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Linguagem documental dará o tom ao programa, que tem direção do premiado cineasta João Jardim | Divulgação/Heloisa Passos
Linguagem documental dará o tom ao programa, que tem direção do premiado cineasta João Jardim| Foto: Divulgação/Heloisa Passos
  • Cotidianos de famílias como a de Cris Correa e Flávio Ramos, que uniram os filhos de casamentos anteriores, estarão na série

Lares com duas mães, dois pais ou com casais que agregam os filhos de casamentos anteriores. As novas configurações de família estão cada vez mais presentes na sociedade e gerar uma reflexão sobre o fenômeno é o que propõe a série Novas Famílias, que estreia amanhã, no canal pago GNT. Dirigida pelo premiado documentarista João Jardim, o programa trará a história de nove famílias, gravadas durante dois meses. "A série joga luz sobre algo muito rico, que é se propor a não ter medo. De entender que tudo pode ser bom quando a gente quer trocar afeto com as pessoas", disse Jardim em entrevista por telefone à Gazeta do Povo. Além da série, o documentarista falou sobre outros trabalhos e a indicação de Lixo Extraordinário (codirigido por ele) para a categoria de melhor documentário no Oscar do ano passado. Leia os principais trechos da entrevista:

Quais histórias poderão ser conferidas em Novas Famílias?

São lares não tradicionais. Tem desde um pai de 50 anos que quer ser pai novamente, até mulheres que resolvem ter fi­­lhos com um doador anônimo, como é o caso do casal Mariana e Paula, que tiveram dois bebês e as duas amamentaram as crianças. É algo novo, mas já estabelecido.

Foi isso que você sentiu fazendo o programa? Há uma aceitação maior?

No caso dessa família homoafetiva, elas desejaram muito ter filhos. Mas, claro, existe uma preocupação. Também mostramos um casal de homens que adotou um menino e, na verdade, o receio maior deles é em relação ao futuro, de como os filhos, depois de crescidos, serão recebidos pela sociedade. A função da série é mostrar que precisamos receber bem essas crianças.

Você é documentarista. Essa estética foi mantida na série?

A ideia era a de fazer um programa de televisão com uma linguagem realista, mostrar o cotidiano dessas pessoas e interferir o mínimo possível. Sempre tentávamos gravar quando tinha algo acontecendo dentro das casas. Queremos que o espectador reflita que a família hoje é muito mais do que a gente imagina.

Parece que você ficou bastante envolvido com os relatos. Tem algum em especial que lhe emocionou mais?

Não dá para dizer qual é o meu preferido, é que nem filho! (ri­­sos). Mas, eu acho que é especialmente comovente a história do Marcelo e do Edu, o esforço que eles tiveram para adotar uma criança, o Manoel. Envolveu muita dedicação.

Seu primeiro longa-metragem, Janela da Alma (que traz depoimentos de pessoas com alguma deficiência ou limitação visual, como o escritor José Saramago e o músico Hermeto Pascoal) foi muito premiado e reconhecido pelo público. É verdade que a ideia surgiu por conta da sua miopia?

Tudo começou dessa maneira, da ideia de tirar os óculos e ver o mundo de maneira diferente. Depois, se ampliou. Foi um trabalho de seis anos, com muita pesquisa. É um filme que fala de algo comovente, traz informações sobre nossa percepção de mundo. Não prestamos muita atenção na interferência do sentido da visão nas nossas vidas.

Você foi codiretor do documentário Lixo Extraordinário (coprodução de Jardim e Karen Harley com a diretora britânica Lucy Walker), que foi indicado ao Oscar de melhor documentário no ano passado. Co­­mo foi essa experiência, já que sempre há uma torcida muitogrande no Brasil por uma estatueta?

Eu adorei a indicação e a festa. Nossa intenção era mostrar o que era mais interessante no meio do lixo (o documentário fala sobre o trabalho do artista plástico Vik Muniz com catadores de material reciclável em um dos maiores aterros do mundo, o Jardim Gamacho de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense). É uma reflexão sobre o ser humano, e creio que isso gerou o encantamento pelo filme. Mas o Oscar é uma festa americana e Los Angeles vive em torno do cinema. Para você ter uma ideia, eles fecham algo parecido com 20 quarteirões no dia. É o que garante o emprego de muita gente. Essa vitória de O Artista (ga­­nhador das principais categorias na premiação deste ano, que ocorreu no último fim de semana) é muito interessante, pois vai contra essa ideia.

Serviço:

Novas Famílias. Estreia amanhã, às 22 horas, no canal pago GNT.

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