nazista chamado Franz Liebkind – interpretado com maestria pelo não menos louco Will Ferrell. A direção é passada a um diretor pirado chamado Roger de Bris (Gary Beach). Tudo certo para o desastre, mas as coisas não funcionam exatamente como o planejado e Primavera para Hitler se torna o maior sucesso, colocando em apuros Bialystock e Bloom.

A nova versão é mais delirante que a anterior, como pede um musical. As referências ao mundo gay são mais explícitas – na trama, a peça só dá certo porque, de última hora, o diretor assume o papel principal e transforma tudo numa sátira, com Hitler virando uma louca desvairada.

Acompanhar um musical realizado no estilo tradicional (Moulin Rouge e Chicago, recentes sucessos, são mais contemporâneos, inovando o gênero) exige um pouco mais do espectador atual de cinema, acostumado às tramas mais realistas. Sim, em Os Produtores, os personagens começam a cantar de uma para outra, pela sala, rua ou onde mais estiverem. Por isso, é preciso um pouco de desprendimento para entrar na viagem proposta pelo filme. Dessa forma, é possível curtir melhor alguns das boas seqüências coreografadas e cantadas da fita, principalmente os protagonizados pelo ótimo Nathan Lane. A trama perde o pique em alguns momentos, mas, no geral, a diversão é garantida. GGG

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