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| Foto: Philipp Guelland/Reuters

Berlim - A ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura de 2009, Herta Müller, disse que o fato de ter crescido na Romênia comunista a compeliu a escrever sobre como os ditadores são capazes de dominar um país.

Ao anunciar o prêmio de US$ 1,4 milhão para Herta, no começo do dia, a Academia Sueca disse que ela, "com a concentração da poesia e a franqueza da prosa, retrata a paisagem dos despossuídos." Nascida na Romênia, mas de etnia alemã, Mueller é conhecida por obras como A Terra das Ameixas Verdes, que ela dedicou a amigos mortos durante as duas décadas da ditadura de Nicolae Ceausescu na Romênia, e Heute Wär Ich Mir Lieber Nicht Begegnet, em que uma romena costura recados dizendo "Case Comigo" nos ternos de homens que partem para a Itália. No Brasil, a editora Globo lançou O Com­­promisso.. "Minha escrita sempre tratou de como uma ditadura surge, como uma situação pode ocorrer em que um punhado de pessoas poderosas dominam um país e o país desaparece, e só resta um Estado", disse Herta. "Acho que a literatura sempre emerge de coisas que fizeram dano a alguém, e há um tipo de literatura em que os autores não escolhem seu assunto, mas lidam com um que lhes foi lançado – não sou a única escritora assim."

Herta disse a jornalistas em Berlim que tinha certeza de que jamais ganharia o Nobel. "Não sou a vencedora, meus livros são; eles são obras concluídas, e não eu, não eu pessoalmente", disse a escritora de 56 anos. "Ainda não consigo acreditar, ainda não caiu a ficha. Não esperava, tinha certeza de que não iria acontecer. Ainda não consigo falar nisso, é cedo demais, acho que ainda preciso de tempo para perceber o que significa."

Sua obra sensível e esclarecedora reflete a intolerância e a dureza da vida sob o regime de Ceausescu, derrubado e executado em 1989. Ela deixou a Romênia em 1987, com o marido, Richard Wagner, e hoje vive em Berlim, na Alemanha. "Este país me salvou. Quando cheguei, em 1987, pude finalmente respirar," afirmou. "E quando a ditadura caiu, senti que não estava mais ameaçada. Eu me sinto livre no presente, e as coisas que aconteceram não foram canceladas, estão na minha cabeça. Só tenho uma cabeça –essa que levo por ai– e ela contém tudo aquilo com que cheguei a este país."

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