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Esperando Godot, com Mauro Zanatta e Rosana Stavis | Gilson Camargo/Divulgação
Esperando Godot, com Mauro Zanatta e Rosana Stavis| Foto: Gilson Camargo/Divulgação

Qual a relação do Brasil com a comédia?

No Brasil sempre fizeram mais comédia, o que é natural, porque ainda é uma sociedade muito em formação. Não tem maturidade. As tragédias só apareceram nas sociedades mais antigas, muito maduras. A gente tem comédia de costumes, que é o que tem grande tradição.

Poderia citar autores do gênero?

Muitos escreveram sobre nossa sociedade em análises não profundas, mas que retratam o que está acontecendo, desde Martins Pena [1815-1848].

Nossa relação com a comédia é maior que a de outros países?

Não, em todo lugar é a mesma coisa. Agora já temos coisas importantes, como a dramaturgia de Nelson Rodrigues. Mas antes, as pessoas reclamavam que não havia drama, dramaturgia séria. Quer dizer, todo mundo gosta de Machado [de Assis], mas o que ele escreveu é a sociedade leve, maravilhoso... e quando se faz isso no teatro, acham que é pouco. Porque famosas são as tragédias. Mas a comédia, de costumes e de caráter, pode ser muito boa também.

É mais comum ver algo pretensioso no drama?

Não acho que eventualmente escrever drama seja sinônimo de reflexão mais séria, mais profunda. Depende do ponto de vista do autor, as circunstâncias dele, o que ele vê.

O que pensa do momento que vive o teatro brasileiro?

A ditadura parou a dramaturgia brasileira. E de repente, apareceu um "besteirol", como todo mundo chama, mas ele trouxe o público de volta. Foi um momento. Depois disso, surgiram coisas como a trilogia autobiográfica de Mauro Rasi... E está sendo muito difícil, mas nos últimos dois anos tem aparecido muitos autores novos. E isso é uma coisa muito boa.

Pode citar algum?

Tem vários, não quero fazer injustiça, porque não sei o nome dos de São Paulo. Comédia não é para dar gargalhada. É no sentido de retrato social. Drama não vejo aqui... mas está havendo retratos da sociedade em que vivemos. Realmente, aparece muita coisa interessante.

Ainda é um prazer para a senhora ir ao teatro?

Nem sempre, mas muitas vezes.

A senhora é estudiosa de Shakespeare. Como ele conseguiu escrever, na virada do século 17, conteúdos que ainda hoje fazem rir?

Ele não escreve para dar risada, e sim um sorriso inteligente. Não é a gargalhada boba. São gêneros diferentes.

Show de humorista é teatro?

Não é a linha mestra do teatro, show é outra coisa.

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